Engana-se quem acha que uma fotografia se resume apenas a técnicas usadas ou a um equipamento de alta tecnologia. Para mostrar que todo o processo que envolve a produção criativa fotográfica na Amazônia vai muito além do equipamento usado, a série Olhares do Norte: Pará estreou na última terça feira, 9, durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no Campus Guamá da UFPA.
Composta por 13 episódios de 26 minutos cada um, a produção narra histórias e mostra um pouco da produção artística de figuras influentes no cenário cultural paraense. A série, que já foi exibida na Tv Brasil, revela um mergulho profundo na vida e na obra de fotógrafos paraenses de diferentes gerações. Desenvolvida pela produtora Marahu, a série conta com a direção-geral de Fernando Segtowick e criação de Ismael Machado. A iniciativa teve como objetivo gerar reflexões sobre como as diferentes visões sobre a Amazônia podem ser representadas e entendidas por meio da arte de fazer fotografia.
“O mais interessante da fotografia do Pará é que ela conseguiu, desde os anos 80, se destacar de forma nacional, sendo uma produção muito local. É uma fotografia muito original e, em um circuito muito pequeno, ter fotógrafos e artistas com obras muito fortes é muito diferente”, explica Fernando Segtowick.
O episódio que inicia a série apresenta um pouco do ativismo e da sensibilidade artística do fotógrafo nascido em São Paulo e radicado em Belém já nos anos 80, Miguel Chikaoka. Nome que se destacou no cenário da fotografia por suas imagens que capturam desde a rotina da Feira do Açaí até reflexões sobre sua herança japonesa. “Foi uma grata surpresa ter a notícia que estavam produzindo essa série sobre fotógrafos paraenses. É sempre bom a gente ter esses registros, sobretudo quando são tratados de maneira contextualizada”, conta Miguel Chikaoka durante o episódio.
O lançamento da série “Olhares do Norte: Pará” foi realizado na Tenda Cultural e contou com a participação de um bom público de espectadores, como a estudante da UFPA Rafaele Pastana. “O que me impactou mais foi a parte final dele na natureza, com mais duas pessoas, onde eles falavam que eles ficaram parados e desconectados do celular por quinze minutos, para se conectar unicamente com a natureza. Eu me senti representada ali “, pontuou a estudante.
Histórias compartilhadas – Além da exibição, a programação da Tenda Cultural contou também com um bate-papo em que Elza Lima, protagonista do episódio onze, que compartilhou um pouco a vivência durante as filmagens. “Hoje cada filme que eu olho, cada amigo que eu vejo, eu vejo como nós fomos nos modificando. E isso foi o que mais me tocou, por mostrar, exatamente, já na nossa velhice, como nós somos seres diferentes de quando nós começamos, que a gente tinha aquela sede de viver e realmente vivemos muitas coisas, viajamos muito e convivemos muito”, destacou a fotógrafa.
Outro fotógrafo presente foi Eduardo Kalif, renomado fotojornalista e educador paraense, protagonista do terceiro episódio da série, que destaca a relevância do Curro Velho na sua formação artística, ressaltando seu papel na educação pública em Artes. Atualmente focado em educação ambiental, Kalif é organizador de uma iniciativa, em Colares, que promove cinema e conscientização ambiental nas escolas estaduais.
“Buscamos abordar um pouco da minha mudança para Colares, onde resido atualmente. Lá, após mais de 30 anos de relação, decidi focar em educação ambiental, promovendo um projeto de cinema e meio ambiente nas escolas estaduais. É gratificante poder exibir filmes e debater questões ambientais com alunos e professores, destacando o papel fundamental da Amazônia no equilíbrio climático global”, contou Eduardo Kalif.
Os 13 episódios da série Olhares do Norte: Pará estarão em exibição durante a semana da 76ª Reunião da SBPC, em duas sessões, na sala de exibição da Tenda Cultural. Até o dia 11, as sessões serão realizadas das 10h30 às 14h30, já no dia 12/7, haverá apenas uma sessão, às 10h30.