Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares e Rede “Territórios Amazônicos” promovem oficinas “Ciência e Vozes da Amazônia”

O desenvolvimento sustentável de comunidades tradicionais está no foco de diversos debates relativos à justiça climática e a outras problemáticas. O Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (Ineaf) reconhece a importância dessa temática e colabora com ações importantes como o debate “Ciência e Vozes da Amazônia”, promovido pela Rede “Territórios Amazônicos”.

“Esta é uma rede de pesquisadores brasileiros e franceses, uma relação construída há um bom tempo em que o Ineaf protagonizou a construção dessa relação e, desde os anos 90, vem desenvolvendo essa parceria”, pontua o professor do Ineaf/UFPA Edfranklin Moreira da Silva. “Desde 2017, surgiu a ideia de ampliar a rede, e, nessa perspectiva de ampliação, a gente foi dialogando com os parceiros da Pan-Amazônia, colegas da Colômbia, Peru, Equador e também Guiana Francesa, já que tem essa relação com os franceses, para podermos pensar uma rede de pesquisa na Amazônia”.

Com base em um processo avaliativo das atividades realizadas por esses pesquisadores, a rede planejou diversas oficinas, sendo a primeira delas a  “coconstrução de um plano de ação regional, operacional e científico da rede de pesquisa franco-brasileira para o desenvolvimento dos territórios amazônicos”, que visa pensar um planejamento da rede, com a colaboração de pesquisadores de várias instituições e universidades e conta com tradução simultânea para os participantes estrangeiros.

“A ideia é buscar nos reconhecermos nas temáticas de pesquisa e nas iniciativas, pois já temos vários projetos em parceria, e tentar nos reconhecermos nesse processo para construirmos essa identidade da nossa rede de pesquisadores que está se ampliando cada vez mais”, ressalta o professor Edfranklin.

A oficina é considerada pelos organizadores uma continuação de uma série de outras oficinas que começaram em Guaviare, cidade na Colômbia, onde os pesquisadores começaram a construir a prospecção dos objetivos da rede e o fortalecimento do planejamento do projeto.

“Do ponto de vista de pensar essa articulação pan-amazônica, os países inseridos nela têm problemas similares, então analisamos como a gente, em rede, consegue trabalhar soluções para essas questões”, aponta o professor, em relação à importância da parceria entre a Amazônia brasileira e os outros países desse eixo.

“Em Guaviare, vimos que a questão da pecuária é muito similar à nossa questão aqui: uma paisagem dominada por pastagens e toda uma questão relacionada à questão fundiária e dos camponeses”, relembra Edfranklin, que observou que os sujeitos com quem o Ineaf trabalha, especialmente os camponeses, agricultores familiares, quilombolas, povos e comunidades tradicionais, têm problemas semelhantes com grandes projetos que ameaçam seus territórios e como esses sujeitos vêm desenvolvendo soluções em seus territórios por meio de produções biodiversas, como quintais agroflorestais e agroflorestas.

Para o organizador da primeira oficina, o pesquisador francês do Agricultural Research for Development (Cirad), instituto de pesquisa francês que atua em parceria com a UFPA, e também da Universidade Federal do Oeste do Pará, em Santarém (Ufopa), Arthur Perrotton, a importância desse evento está em trazer novos projetos e pessoas para a ampliação da rede.

“Eu fiz, com colegas acadêmicos, um total de seis a sete oficinas de Antecipação com uma variedade de comunidades ribeirinhas no Pará, um assentamento em Paragominas, uma comunidade indígena em Tapajós, entre outros, e cada vez pergunto a essas pessoas o que seria um futuro desejável para você”, recorda o pesquisador, que, por meio de uma dinâmica da oficina, discutiu “aspirações” diferentes para as comunidades tradicionais, as quais variam entre inclusão da juventude, autonomia, empoderamento, segurança socioambiental, pertencimento e identidade, entre muitas outras.

Com a colaboração dos demais acadêmicos, Perrotton espera analisar, com essa oficina, de forma coletiva, as ações que já foram realizadas e melhorar a programação científica e a ação territorial dos membros da rede. “Estou escrevendo  um tipo de cartilha para cada oficina, com uma explicação da metodologia de uma maneira que a comunidade possa usar de novo, com o objetivo da oficina, a metodologia e o resultado, de uma maneira operacional”, complementa o pesquisador sobre o objetivo final, que é democratizar o conhecimento e ser um processo participativo e de contribuição para as comunidades tradicionais.

TEXTO: Tahis Cristine - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Vinicius Gonçalves - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 2 - Fome Zero e Agricultura SustentávelODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do ClimaODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação

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