Integração Pan-Amazônica marca abertura de evento sobre Sociobioeconomia e Biodiversidade no Oiapoque (AP)

Com uma solenidade marcada por simbolismo e integração transfronteiriça, nesta terça-feira teve início o evento “Sociobioeconomia e Biodiversidade na Pan-Amazônia Oriental”, que reúne autoridades, pesquisadores, lideranças indígenas e representantes de comunidades do Brasil e da Guiana Francesa. A programação – que tem o financiamento da Iniciativa Amazônia+10 e da Embaixada da França no Brasil – conta com apoio do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, lançado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e se estende até o dia 18 de setembro, em diferentes espaços no município do Oiapoque (AP).

A cerimônia de abertura foi realizada no auditório do Fórum da Comarca de Oiapoque, com a execução dos Hinos Nacionais do Brasil e da França, marcando o tom binacional do encontro. A mesa oficial contou com representantes de instituições-chave de ambos os lados da fronteira, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Amapá (Unifap), o Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá (FAPEAP), a Université de Guyane (Universidade da Guiana Francesa) e o Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA).

“Este evento é mais do que um encontro acadêmico: é um marco na cooperação entre povos, saberes e instituições da Pan-Amazônia”, destacou o professor da UFPA Leandro Juen, durante a abertura oficial.
O workshop foi contemplado no âmbito da chamada de workshops trilaterais da Iniciativa Amazônia+10 junto à Embaixada da França no Brasil e ao CFBBA. “É fundamental reforçar essa cooperação com o Brasil, em particular com os estados da fronteira: Pará, Amapá, Amazonas e Roraima, que compartilham não apenas a biodiversidade da Amazônia, mas também desafios sociais, econômicos e ambientais semelhantes”, pontua Nadège Mézié, do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA).

Conferências – A programação do primeiro dia de evento foi dedicada a duas conferências que apresentaram os conceitos-chave do seminário, com destaque para a construção colaborativa de soluções entre Brasil e Guiana Francesa. A primeira teve como foco a sociobioeconomia de base comunitária, com ênfase na autonomia territorial, no papel do conhecimento tradicional e na valorização dos modos de vida locais, e com a participação de pesquisadores como Danielle Wagner (Ufopa), Marcos Antônio (Ufra) e Nathalie Cialdella (Cirad), que compartilharam experiências e reflexões que reforçam a importância da ciência comprometida com os povos da floresta.

Já a segunda conferência abordou a inovação sociobioeconômica como caminho para agregar valor, promover escala e fomentar a industrialização sustentável na região amazônica. Hervé Rogez (UFPA) e Marcos Antônio Souza dos Santos (Ufra) e Eric Lafontaine apresentaram iniciativas em andamento e apontaram desafios para tornar esse modelo mais robusto e replicável.

Durante a tarde, a discussão avançou para temas relacionados a serviços ecossistêmicos, destacando experiências bem-sucedidas de manejo florestal comunitário, programas de pagamento por serviços ambientais (PSA) e cooperação transfronteiriça em conservação ambiental.

“Este é um momento importante, de apresentação de resultados de pesquisa, mas também de fortalecimento de redes e de ampliação de parcerias com a gestão pública”, frisou o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá (Fapeap), Gutemberg de Vilhena Silva, ao destacar a importância do evento como espaço para a apresentação de resultados, o fortalecimento das redes e a ampliação de parcerias com a gestão pública.

Diversidade – Para enriquecer o debate, a programação reúne representantes de diferentes grupos sociais, incluindo lideranças indígenas, docentes, organizações sociais, gestores ambientais e membros de organizações francesas, com destaque para os saberes locais na conservação ambiental, mediante o atual cenário de mudanças climáticas, o avanço do garimpo ilegal e a exploração de petróleo e gás.
“Apoiamos integralmente as iniciativas que nascem desse tipo de encontro, que fortalecem redes de cooperação, constroem capacidades locais e apontam caminhos para decisões mais enraizadas na realidade dos territórios”, afirmou o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, durante a sua participação.

Para o professor Otávio Landim, diretor do Campus Binacional do Oiapoque (Unifap), o encontro se caracteriza como um espaço de grande relevância para a aplicação de conhecimento em ações coletivas que visem ao desenvolvimento da região. “É um momento que marca um conjunto de discussões necessárias para o avanço e fortalecimento da educação com a implementação de novas tecnologias e para o empoderamento social na escuta das comunidades tradicionais, indígenas ribeirinhas, quilombolas, dentro desse processo de construção do conhecimento sendo efetivado pelos amazônidas”, pontuou.

A participação de membros da Agência Regional de Saúde da Guiana (ARS) e do Parque Amazônico da Guiana demonstra, ainda, a integração de políticas ambientais e sociais entre Brasil e França, valorizando a fronteira como espaço de cooperação e inovação.

TEXTO: Ana Teresa Brasil - Ascom Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

FOTOS: Ascom Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

Leia também

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Email
Print
Pular para o conteúdo