Como parte do Programa Schools Connect (Escolas Conectadas), o British Council (Conselho Britânico), organização internacional de cultura e educação do Reino Unido, está organizando uma série de eventos estudantis do Projeto Simulação do Clima Mundial (World Climate Simulation) em todo o Reino Unido e também no Brasil.
Uma edição especial foi realizada em Belém, cidade-sede da COP 30, em parceria com o Programa Escola Azul, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e com a Universidade Federal do Pará (UFPA), no último domingo, 9.

“Esse simulado se destaca como uma das relevantes ações da COP em Belém. O destaque se dá exatamente por envolver jovens e professores do ensino básico em um processo de exercício de cidadania voltado à alteração de mentalidade. Investimento concreto na formação de futuros líderes negociadores”, afirma a professora Maria Ataide Malcher, parceira do programa na UFPA.
Segundo o professor Ronaldo Christofoletti, coordenador do Programa Maré de Ciência (Unifesp) e presidente do Grupo de Especialistas em Cultura da Oceânica da Unesco, o encontro tem um significado de extrema relevância na medida em que as discussões sobre as mudanças climáticas necessitam do envolvimento da juventude. “Esta é uma oportunidade única, é a primeira COP no Brasil, a primeira na Amazônia, e as futuras gerações é que vão decidir todas as COPs que virão a seguir. Aqui, eles estão aprendendo agora como isso funciona”, explica.
“São estudantes de escolas públicas aqui, da região, que vivem essa realidade que está sediando esta Conferência Mundial do Clima. Nós estamos formando os futuros negociadores, então a gente está, agora, não só mostrando como é uma COP, mas também como cada um deles pode se formar para atuar como profissionais, como negociadores, porque os impactos vão continuar crescendo, a gente precisa de pessoas que saibam negociar”, complementou o professor.
O World Climate Simulation é um exercício presencial de simulação das negociações da ONU sobre mudanças climáticas, desenvolvido pela Climate Interactive e pela MIT Sloan Sustainability Initiative. A Climate Interactive (Clima Interativo) é uma organização sem fins lucrativos que, em colaboração com a MIT Sloan Sustainability Initiative (Iniciativa de Sustentabilidade do MIT Sloan), desenvolve ferramentas interativas e simulações para ajudar pessoas a entenderem as mudanças climáticas e a promoverem ações eficazes.

Por meio da simulação, os participantes têm a oportunidade de explorar a velocidade e o nível de ação necessários que as nações devem adotar para enfrentar as mudanças climáticas globais, promovendo uma aprendizagem autônoma e ampliando o potencial de engajamento em ações climáticas.
Um dos jovens negociadores é Rubens Uchoa, de 16 anos, aluno do terceiro ano do ensino médio na Escola João Carlos Batista, do bairro 40 Horas, em Belém. “Eu acho que é um momento bem importante, uma oportunidade única para a gente, porque esse tema já tem sido discutido na nossa escola, porém, nesse formato de simulado da COP, é algo inédito. Na minha visão, é muito legal a gente entender como isso tudo funciona”, destaca.
Todos os estudantes têm entre 16 e 18 anos. São em torno de 100 participantes, pertencentes a 4 escolas públicas, cada uma com dois professores responsáveis pela segurança e supervisão das equipes.
Sobre a simulação – A simulação corresponde a um dia de atividades práticas, com uma apresentação inicial, seguida do período de debates entre os estudantes que se prepararam para, ao final do dia, participar da plenária simulada da ONU, em que cada grupo irá apresentar o seu posicionamento sobre o tema.
Os alunos foram divididos em nove grupos, a exemplo do que ocorre na COP. Entre esses grupos de negociadores, estão os representantes dos Estados Unidos e os da União Europeia, ou seja, o bloco dos países ricos.
“Além disso, há três grupos que reúnem os países em desenvolvimento, e o que tem somente China e Índia, que são países muito grandes. Tem ainda um bloco que tem outros países em desenvolvimento, inclusive o Brasil”, explica o professor Ronaldo Christofoletti.
“Os alunos também foram distribuídos em blocos, a exemplo do que ocorre numa COP de verdade, como o grupo dos lobistas do petróleo, das empresas de óleo e gás, que tentam dificultar os acordos entre os países pela redução de gases de efeito estufa, porque isso significa uma perda econômica muito grande a esses setores”, menciona Christofoletti, complementando que há também o grupo dos ativistas, que defendem as florestas, e o dos jornalistas, que acompanham o processo e informam sobre o que está acontecendo.





