Segue, até o próximo dia 13 de setembro, em Belém, a programação que marca os 10 anos de história do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFPA (PPGECO). A abertura, realizada no dia 8 de setembro, reuniu professores, estudantes, avaliadores externos e convidados em um encontro que destacou tanto os avanços da ciência produzida na região quanto os desafios futuros diante das mudanças climáticas.
“Vivemos tempos em que a crise climática já não é previsão, é realidade. O calor, as chuvas irregulares, as secas extremas, tudo nos lembra, dia após dia, que o planeta mudou. E, nesse cenário, a Amazônia não é apenas uma paisagem, não é apenas floresta, é o coração climático da Terra. Fazer pesquisa e contribuir para mitigar esses problemas, aliando o conhecimento científico às questões socioambientais, é primordial. É um trabalho que coloca em relevo a importância do PPGECO”, enfatizou o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, ao parabenizar o PPGECO pelas contribuições à ciência na Amazônia.
Para o coordenador do PPGECO, Luciano Montag, é importante que essa trajetória em favor da produção científica na Amazônia seja celebrada e reconhecida. “As ações realizadas aqui têm forte impacto global, especialmente sobre as mudanças climáticas, o que chama ainda mais a atenção, por causa da Conferência das Partes (COP 30). Os ecólogos que a gente está formando aqui vão ser os futuros tomadores de decisões, com grande relevância para o nosso contexto. Daí se pode mensurar a importância dos 10 anos de formação de mestres e doutores para atuar aqui, na Amazônia”, disse.
PPGECO – O Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO), com sede no Instituto de Ciências Biológicas da UFPA (ICB), oferece cursos de mestrado e doutorado na área de Ecologia, com foco na formação de pesquisadores críticos para o avanço do conhecimento e a atuação em ecossistemas amazônicos e outras áreas, com destaque para a produção científica de alto impacto, atuação em pesquisa acadêmica e na sociedade.
“Esses dez anos são apenas o começo de uma história que queremos longa e transformadora. O PPGECO nasceu para formar ecólogos e ecólogas comprometidos com a Amazônia. Hoje, temos orgulho de ver nossos egressos atuando em universidades, órgãos públicos e organizações sociais, mostrando que a ciência produzida aqui tem impacto direto na vida das pessoas”, pontuou a professora Thaisa Michelan, que também faz parte da coordenação do PPGECO.
Pesquisador vinculado ao programa, o professor Leandro Juen também ressaltou o papel estratégico do programa para a UFPA e para a região Pan-Amazônica, ao formar mestres e doutores que hoje atuam em diferentes setores, tendo um compromisso com a conservação e o uso sustentável da biodiversidade.
“O PPGECO representa a força da ciência amazônica, valorizando o conhecimento local e formando ecólogos e ecólogas preparados para enfrentar os grandes desafios socioambientais da região. É um orgulho para todos nós ver o PPGECO se consolidando e contribuindo para que a UFPA seja destaque em biodiversidade na Pan-Amazônia”, apontou o professor.
Programação – A abertura do evento comemorativo contou, ainda, com a participação do doutorando Lucas Pires de Oliveira, que apresentou a sua tese sob o tema Efeitos do uso e cobertura da terra na diversidade de macroinvertebrados e peixes de riachos na Amazônia e no ocidente da Península Ibérica, que aponta a importância dos riachos amazônicos e dos igarapés, com um alerta para as ameaças que esses ecossistemas têm sofrido.
“Os riachos não possuem todas as espécies de interesse comercial, mas são fundamentais porque sustentam grande parte do volume de água da Bacia Amazônica e dão origem aos grandes rios, nos quais a vegetação ripária fornece abrigo e alimento para a fauna aquática, especialmente aos peixes dos igarapés, que são extremamente diversos e únicos”, explicou o pesquisador.
Lucas também ressaltou a necessidade de se olhar não apenas para os impactos recentes, mas também para os chamados efeitos de legado, que mostram como as ações do passado continuam influenciando as comunidades aquáticas hoje. “Mesmo pequenas perdas de cobertura vegetal já geram declínios significativos na diversidade de peixes”, concluiu.
Como parte da programação dos 10 anos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, nos próximos dias 12 e 13 de setembro, também serão oferecidos minicursos voltados para estudantes de graduação, com temas práticos e atuais sobre biodiversidade e ecologia amazônica.