Plano Regional de Mitigação dos Impactos do Mercúrio no Ambiente Amazônico e suas Populações será lançado no dia 1° de abril

Tremores, perda de memória, dores de cabeça, insônia e fraqueza muscular. Esses são alguns dos sintomas da contaminação por mercúrio no corpo humano. Já no meio ambiente, é possível observar a destruição do solo e o envenenamento do ar, da terra e dos rios. A exposição prolongada ao mercúrio, metal líquido e prateado usado durante a extração do ouro, tem crescido exponencialmente nos últimos anos, sobretudo na região amazônica, onde estão os territórios mais afetados pelo garimpo do Brasil. Esse cenário motivou uma parceria entre diversas instituições nacionais e internacionais para a elaboração do Plano Regional de Mitigação dos Impactos do Mercúrio no Ambiente Amazônico e suas Populações, que será lançado oficialmente mês que vem, dia primeiro de abril, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados em Brasília-DF.

O plano é resultado de uma grande articulação coletiva envolvendo organizações e especialistas, coordenada pela ONG World Wide Fund for Nature-Brasil. Para produzi-lo, representantes dos Ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas, pesquisadores de instituições como a Universidade Federal do Pará e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e conselheiros de movimentos indígenas se reuniram com o propósito de discutir e elaborar estratégias para atenuar os impactos da contaminação por mercúrio na Amazônia. 

“O documento foi construído de forma colaborativa e apresenta uma proposta com diversas ações, baseadas nas evidências científicas e contribuições das comunidades afetadas, para a mitigação dos diversos impactos provocados pelo metal, tanto no ambiente como nas populações, no entendimento de que, além das ações que previnam novas situações de contaminação e intoxicação, são necessárias ações que possam diminuir os impactos do que já foi afetado”, conta Maria Elena Crespo Lopez, professora da UFPA e atual coordenadora do Instituto Amazônico do Mercúrio (Iamer), a primeira rede interestadual dedicada especificamente ao problema da contaminação por mercúrio que integra pesquisa científica, treinamento profissional e engajamento comunitário, que foi uma das parceiras da WWF-Brasil durante a elaboração do plano. 

Segundo a professora, “o documento constitui um ‘mapa de rota’ construído colaborativamente entre academia, sociedade civil e Poder Executivo, com três eixos principais (saúde, segurança alimentar e segurança hídrica) e diversas ações dentro de cada eixo, por exemplo, aumentar a capacidade de testagem dentro da região amazônica.” O plano também inclui em suas propostas o incentivo a práticas seguras de pesca e consumo, a capacitação de profissionais de saúde e a execução de medidas para monitoramento da qualidade da água. 

Metilmercúrio e biomagnificação Com a alta do preço do ouro no mercado internacional e o subsequente fortalecimento do garimpo brasileiro, discutir as consequências da contaminação por mercúrio e combatê-las é urgente. Conforme dados recentes da Fiocruz, em algumas regiões da Amazônia, até 90% da população ribeirinha apresenta níveis elevados de mercúrio no organismo. Ainda de acordo com os pesquisadores, o contato com microrganismos terrestres e aquáticos transforma o mercúrio em metilmercúrio, substância 100 vezes mais tóxica que o mercúrio metálico. O metilmercúrio, por sua vez, acumula-se principalmente nos peixes e também em outros seres aquáticos, como: algas, tracajás (tartarugas), caranguejos, camarões etc. Quando consumidos pelos seres humanos, os alimentos contaminados geram um acúmulo ainda maior do metal no corpo, provocando graves consequências à saúde. 

A professora Maria Elena também ressalta a contribuição da Universidade Federal do Pará para a investigação: “As pesquisas da UFPA demonstram a expressiva subnotificação dos casos de exposição dentro do sistema de saúde, que atinge especialmente a Região Norte”. Por esse motivo, ela considera fundamental integrar e dar visibilidade às pesquisas que estão sendo realizadas pelas universidades amazônicas.

Quando indagada sobre a importância de apresentar os dados do plano ao poder público, Maria Elena concluiu: “O apoio parlamentar, neste momento, se torna essencial para que muitas dessas ações virem uma realidade e, ainda, para que aquelas que já estão sendo realizadas tenham apoio e continuidade, pois, infelizmente, o mercúrio, quando liberado no meio ambiente, demora muito tempo até ser fixado novamente” – isto é, até ser fixado no solo de modo a não circular mais na natureza. 

O lançamento do Plano Regional de Mitigação dos Impactos do Mercúrio no Ambiente Amazônico e suas Populações ocorrerá dia 1º de abril, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados em Brasília-DF. O evento será aberto ao público.  

Serviço:

Lançamento do Plano Regional de Mitigação dos Impactos do Mercúrio no Ambiente Amazônico e suas Populações

Data: 1º de abril de 2025

Local: Salão Nobre da Câmara dos Deputados, Brasília-DF

Acesse o plano no formato e-book aqui.

TEXTO: Gabriela Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Reprodução do plano

Relação com os ODS da ONU:

ODS 3 - Saúde e Bem-EstarODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação

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