Instituto de Ciências Sociais Aplicadas sedia encerramento de cursos sobre mudanças climáticas e mobilidade humana

O Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) recebeu, na última sexta-feira, 14, o encerramento do III Curso de Extensão sobre Mudanças Climáticas, Desastres e Mobilidade Humana, atividade realizada diretamente da cidade sede da COP 30.  Após percorrer todas as regiões e os biomas brasileiros, como resultado do processo formativo, foi apresentado o documento “Mudanças Climáticas e Mobilidade Humana: Reflexões Éticas na COP 30”, formado por trilhas de debates e reflexões resultantes dos encontros e dos cursos extensivos do projeto.

Participaram do encerramento representantes do governo, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pesquisadores de diferentes universidades e membros da academia, representantes da Cúpula dos Povos e populações afetadas. O evento contou também com a presença da vice-reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro.

“A Universidade Federal do Pará, neste momento, é um dos territórios da COP 30, mobilizando pautas que são fundamentais para o desenvolvimento do nosso país e para o avanço da justiça socioambiental. Este é um trabalho coletivo que nos deixa muito felizes, especialmente quando nós temos a participação não apenas da nossa comunidade, mas também de pesquisadores e docentes de outras instituições, sempre com uma perspectiva de que a educação é um projeto coletivo e que se faz por meio dessa articulação entre instituições”, disse Loiane Prado Verbicaro na abertura do evento, destacando o papel da UFPA no cenário da COP 30 e o compromisso da Universidade com políticas de inclusão, acolhimento e cooperação interinstitucional. 

A vice-reitora falou, ainda, sobre o compromisso da Universidade de fomentar o ingresso de pessoas apátridas, refugiadas e imigrantes na instituição. “Uma universidade precisa cumprir a sua função social, a sua função humanitária e também aprender com as distintas experiências, histórias, vivências e realidades. Nós contamos, cada vez mais, com essa parceria, com o diálogo e a construção coletiva das próprias condições de possibilidade de permanência estudantil para que aqui encontrem um lugar de acolhimento e de formação que seja importante para os processos de transformação da realidade social. Então, o nosso compromisso na UFPA é com a excelência acadêmica e com a inclusão social de grupos vulnerabilizados”, concluiu.

O professor Ari Loureiro, do Icsa/UFPA e assessor de Gabinete da Reitoria, ressaltou a dimensão global do deslocamento forçado e a urgência de políticas públicas inclusivas. “A base de dados da Acnur registra que, em junho de 2025, já existiam 117,3 milhões de pessoas deslocadas, de forma forçada, no mundo. Cada deslocamento envolve histórias, vidas e territórios impactados. Precisamos garantir direitos sociais e apoio a essas populações”, reforçou o professor. “Esperamos que nós possamos, realmente, como universidade aqui trabalhando com todo um coletivo de formação, cumprir a nossa missão de ciência na Amazônia, de entendermos estratégias de apoio às políticas públicas para que elas sejam dirigidas de forma inclusiva e participativa”, finalizou.

Para Flávia Cristina Silveira Lemos, coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da UFPA, as cátedras surgem com a missão de fazer uma mediação entre as universidades e a Acnur, sobre as realidades de pessoas em refúgio e em deslocamento forçado por diferentes motivos, como o tráfico de pessoas, a exploração sexual internacional, pessoas em situação de exílio/apátridas, por perseguição política, perseguição religiosa, crises climáticas, entre outros.

“As cátedras são uma articulação política de várias organizações e têm essa missão de mediar a garantia de direitos dessas pessoas, com o apoio das universidades. No caso da UFPA, nós já tivemos o primeiro Edital Migre e teremos o segundo no próximo semestre, que é um tipo de ingresso específico pelo processo seletivo especial dessas pessoas na Universidade”, comentou a coordenadora, informando também sobre os diversos outros serviços prestados pela cátedra, como cotas em editais de pós-graduação, bolsas de auxílio permanência, ações específicas de acolhimento psicossocial, entre diversas outras.

 “Esta é a atividade de culminância aqui presencial, em que nós, simbolicamente, entregamos o relatório com as trilhas, produzidas em cada região. Essas trilhas eram indicadores e propostas, para que a gente pudesse sintetizar e entregar aqui para os líderes das 195 delegações aqui, na COP 30”, concluiu a organizadora.

Representando o Acnur no Brasil, Davide Torzilli reforçou que a crise climática tem intensificado os desastres, os deslocamentos e as vulnerabilidades. “Nos últimos anos, temos visto um aumento de desastres em termos de número, de quantidade, mas também da intensidade desses desastres, o que vem impactando o deslocamento forçado ao redor do mundo e um aumento da necessidade de proteção de populações que são afetadas por esses desastres”, pontuou o representante da ONU. 

“Estamos vivendo em um mundo onde as pessoas mais vulneráveis estão sendo impactadas por vários fatores, desde situações de pobreza, de fome, crise climática até situações de violência, conflitos e guerra, então o foco do nosso debate é de como levar as vozes das pessoas mais afetadas nessas discussões até aonde se tomam as decisões: pessoas que são mais impactadas têm que ser vistas, ouvidas e incluídas”, finalizou Davide Torzilli. 

TEXTO: Tahis Cristine - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do ClimaODS 16 - Paz, Justiça e Instituições EficazesODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação

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