menu de acessibilidade
TAMANHO DA FONTE

Pesquisadores da UFPA participam de projeto que visa monitoramento participativo no Território Indígena Panará

A Amazônia é um dos ecossistemas mais importantes e diversos do planeta. Com sua vasta floresta tropical e complexa rede hídrica, desempenha um papel vital na regulação do clima global, no estoque de carbono e na manutenção da biodiversidade. Distribuída por aproximadamente sete milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia abriga uma riqueza incomparável de espécies vegetais e animais, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência.

No entanto, essa região enfrenta uma série de desafios ambientais e sociais. O desmatamento, impulsionado pela expansão agrícola, pela mineração ilegal, pelas usinas hidrelétricas e pela exploração madeireira são as principais ameaças para as florestas, as águas e sua biodiversidade. Além disso, as mudanças climáticas e a poluição causada pela atividade humana estão colocando em risco a saúde dos ecossistemas amazônicos e das comunidades que dependem deles para sobreviver.

Fotografia mostra reunião de indígenas homens sentados sob uma estrutura que tem cobertura de palha e chão de terra batida. Um indígena, destaca-se, sentado em uma cadeira de plástico na cor vermelha que está mais à frente dos demais. Ele veste blusa e bermuda na cor azul, usa óculos e traz pinturas nas pernas.

Nesse contexto, iniciativas de conservação e pesquisa são fundamentais para garantir a proteção e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. É nesse contexto que surge o projeto “Proteção Territorial, Monitoramento Ambiental e Gestão Sustentável da Terra Indígena Panará e Territórios Circunvizinhos no Corredor de Unidades de Conservação do Xingu”, uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Conservação Internacional (CI), o Instituto Socioambiental (ISA), a Associação Iakio e o Povo Panará.

Visando estabelecer um sistema de monitoramento participativo da biodiversidade no Território Indígena Panará, localizado entre os estados do Pará e Mato Grosso. Esse monitoramento não apenas ajudará a entender melhor a biodiversidade presente na região, mas também fornecerá informações valiosas para orientar estratégias de conservação e manejo do território.

Fotografia mostra grupo de homens em meio à mata nativa.

Além do monitoramento da biodiversidade, o projeto também visa fortalecer as ações de vigilância e patrulhamento dos limites legais do território, contribuindo para proteger as terras indígenas de invasões e atividades ilegais. Outro objetivo importante é buscar capacitar as comunidades locais na implementação de um plano de manejo sustentável, que inclui a gestão dos recursos hídricos e da biodiversidade.

O objetivo principal é estabelecer um monitoramento participativo da biodiversidade no Território Indígena Panará na divisa do estado do Pará com o Mato Grosso. Além disso, o projeto tem mais dois eixos que buscam contribuir na 1) Vigilância e patrulhamento de limites legais do território e na 2) na gestão territorial e capacitação para implementação do Plano de Manejo, água e biodiversidade que é realizado pela Associação Indígena Iakiô.

Fotografia posada de grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Conservação Internacional (CI), do Instituto Socioambiental (ISA) e representantes dos Povos Indígenas Panarás. Eles estão sob uma estrutura que tem teto coberto de palha e chão de terra batida.

A primeira fase do projeto, uma expedição de campo para a Aldeia Nasêpotiti e mais cinco aldeias da região, foi realizada no final do mês de março de 2024. A viagem científica contou com a participação dos professores do Programa de Pós-graduação em Ecologia (PPGECO) e Zoologia (PPGZOOL) da UFPA, Ana Cristina Mendes de Oliveira, Gleomar Fabiano Maschio, Leandro Juen, Luciano Fogaça de Assis Montag, Marcos Pérsio Dantas Santos e Thaísa Sala Michelan.

Em colaboração com os líderes e membros das comunidades Panarás, foram estabelecidas as estratégias para o monitoramento da biodiversidade aquática e terrestre, que incluem desde a identificação de insetos aquáticos, plantas aquáticas e peixes até a observação de aves, anfíbios, répteis e mamíferos. O projeto conta também com seis bolsistas (alunos da UFPA) que desenvolverão suas pesquisas de mestrados dentro do âmbito do projeto.

Os pesquisadores da UFPA descreveram a expedição como “única e inesquecível! Um momento de troca de conhecimento e, sobretudo, de muito aprendizado com os Paranás”.

Foram selecionados dez pesquisadores Panarás para serem bolsistas do projeto. Eles receberam capacitação  para participar ativamente das atividades de pesquisa e monitoramento. A abordagem participativa não apenas fortalece o envolvimento das comunidades locais na conservação de seus territórios, mas também contribui para o intercâmbio de conhecimentos e práticas entre cientistas e povos indígenas.

Fotografia de uma pesquisadora mostrando um banner para um indígena que está vestido com uma bermuda azul, usa um cocar na cabeça e traz o corpo pintado de preto e laranja. Ele observa o banner e segura uma das extremidades com a mão direita. Outras pessoas, homens e mulheres, aparecem na cena. Eles estão sob uma estrutura que tem cobertura de palha e chão de terra batido. Ao fundo, há um grande espaço de terreno limpo, onde uma mulher de vestido com estampa azul caminha e duas construções de madeira e mata nativa.

O projeto, financiado pela empresa americana Hewlett-Packard (HP), terá duração de quatro anos. Durante esse período, serão realizadas expedições de coleta de dados de biodiversidade, análises laboratoriais e avaliações da saúde dos ecossistemas locais. Além disso, serão desenvolvidos materiais educativos e de divulgação, destinados às comunidades Panarás e à população em geral, com o objetivo de sensibilizar sobre a importância da conservação da Amazônia e do respeito aos direitos dos povos indígenas.

O projeto representa um esforço conjunto para proteger e preservar a rica biodiversidade da Amazônia, enquanto valoriza e respeita os conhecimentos e a cultura dos povos indígenas. Além disso é um dos primeiros projetos de monitoramento participativo indígena envolvendo multitaxons que se conhece. A expectativa dos organizadores, é  “contribuir significativamente para o avanço do conhecimento e a conservação desse importante ecossistema. Sempre valorizando os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e promovendo o desenvolvimento sustentável da região”.

TEXTO: Leandro Juen, Luciano Fogaça de Assis Montag e Thaísa Sala Michelan (PPPGECO e PPGZOOL)

FOTOS: Divulgação do projeto

Relação com os ODS da ONU:

ODS 11 - Cidades e Comunidades SustentáveisODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do ClimaODS 14 - Vida na ÁguaODS 15 - Vida Terrestre

Leia também

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Email
Print
Pular para o conteúdo