Oceanos são protagonistas em discussões sobre o clima

Apesar de os oceanos cobrirem três quartos da superfície da Terra, o ambiente marinho encontra-se cada vez mais ameaçado. Segundo dados do Portal UOL, anualmente 13 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos, provocando a morte de 100 mil animais marinhos, além de causar outros danos. Enquanto a maioria dos plásticos deve permanecer intacta por décadas ou séculos após o uso, uma grande parte acaba consumida por peixes e outros animais marinhos, entrando rapidamente na cadeia alimentar global. O avanço tecnológico na área da pesca possibilita a captura, cada vez maior, de peixes e outras vidas marinhas, colocando em risco a reprodução dos ecossistemas marinhos.

Apesar da gravidade da situação, as COPs, até então realizadas, tratavam o tema “oceanos” de forma tangencial. Na COP 30, o tema finalmente ganhou destaque. Em Belém, a presidência da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática fez o lançamento, na segunda-feira, 10, do “Pacote Azul”, um plano que reúne propostas para a proteção dos oceanos. O documento detalha o papel dos oceanos no combate à mudança climática e sugere investimentos que totalizam US$116 bilhões por ano, na área.

Além do Pacote Azul, o tema oceano também entrou na pauta das discussões da COP 30 por meio de palestras, debates e exposições, com destaque à Casa Vozes do Oceano, um espaço imersivo, aberto ao público durante a COP 30, que reúne arte, ciência, cultura e tecnologia para as pessoas interessadas em conhecer mais sobre vidas marinhas, oceanos e mudanças climáticas, em funcionamento na Casa das Onze Janelas, no centro histórico de Belém.

Especialista nas áreas de Oceanografia, Biologia Marinha, Ecologia Aquática, Ciências Ambientais e Impactos Ambientais, o biólogo José Eduardo Martinelli Filho, mestre e doutor pelo Instituto Oceanográfico da USP e professor no Instituto de Geociências da UFPA, é um estudioso dos problemas que afetam os ambientes marinhos, seja por meio de pesquisas, seja como orientador de pós-graduandos em programas afins. Na sua avaliação, o tema Oceano, ao que parece, conseguiu consolidar-se na COP 30 como um dos protagonistas nas discussões sobre o clima. “Isso é fruto de muito esforço durante as COPs anteriores. O oceano exerce forte influência sobre o clima na Terra, assim como alterações no continente afetam os oceanos. O sistema Terra-Oceano não pode ser dissociado”, ressalta. 

O professor considera que financiar apenas iniciativas ligadas à recuperação das florestas tropicais não será suficiente para mitigação e adaptação frente à emergência climática. Para ele, restaurar o oceano é necessário para a segurança e o bem-estar das gerações futuras. Sobre o “Pacote Azul”, um conjunto de medidas para proteção dos oceanos, que planeja investir US$116 bilhões por ano na área,  Martinelli observa que o principal objetivo é integrar os oceanos às metas climáticas e ao financiamento. “Ainda em 2025, o foco principal é nas florestas e não nos oceanos. Entretanto é bom lembrar que o oceano afeta fortemente o clima na Terra e nos continentes, além de produzir mais da metade do oxigênio da atmosfera. Financiar estudos sobre o oceano é crucial para mitigar a crise climática”, ressalta.

Ele reconhece que se trata do maior valor destinado ao oceano, até onde se tem conhecimento, mas ainda insuficiente, considerando as dimensões das bacias oceânicas. Sobre a participação das universidades e dos institutos de pesquisas na gestão do Pacote, o professor do Instituto de Geociências da UFPA acredita que, futuramente, poderá ocorrer, mas, a princípio, a gestão deve ficar sob responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

O papel das Universidades – As universidades e os institutos de pesquisas são instituições relevantes no processo de estudos dos diversos impactos ambientais sobre os oceanos. Eduardo Martinelli destaca, entre os principais problemas, o aumento do nível do mar, promovido pelo aquecimento global e pelo aumento da temperatura da água de superfície do mar; a acidificação do oceano, causada pela grande concentração de CO2 atmosférico; a contaminação por plásticos, microplásticos e poluentes diversos derivados do petróleo; e as espécies invasoras.

Na UFPA, o Instituto de Geociências (IG) possui o curso de Graduação em Oceanografia, oferecido pela Faculdade de Oceanografia (Faoc), assim como o curso de Mestrado Acadêmico em Oceanografia (PPGOC). As pesquisas sobre a zona costeira e o oceano também ocorrem em outras faculdades e programas de pós-graduação do instituto, como na Geologia e na Geoquímica, e nos cursos de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais, entre outros. Diversas ações de ensino, pesquisa e extensão são realizadas no IG sobre o oceano e a zona costeira. 

Serviço:

Durante a COP 30, a Faoc e o PPGOC estão coorganizando o espaço “Casa Vozes do Oceano” com a família Schurmman e o Instituto Voz dos Oceanos (veja a programação no link https://casa.voiceoftheoceans.com). Há também atividades realizadas em espaços oficiais, com destaque ao estande da UFPA dentro da Blue Zone, além da participação nas programações de diferentes espaços da Green Zone.

Leia mais:

TEXTO: Walter Pinto - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Alexandre de Moraes - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do ClimaODS 14 - Vida na Água

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