Nesta quinta-feira (10), às 16h, o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá promoverá um evento on-line sobre extração supercrítica, técnica considerada atrativa por ser um processo livre de resíduos e não provocar a degradação de compostos bioativos, ideal para ser utilizada nas indústrias alimentícia, cosmética, farmacêutica, química, entre outras.
Pesquisador e coordenador do Laboratório de Tecnologia Supercrítica da Universidade Federal do Pará (Labtecs/UFPA), centro de P&D instalado no PCT Guamá, Raul Carvalho explica que o fluido utilizado no processo opera a temperaturas e pressões acima de seu ponto crítico. Sob esse estado, o material exibe propriedades físico-químicas intermediárias entre um líquido e um gás.
“Um fluido supercrítico não é um gás nem um líquido, mas uma fase única com propriedades entre os dois. Possui a densidade muito próxima à dos líquidos, e a viscosidade é muito similar à dos gases. Essas características fazem com que o fluido tenha alto poder de solubilização. Para a indústria, isso é extremamente benéfico, porque a substância se torna um ótimo solvente com alta difusividade e baixa viscosidade, deixando o processo de extração rápido e eficiente”, observa o pesquisador.
A técnica permite o processamento da matéria a baixas temperaturas, evitando a degradação de compostos e garantindo a qualidade do produto final. Em uma recente pesquisa desenvolvida pelo grupo coordenado por Raul Carvalho, notou-se que, após as extrações supercríticas, houve aumento das concentrações de compostos bioativos e capacidade antioxidante na polpa liofilizada de açaí e no muruci.
“No caso do Muruci (B. crassifolia), por exemplo, os extratos obtidos da polpa por fluido supercrítico apresentaram níveis elevados de luteína, substância com potencial terapêutico na prevenção e no tratamento de doenças maculares relacionadas com a idade, além de ácidos graxos insaturados e de alta capacidade antioxidante. Esses resultados comprovam que a extração com fluido supercrítico permite um melhor aproveitamento da matriz, reduzindo o desperdício de matéria orgânica no meio ambiente e agregando valor aos produtos da extração”, afirma Carvalho.
Outra vantagem da tecnologia é a possibilidade de fácil separação e remoção do solvente após o processo de extração. Apenas com o ajuste da pressão e/ou temperatura, é possível separá-lo do produto extraído. “Esse é normalmente um dos processos mais dispendiosos dos processos de extração convencionais. Com a extração supercrítica, a indústria não gera solventes poluidores nem resíduos indesejáveis no produto final”, complementa o pesquisador.
“Devido às suas características, como a ausência de solventes tóxicos e a elevada concentração de compostos bioativos, os extratos têm sido empregados nas mais variadas indústrias, como a de alimentos, cosméticos, farmacêutica e química. Aqui no laboratório, estamos preparados para oferecer diferentes tipos de serviços, e este evento on-line tem o objetivo de nos aproximar do setor produtivo para que os empresários possam tomar conhecimento da tecnologia e esclarecer suas principais dúvidas”, informa Carvalho.
Serviço
Live sobre as possibilidades e aplicações industriais da extração com fluidos supercríticos, com o pesquisador Raul Carvalho, no dia 10 de setembro de 2020, às 16h, na sala virtual do PCT Guamá.
Texto: Divulgação PCT Guamá
Foto: reprodução Google