Com o objetivo de fortalecer a memória das lutas e resistências camponesas no Brasil, ocorrerá, entre os dias 25 e 28 de abril, a III JURA: Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária. A ação vai se dar em diversas instituições de ensino superior do Estado, entre elas a UFPA. A participação é gratuita e a programação pode ser conferida aqui.
O evento é voltado para docentes; estudantes; servidores das universidades; lideranças de movimentos, organizações sociais e sindicais do campo e da cidade e também de organizações públicas e não governamentais; como também para qualquer pessoa interessada na temática da ação. Durante a jornada, haverá palestras, mesas-redondas, debates, exposições e atividades culturais (programação completa de Belém e Cametá).
O professor Salomão Hage, um dos integrantes da coordenação da JURA 2018, explica que a jornada é uma ação em que os movimentos sociais camponeses ocupam as universidades públicas do Brasil. “Esse espaço tem sido disputado pelos povos e pelas comunidades tradicionais e camponesas para contribuir com o reconhecimento da importância das lutas pela reforma agrária como estratégia para fortalecer um projeto anticapitalista de sociedade”, afirma o professor.
Ação Multicampi – A JURA 2018 também ocorre em múltiplos campus universitários da UFPA, UEPA e IFPA. No Campus Universitário do Tocantins – UFPA/Cametá, a Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária ocorrerá nos dias 25 e 26 de abril, com uma programação voltada especificamente para a realidade da região, além de oficinas e minicursos com temáticas diversificadas.
A ação visa ampliar o diálogo entre os movimentos sociais, a universidade, as escolas do campo e a sociedade civil, para traçar estratégias de enfrentamento aos desafios na educação do campo, de demarcação de terras de acampados, povos e comunidades tradicionais, de produção de alimentos saudáveis e de construção de um projeto popular para o Brasil.
Este ano, a jornada também contará com um dia de Vivência de Campo que ocorrerá no Assentamento João Batista, de Castanhal, a fim de conhecer e afirmar práticas produtivas de base agroecológica protagonizadas pelos camponeses como expressão da materialização da reforma agrária. Haverá uma lista de inscrição que circulará durante a programação da JURA. Será cobrada uma taxa de R$20,00 para as despesas com almoço no assentamento.
Campanha Nacional – Durante as JURAs, serão arrecadados livros para serem entregues às crianças durante o I Encontro Nacional das Crianças sem Terrinha, que será em Brasília, entre 21 e 24 de maio. Haverá um posto de coleta no local de cada programação. O encontro pretende reunir 1000 participantes e a meta da campanha é de entregar quatro livros para cada criança, devendo conseguir arrecadar 4000 livros.
Importância da ação – As JURAs são realizadas durante o mês de abril, quando ocorreu o massacre de Eldorado de Carajás, em 1996, como parte das atividades de luta que integram o "Abril Vermelho", protagonizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O professor Salomão Hage aponta que as ações buscam chamar atenção para os acontecimentos no campo, como: massacres, chacinas e morte de camponeses e lideranças de povos tradicionais; criminalização dos movimentos sociais e extermínio de defensores de direitos humanos; depredação da natureza com aumento do desmatamento e uso abusivo de insumos químicos e agrotóxicos; além da expulsão dos povos do campo de seus territórios.
“A jornada também é importante para celebrar a vida, a resistência e as conquistas das lutas camponesas e dos povos tradicionais no Brasil, que, por meio de suas práticas de trabalho e culturais, alimentam a população brasileira, material e simbolicamente, fortalecendo os processos de construção de uma sociedade igualitária, que valoriza as diferenças e defende a natureza e os seres humanos contra as investidas dos processos de mercantilização da vida e da sociedade”, declara o professor.
Resultados – As edições da JURA vêm contribuindo para levantar o diálogo sobre as questões relacionadas aos movimentos camponeses, seu reconhecimento social e sua inserção no meio acadêmico. Como resultado, as ações têm ganhado mais espaço e continuam a ocorrer.
“As universidades públicas se sensibilizam cada vez mais para acolher os povos e as comunidades tradicionais e camponesas em seus cursos, eventos, estudos e projetos e, ao mesmo tempo, têm incorporado suas demandas e seus saberes com referência para a democratização da educação superior”, conclui o professor Salomão Hage.
Texto: Matheus Luz – Assessoria de Comunicação da UFPA
Arte: Reprodução / Google