A aluna do terceiro período de Medicina da UFPA Dafne Moura está realizando uma pesquisa sobre "O uso da telemedicina durante a pandemia da Covid-19 no Brasil". O objetivo é coletar informações sobre como os brasileiros estão utilizando essa ferramenta e conta com a orientação da professora Izaura Vallinoto, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFPA). Para participar da pesquisa, é preciso responder ao formulário disponível aqui.
A telemedicina, como definida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), é o "exercício da Medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, e promoção de saúde." Ela é subdividida em várias modalidades, porém, atualmente, apenas três delas são permitidas – temporariamente – pelo Ministério da Saúde: a teleorientação, o telemonitoramento e a teleinterconsulta.
A teleorientação é o atendimento médico a distância para orientação e encaminhamento de pacientes em isolamento. O telemonitoramento é monitoramento médico a distância de parâmetros de saúde ou de doença por meio de imagens ou de dispositivos agregados ao paciente (como por smartwatch, aparelhos de pressão etc.). A teleinterconsulta é o contato feito exclusivamente entre médicos e profissionais da saúde por meio das tecnologias para discutir sobre procedimentos e esclarecer dúvidas.
Assim, o projeto ganha extrema relevância considerando-se o cenário atual na saúde pública imposto pela emergência do novo coronavírus. Na avaliação da pesquisadora, a telemedicina apresenta grandes potenciais neste contexto. "Com essa pesquisa, buscamos verificar se esses potenciais são confirmados ou não, como o menor risco de contágio entre médico e pacientes, a diminuição de aglomerações em salas de espera, um direcionamento ao paciente para um serviço de saúde adequado e o acompanhamento e monitoramento dos sintomas de Covid-19". Além disso, a telemedicina é uma ferramenta muito importante para aquelas pessoas que são portadoras de doenças crônicas e precisam tomar remédios contínuos, pois evita a exposição delas ao vírus.
“Aplicativos, como o CoronaFinder PA, o Coronavírus SUS, o chat on-line no site do Ministério da Saúde e o disque Saúde 136 têm sido desenvolvidos com a capacidade de informar o risco de um indivíduo estar infectado, de fornecer orientações e recomendações a serem seguidas, os serviços a serem procurados ou até uma consulta com um profissional. Outra atuação da telemedicina em alguns países é em casos em que o Serviço de Atendimento Móvel é acionado, por meio da orientação on-line do médico aos paramédicos, que conduzem uma anamnese preliminar capaz de eliminar a ida ao hospital e, em casos de pacientes mais graves, de alocar o indivíduo infectado diretamente em um leito hospitalar, sem necessidade de triagem secundária. Essa ferramenta está sendo também utilizada por médicos que estão em isolamento social para realizarem condutas, garantindo que os médicos que estão na linha de frente atendam aos casos mais graves", explana Izaura Vallinoto.
Esta pesquisa surgiu da curiosidade da aluna em relação ao uso da técnica. “Eu já havia ouvido falar dessa forma de atendimento, mas não aplicado ao contexto atual de pandemia. Pesquisei mais sobre o assunto e vi que as previsões são que ela seja uma ferramenta indispensável no cotidiano do atendimento médico futuro. Há a evolução tecnológica no ambiente de saúde a todo instante, e a pandemia surgiu como um catalisador para a ascensão de uma ferramenta que já era conhecida, mas era pouco discutida e implementada. Em vista disso, eu vi uma grande oportunidade ao associar o uso da telemedicina com esse contexto, buscando saber a opinião pública, se as pessoas tiveram contato com a ferramenta, o que elas acham desse tipo de atendimento, quais perspectivas futuras a população brasileira tem frente a esse novo modo de contato médico", explica Dafne.
A pesquisa funciona com base em um formulário virtual criado na plataforma Google Forms. Nele, há informações básicas acerca da telemedicina, para que pessoas que nunca ouviram falar dessa prática possam opinar sobre. Além disso, há um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que precisa ser lido e aceito por todos os participantes. Em relação às perguntas, elas englobam tanto questões sociais e demográficas quanto questões relacionadas ao uso e à percepção da telemedicina pelos entrevistados. "Esses resultados serão utilizados para apresentação em eventos científicos e possivelmente publicação em revistas nacionais e/ou internacionais; claro, sempre guardando o sigilo de todos os participantes", conta a estudante.
Na análise de Dafne, a pesquisa é importante porque pode ser utilizada futuramente como meio de informação para pessoas leigas no assunto que desejarem conhecer mais sobre a utilização da telemedicina. "Não só isso, mas também serve como objeto motivador para as entidades públicas prolongarem a legalização dessa prática em um contexto pós-pandemia", prevê.
Cenário promissor – Estudos já realizados mostram a eficácia e os efeitos positivos que a telemedicina apresenta como ferramenta no atendimento médico. "O que já podemos afirmar é que, mesmo que ainda seja necessário que alguns aspectos da telemedicina sejam reavaliados, ela tem se mostrado recomendável quanto à diminuição do tempo de espera para consultas, à redução de encaminhamentos médicos desnecessários e com equivalência à consulta presencial, na precisão do diagnóstico de doenças em que o exame físico não seja essencial", diz a orientadora Izaura Vallinoto.
Até o momento, o projeto já alcançou 435 pessoas, de diversas localidades brasileiras; porém predominantemente da Região Norte. A orientadora destaca que, apesar de os participantes que relataram acesso à telemedicina não terem sido a maioria (29%), os que tiveram, apresentaram um alto nível de satisfação com a experiência.
"Entre os serviços prestados, o mais utilizado foi a Teleorientação, e a maioria não precisou ser encaminhada para algum centro de saúde. Isso evidencia que a telemedicina teve um aspecto positivo em relação à ocupação de leitos", observa. Quanto às perspectivas futuras, a grande maioria dos entrevistados afirmou que a regulamentação para acesso à telemedicina deve ser mantida em um contexto pós-pandemia. "Mesmo que a pesquisa ainda não tenha terminado, já obtivemos resultados muito otimistas, que confirmam que a telemedicina pode ser uma ferramenta que soma no serviço de saúde brasileiro", conclui a professora Izaura.
Para responder à pesquisa, acesse aqui.
Texto: Jessica Souza – Assessorria de Comunicação da UFPA
Arte: Reprodução Google