A pesquisa intitulada Gramáticas sociais das águas por crianças da comunidade quilombola Tauerá-Açú, Abaetetuba, Pará, desenvolvida pela professora Eliana Campos Pojo Toutonge, do Campus Universitário de Abaetetuba, da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi contemplada na última edição do Prêmio pela Primeira Infância. A iniciativa busca valorizar os pesquisadores e divulgar o conhecimento científico obtido com suas reflexões.
Com enfoque inspirado nas vozes e na vida sociocultural de crianças quilombolas da região amazônica (Baixo Tocantins), o estudo teve o propósito de pautar discussões acerca da garantia dos direitos à população infantil quilombola na Amazônia. Sob o olhar de uma pesquisadora amazônida, a pesquisa proporciona importantes reflexões científicas desde a Amazônia, ao fazer ecoar as vozes de crianças quilombolas silenciadas.
“Trata-se de um projeto que articula cultura e educação, questões étnico-raciais e educativas. Traz como centralidade as vozes, a vida sociocultural de crianças quilombolas, especialmente focado no convívio com as águas. Logo valida a importância de serem respeitadas em sua origem e tradição afro-amazônida. Ainda, a pesquisa irrompe as fronteiras do proposto na lógica colonizadora, de única territorialidade amazônica”, afirma a professora Eliana Pojo.
Segundo a professora, os próximos passos a serem desenvolvidos com a premiação serão: divulgar os resultados na comunidade junto aos moradores e, principalmente, com as crianças que participaram da pesquisa; realizar a devolutiva da pesquisa no campus da UFPA e para a comunidade externa da universidade, por meio da participação de eventos, entrevistas e outros canais; e desenvolver outras produções científicas em diferentes perspectivas, como a criação de um produto didático/educativo a ser entregue para a escola da comunidade.
Sobre o Prêmio – O Prêmio Ciência pela Primeira Infância é uma iniciativa do Núcleo Ciência pela Primeira Infância (NCPI) criada em 2022, com o intuito de promover o conhecimento científico, a fim de sensibilizar agentes da gestão pública para programas e ações direcionadas a crianças de até 6 anos e suas famílias. Assim, a premiação busca reconhecer pesquisas locais, estaduais e nacionais no âmbito da primeira infância sobre a realidade brasileira, principalmente aquelas que refletem sobre a identidade, diversidade e pluralidade das infâncias.