O bioma amazônico conta com a maior diversidade de organismos do planeta, e a Universidade Federal do Pará (UFPA) está inserida nesse ambiente. O Campus do Guamá, em Belém, próximo ao rio e em contato com matas ciliares, é um espaço privilegiado de contato com essa diversidade. Por causa das características físicas e ambientais do campus, é comum a presença de animais, como aves, lagartos, insetos, aranhas, macacos e serpentes. Em sua maioria, esses animais não são perigosos, porém é preciso ter atenção e evitar qualquer tipo de contato. Na última segunda-feira, dia 22 de abril, uma aluna do curso de Direito da UFPA foi picada por uma cobra no Setor Profissional e reacendeu as preocupações dos frequentadores do campus. A presença dos animais e as providências que vêm sendo tomadas têm sido esclarecidas por pesquisadores e gestores da UFPA.
Não é raro encontrar no campus serpentes, como sucuris, cobras-verdes e cobras-cipós, que não apresentam peçonha, ou seja, não causam envenenamento, característica da maioria das serpentes amazônicas. No entanto, com menos frequência, podem ser encontradas serpentes potencialmente perigosas, como jararacas e cobras corais.
Espécies – Em um TCC apresentado em 2006, pela então aluna da UFPA Leandra de Paula Cardoso Pinheiro, hoje professora na Instituição, foram registradas 13 espécies de serpentes no campus, sendo apenas uma considerada peçonhenta, a Bothrops atrox, popularmente conhecida como jararaca.
Incidência em áreas urbanas – A população da Região Metropolitana de Belém, nos últimos meses, vem registrando a presença de serpentes em diversos lugares das áreas urbanas. “Em função das chuvas intensas aliadas às altas de marés, elas são obrigadas a sair de suas tocas, buscando ambientes mais altos e secos. O mesmo vem ocorrendo no Campus da UFPA em Belém. As intensas chuvas promovem o alagamento de várias áreas, que são potenciais abrigos de serpentes, fazendo com que se desloquem para áreas mais altas, como passarelas e rampas”, explica a professora do Laboratório de Herpetofauna Maria Cristina Costa.
Além do ambiente mais seco, as serpentes necessitam se aquecer, por isso buscam locais com maior temperatura, como passarelas, pisos e corredores que aquecem durante o dia e mantêm o calor durante a noite, sendo um ambiente propício para serpentes que buscam um ambiente mais confortável.
Integração da Universidade com o meio ambiente – Ao longo de mais de seis décadas, a Cidade Universitária passou por mudanças significativas, incluindo a expansão da área construída, por causa do aumento do número de vagas e da abertura de novos cursos de graduação e pós-graduação. Por essa razão, a Prefeitura Multicampi vem trabalhando, com as diversas unidades da UFPA, visando à construção de uma Universidade integrada e socioambientalmente responsável.
Para manter a segurança dos frequentadores dos aproximadamente 900.000 m², a Prefeitura Multicampi da UFPA coordena ações relativas à infraestrutura viária (calçamento e passarelas), urbanística, paisagística, esgoto, drenagem e gestão da coleta seletiva de resíduos sólidos dentro da Cidade Universitária José da Silveira Netto. Todos os dias, é realizada a limpeza dos ambientes do campus, bem como roçagem e limpeza das áreas abertas, lavagem das passarelas, calçadas e áreas destinadas à garagem/estacionamento, combate a pragas e vetores nas unidades, além da podagem de árvores e da manutenção das áreas verdes.
Ainda assim, durante o período do inverno amazônico, mesmo com todos os serviços sendo feitos diariamente, torna-se mais frequente a presença de animais no Campus de Belém, uma vez que eles costumam buscar abrigo. Para que quaisquer tipos de incidentes sejam evitados, a professora Maria Cristina Costa orienta que os frequentadores da Cidade Universitária evitem contato direto.
“Serpentes não atacam deliberadamente, apenas se defendem em caso de agressão ou contato direto. Portanto nunca se deve manipular esses animais sem o uso de equipamentos adequados. Caso encontre uma serpente, procure se afastar, chamar um segurança ou entrar em contato com o Laboratório de Ecologia e Zoologia de Vertebrados do Instituto de Ciências Biológicas, por meio do número 3201-8420”, informa a professora Maria Cristina.
Além do Laboratório, é importante que, ao identificar algum animal no campus, o frequentador também entre em contato com a Diretoria de Segurança (DISEG) pelo e-mail diseg@ufpa.br ou pelo telefone (91) 3201-7390.
Como se comportar – Caso a pessoa seja mordida ou picada por uma serpente, independente se ser peçonhenta ou não, deve-se lavar o local, de preferência com água e sabão, e buscar atendimento médico imediatamente. Em Belém, o Hospital de Pronto Socorro Municipal, Travessa 14 de Março, 500 – Umarizal, realiza atendimento de urgência e possui o soro antiofídico específico.
Caso haja dúvidas, o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) também dispõe do Centro de Informações Toxicológicas (CIT), serviço que oferece informações sobre diagnóstico e formas de tratamento às vítimas de animais peçonhentos e intoxicação por meio de medicamentos, tanto às unidades de saúde do Pará como às de outros Estados brasileiros. O serviço de orientação pode ser consultado por meio do número 0800 722 6001.
Na noite da última segunda-feira, o Pronto Socorro Municipal recebeu a aluna universitária que foi mordida por uma cobra. Após aplicação do soro antiofídico, a aluna foi transferida para outro hospital, no qual fez uma cirurgia de fasciotomia, para liberar e descomprimir a musculatura da perna, melhorando a circulação. A Administração Superior da UFPA fez contato com a aluna logo que tomou conhecimento da ocorrência e mobilizou uma equipe médica do HUJBB para prestar assistência e acompanhar a evolução de sua recuperação. No momento, a aluna está sendo assistida por um cirurgião vascular e um infectologista do Hospital Barros Barreto.
Texto: Assessoria de Comunicação da UFPA com informações da ASCOM EBSERH
Foto: Nayana Batista