Dois docentes da Universidade Federal do Pará (UFPA), Verônica Scarpini Candido (Campus de Ananindeua) e Pedro Tupã Pandava Aum (Campus de Salinópolis), estão entre os novos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – Região Norte. A categoria Membro Afiliado é destinada a jovens pesquisadores, com até 40 anos, que se destacam pela sua produção científica. Os atuais recém-diplomados cumprirão o mandato no período de 2024 e 2028.
A cerimônia de posse e diplomação ocorreu no último dia 6 de agosto, na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), em Porto Velho-RO, quando os pesquisadores receberam diploma de cientistas de excelência e falaram sobre as pesquisas que os destacaram. Atual vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da UFPA, Verônica Scarpini espera que, durante sua atuação como membra filiada, ela possa contribuir para as discussões sobre a posição do Brasil na produção de uma ciência de qualidade e, sobretudo, sobre o papel da Amazônia e do estado do Pará para o desenvolvimento de uma ciência aplicada e de impacto para o desenvolvimento sustentável.
“Me tornar membra da ABC foi uma grande surpresa que me deixou extremamente feliz, pois é o reconhecimento de anos de trabalho desenvolvido na UFPA, buscando sempre a excelência, a formação de recurso humano altamente capacitado e a produção de pesquisas de impacto que levem o nome da Amazônia, do estado do Pará e da UFPA como principal fonte de produção científica, produção essa que visa ao desenvolvimento de materiais inovadores, que possuam como fonte os insumos amazônicos e que tenham aplicabilidade para a sociedade”, pontua Scarpini.
E esse desejo de levar o conhecimento desenvolvido na Amazônia e na UFPA também está nos planos do professor Pedro Aum, que busca ainda poder atuar ativamente no Campus de Salinópolis e na comunidade local, promovendo a ciência e a divulgação científica em todos os níveis educacionais. “Planejo levar à ABC a bandeira da UFPA, destacando os talentos locais e atraindo mais ciência para o contexto regional. Em uma esfera mais ampla, quero contribuir para o reconhecimento da Amazônia nas discussões ambientais, defendendo a importância de ações consistentes para a mitigação das mudanças climáticas e promovendo a valorização dessa região vital, tanto para o Brasil quanto para o mundo”, ressalta o novo membro afiliado da ABC.
Matéria renovável – Docente da Faculdade de Engenharia de Materiais, do Campus Universitário de Ananindeua, e dos Programas de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM/UFPA) e em Engenharia de Recursos Naturais da Amazônia (Proderna/Itec/UFPA), a pesquisadora Verônica Scarpini Candido desenvolve pesquisas na área de materiais compósitos reforçados com fibras naturais da Amazônia e resíduos agroflorestais com aplicações para a valoração desses materiais e consolidação da Bioeconomia no estado do Pará.
Atualmente, seu trabalho está focado em três linhas de pesquisa para o desenvolvimento de materiais inovadores: Materiais compósitos, Materiais Cerâmicos e Biomateriais. Esteúltimo utiliza matéria-prima animal como escamas de peixe para fabricação de biocerâmicas e para a produção de substitutos ósseos por manufatura aditiva, tema de dois artigos recentemente publicados, um na Revista científica Nature e outro na base de dados ScienceDirect.
“Quero continuar desenvolvendo pesquisas de alto impacto internacional, que utilizem as matérias-primas amazônicas como fonte de insumos para produção de biomateriais e materiais biomiméticos que possam ser aplicados para o bem-estar da sociedade e também contribuir para a consolidação da Região Norte como produtora de ciência de qualidade”, ressalta a pesquisadora que escolheu a bioeconomia como área de aplicação para trabalhar com materiais naturais.
Armazenamento geológico – Já o jovem pesquisador Pedro Tupã Pandava Aum tem formação em Ciência e Engenharia de Petróleo e atua como professor do curso de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo da UFPA, no Campus Universitário de Salinópolis, e nos Programas de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ) e Geofísica (CPGf). Atualmente, seus estudos se relacionam com o escoamento dos fluidos em rochas, cujas aplicações envolvem o processo de descarbonização por armazenamento geológico.
Na pesquisa, ele busca compreender como o CO₂ interage com formações rochosas regionais, etapa essencial para reduzir as incertezas associadas a projetos de armazenamento geológico no Brasil. De acordo com o professor, as informações obtidas nesses experimentos vão servir para a tomada de decisões sobre a viabilidade do armazenamento geológico.
“Sabemos que a redução das emissões é urgente e uma das técnicas que pode ajudar a reduzi-las de forma consistente é o armazenamento geológico de carbono, que consiste em capturar o gás carbônico (CO2) de processos industriais de fábricas, injetá-lo e contê-lo no subsolo, ou seja, em vez de extrairmos petróleo de rochas, iremos utilizá-las para armazenar o CO2 gerado e, assim, reduzir as emissões para a atmosfera”, pontua o pesquisador, que destaca a dimensão do estudo como fator de ingresso na Academia Brasileira de Ciências. “Esse reconhecimento atesta a relevância do trabalho que temos desenvolvido na UFPA, especialmente em temas estratégicos dentro da Engenharia de Petróleo e na temática do armazenamento geológico de CO₂, que é crucial para as estratégias de descarbonização no contexto brasileiro”.