O auditório do Núcleo de Inovação e Tecnologias Aplicadas a Ensino e Extensão (Nitae) sediou, na última quinta-feira, 13, o evento “Cidades Inteligentes, Sustentabilidade e Regulação Algorítmica”. A programação é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Consumo e Cidadania, uma colaboração entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa).
O primeiro painel do evento teve como tema “A Arquitetura do Controle – Cidades Inteligentes, Algoritmos e o novo consumo digital” e debateu sobre as chamadas smart cities (cidades inteligentes), as práticas sustentáveis para desenvolvê-las e a regulação algorítmica de dados. O objetivo foi comparar esses tópicos com as dimensões do consumo e cidadania.
A vice-reitora da UFPA, professora Loiane Prado Verbicaro, reforçou, em sua fala de abertura, a importância de pensar coletivamente em função de um mundo mais inclusivo: “É fundamental a existência de um grupo de pesquisa focado na discussão de questões relativas ao consumo, uma vez que este está ligado à maneira como estabelecemos relações sociais e conduzimos nossos hábitos consumidores. É muito positivo que estejamos vivenciando este momento aqui, na UFPA, em tempos de COP 30”.
Pensar no conceito de cidades inteligentes pode parecer complexo. O termo dá a ideia de que grandes cidades tecnológicas serão erguidas, mas, na verdade, o conceito é mais simples do que se imagina. Um exemplo: lugares onde o sistema de coleta de lixo contém lixeiras inteligentes que reportam o nível de dejetos e detectam a frequência da necessidade da coleta semanal.
Os estudos apontam que as cidades inteligentes utilizam tecnologias de informação e comunicação para melhorar a eficiência de serviços e fornecer qualidade de vida e bem-estar ao cidadão, podendo ser implantadas por empresas ou órgãos de gestão pública.

Segundo Loiane Prado Verbicaro, com toda tecnologia inovadora, surgem mazelas que causam preocupações na elaboração dos projetos. Ela utilizou como exemplo a vigilância excessiva dos algoritmos que afetam direitos e garantias fundamentais; o aprofundamento de desigualdades, resultado do uso indevido da tecnologia para vulnerabilizar grupos socialmente marginalizados; e a chamada colonialidade de dados, terminologia que define a forma de extração e apropriação de dados adotada por big techs.
Outro ponto preocupante apontado pela vice-reitora é o impacto ambiental causado pelo alto consumo energético da utilização de Inteligências Artificiais na implementação do projeto, o que reforça a importância de uma transição energética justa, que combine tecnologias digitais e energias renováveis.
As cidades inteligentes são o caminho para cidades cem por cento sustentáveis, por isso esse conceito é indissociável de sustentabilidade e regulamentação algorítmica. A professora Loiane ressaltou a relevância do diálogo entre tecnologia e equidade ambiental: “Pensar cidades inteligentes é pensar também qualidade de vida, a dignidade da pessoa humana, a inclusão, a diversidade, a igualdade nas cidades, utilizando de inteligência artificial e algoritmos. Nós temos que, em termos de políticas públicas, nos apropriarmos desses instrumentos tecnológicos, mas para promover a qualidade de vida e não aumentar as exclusões e as assimetrias sociais”, afirmou.
O painel de abertura contou com a participação dos palestrantes Marcos Catalan (FDUSP), Hugo Agrassar (UFPA) e Daniela Cravo (PGM-POA). A programação segue até o dia 14 de novembro, das 9h às 17h30, com painéis abordando assuntos relacionados a microtrabalho, colonialismo digital e direitos coletivos. Para mais informações, acesse a página do evento.

