O Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (Iced/UFPA), em parceria com a Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer), tem intensificado as suas ações de internacionalização na última década, especialmente com países africanos e sul-americanos. Desde 2017, ano em que as políticas de internacionalização tiveram início no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED), os planos de cooperação vêm trazendo uma série de benefícios para a instituição, tanto para os docentes quanto para os estudantes.
“Os projetos internacionais são resultado do trabalho conjunto entre pesquisadores, pós-graduandos do PPGED e seus pares de outros países, formando redes colaborativas de pesquisa internacionais. Isso tem gerado publicações em veículos internacionais e coautorias com pesquisadores estrangeiros do PPGED”, afirma Waldir Abreu, coordenador-adjunto do programa.
Entre os programas de internacionalização desenvolvidos no Iced, destacam-se três redes colaborativas, todas estabelecidas com países do Sul Global: a “Rede Pensamento Educacional, Práticas Pedagógicas e Culturas Escolares na América Latina”, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); a “Rede Colaborativa Juventudes, Culturas Marginalizadas E Agência: diálogos Brasil-Moçambique e Educação Antirracista”, financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); e a Rede Colaborativa Internacional “Formação de Professores/as na Tríplice Fronteira Amazônica Brasil-Peru-Colômbia: decolonialidade, interculturalidade crítica e ação participativa”, também com financiamento do CNPq e protagonizada pelos docentes permanentes e pós-graduandos do PPGED.

“A aproximação acadêmica com países da América do Sul ajuda na ampliação de acordos de cooperação da UFPA com as universidades latino-americanas e coloca em debate semelhanças e diferenças entre o sistema de educação brasileiro e os sistemas dos demais países do continente, o que nos ajuda a compreender a situação social, política e educacional da realidade do Brasil num contexto mais amplo”, acrescenta o professor Wladir Abreu.
Segundo ele, as parcerias com o Sul Global em projetos de pesquisa e de missão de estudos foram estabelecidas como metas para o quadriênio 2017-2020 do PPGED e foram tão bem-sucedidas que continuam em vigor. Atualmente, 25 estudantes estão em intercâmbio com Moçambique em um projeto financiado pela Capes, além de docentes e estudantes que seguem em missão de estudos com México, Colômbia, Argentina e Cuba.
Internazionalização e educação antirracista – Para Lúcia Isabel, professora da UFPA e coordenadora do Projeto de Intercâmbio com Moçambique, professores(as), estudantes e a própria universidade como um todo se beneficiam da troca de conhecimentos e dos diálogos interculturais estabelecidos com outros territórios no Sul Global, especialmente com o continente africano. “Enriquecemos nossas pesquisas, ampliamos nossas percepções e visões de mundo; construímos conhecimentos em rede. Compreender melhor a África é, para nós, compreender parte da nossa história e compreender um conhecimento que nos tem sido negado até hoje. É refazer percepções ou imagens de uma África primitiva ou tribal, que são as imagens que o conhecimento eurocêntrico construiu e disseminou”, enfatiza a coordenadora.

É o que diz também a discente Eliana Ribeiro, intercambista do PPGED: “A minha experiência em Moçambique foi maravilhosa, intensa, o aprendizado por meio dessa imersão foi marcante, único.” Graças às políticas de internacionalização do instituto, a estudante de pós-graduação passou seis meses no país africano. “Conhecer parte da minha ancestralidade me fortaleceu como mulher preta. Eu vejo essa minha viagem como um movimento sankofa: de ir até os meus antepassados e aprender com eles para que eu possa ressignificar o meu futuro e o meu presente na luta antirracista. Então, como professora de História, eu me sinto extremamente agradecida por tudo que eu vivi, pela oportunidade que eu tive na universidade pública”, conta.
Durante a viagem, Eliana pôde mergulhar na cultura local e teve a oportunidade de conversar com intelectuais moçambicanos renomados, como Paulina Chiziane e Mia Couto, ambos vencedores do Prêmio Camões de Literatura, além de conhecer técnicas artesanais e culinárias, como a do preparo de badjas, salgados populares no país. Ela também frequentou a Universidade Pedagógica de Maputo, na capital do país, onde apresentou a sua pesquisa “Entre Bacabas e Capulanas: Interconexões para uma educação antirracista no ensino básico em Macapá” e participou de diversas festividades locais, como o Festival de Marrabenta, que celebra a música moçambicana.
Próximas edições – O próximo edital do Projeto “Juventudes, Culturas Marginaluzadas E Agêmcia: diálogos Brasil-Moçambique e Educação Antirracista” será lançado em janeiro de 2026, com a previsão de ida do primeiro grupo de intercambistas para junho de 2026. As informações para inscrição serão publicadas no site do PPGED e nos sites das outras universidades parceiras. As vagas são restritas aos discentes e aos docentes dos programas de pós-graduação parceiros.
Além dos projetos que enviam estudantes brasileiros para terras estrangeiras, o PPGED também está entre os Programas de Educação que mais receberam estudantes estrangeiros para doutorado e mestrado sanduíche do Edital Move Lá América, uma política de financiamento da Capes que permite aos intercambistas de outros países realizarem estágio, pesquisas, atividades de extensão e, eventualmente, cursarem disciplinas em Programas de Pós-Graduação (PPG) de Instituições de Ensino Superior (IES), Institutos Federais e Institutos de Pesquisa brasileiros.

