A Capela Nosso Senhor dos Passos, mais conhecida como Capela Pombo, voltou a receber o público em uma manhã de música e história no último domingo, 5 de outubro. A atividade integrou o minirroteiro Antônio Landi, promovido pelo Fórum Landi FAU, com parceria da Escola de Música da UFPA (Emufpa), e encerrou com um recital de música que emocionou a comunidade presente.
O percurso passou por importantes marcos da arquitetura sacra de Belém, as igrejas das Mercês e de Sant’Ana, e terminou na capela que fica localizada na Rua Campos Sales, no bairro Campina, centro histórico da capital paraense. O evento marcou a reabertura simbólica do espaço, que está em processo de restauro e será transformado em um novo equipamento cultural da cidade.
“A Capela Pombo é um espaço que guarda parte viva da nossa memória e que começa a se renovar com o restauro em andamento. É uma enorme alegria, para a UFPA, poder contribuir com o resgate do patrimônio cultural paraense e do centro histórico de Belém. Ver esse espaço já vivo outra vez é espetacular. Que mais lugares da nossa cidade possam ser devolvidos à vida dessa maneira, com cuidado, com beleza e com pertencimento”, disse o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva.
Emocionada com a música sacra executada pelos professores da Emufpa Carlos Pires e Adamilson Abreu, a vice-reitora, Loiane Prado Verbicaro, destacou a importância do momento. “Ações como essa mostram como o projeto educacional está ao lado da cultura, da arte e da história. Ao ocupar a Capela Pombo, a UFPA transforma um espaço histórico em um verdadeiro laboratório de cultura e educação. Ensino, arte e pesquisa se entrelaçam com a memória da cidade, mostrando como a arte toca as pessoas, aproximando cidadãos de Belém da sua história”.
Patrimônio e memória – A Capela Pombo é uma obra do século XVIII, atribuída ao arquiteto italiano Antônio José Landi, responsável por diversos projetos de arquitetura religiosa, civil e militar em Belém. É a única capela particular ainda existente na cidade e foi, ao longo dos séculos, palco de batizados, casamentos, ladainhas e terços, tornando-se um importante marco da religiosidade e da memória afetiva dos belenenses.
O imóvel foi adquirido pela UFPA em 2014, em uma iniciativa coordenada pelo professor Flávio Nassar, então à frente do Fórum Landi, com o objetivo de garantir a salvaguarda do patrimônio e sua reintegração à vida cultural da cidade. O projeto de restauro, elaborado pela equipe do Fórum Landi, inicialmente foi apresentado pela UFPA ao PAC Cidades Históricas do governo federal, reinserido nos projetos contemplados pelo Novo PAC, e será executado em sua totalidade com os recursos transferidos do IPHAN para a UFPA.
“A Universidade se move em rede, e esse processo de restauro da Capela Pombo é fruto da colaboração de muitas mãos, de profissionais e instituições que acreditam que ciência e cultura caminham juntas na valorização do patrimônio cultural amazônico”, destacou a professora Roberta Rodrigues, coordenadora do Fórum Landi.
A primeira etapa das obras, de estabilização e consolidação estrutural da nave principal, fachada e coro, além da instalação de nova cobertura, foi realizada pela Mape Engenharia, que tem o engenheiro Manuel dos Santos Júnior à frente e que realizou a obra na forma de doação de serviço, com a coordenação técnica da equipe do Fórum Landi e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Na oportunidade do evento, a UFPA homenageou a iniciativa do engenheiro, que recebeu das mãos do reitor um diploma de reconhecimento pela importante iniciativa.
“Este é um espaço que eu frequentava quando saía da Escola de Engenharia, que era aqui na frente, e faz parte das minhas lembranças. Eu entrava aqui e ficava refletindo sobre a vida”, recordou Manuel dos Santos Júnior. “Me incomodava ver esse pedaço da memória apagado e, como ex-aluno da UFPA, eu sinto que devolver esse patrimônio à comunidade é também uma forma de retribuir o investimento que a UFPA me deu ao me formar”, justificou, comovido.
Cultura e pertencimento – Durante o recital, a capela ficou completamente ocupada por moradores do centro histórico, estudantes e visitantes, que se emocionaram com a programação.
Entre o público, o casal Miguel Wanzeler e Suzana de Jesus observava os detalhes do restauro e compartilhava lembranças pessoais. “O meu pai frequentou missas realizadas aqui, nesta capela, mas eu já cresci passando por essa rua e vendo esse prédio já abandonado. Foi uma enorme surpresa me deparar hoje com este momento. As memórias bonitas do meu pai agora são também minhas”, comemorou Miguel.
Faz parte do projeto de restauro da Capela Pombo transformá-la em um equipamento cultural, de forma a integrar o espaço a um roteiro permanente de visitação e ações culturais e acadêmicas, o qual incluirá, ainda, uma área expositiva, anfiteatro, jardim interno, banheiros e sala administrativa e de apoio. O espaço deve receber nova programação cultural durante a COP 30, quando Belém sediará a Conferência Mundial do Clima.
