A Universidade Federal do Pará, representada pelo professor Carlos Portela, do Campus do Tocantins/Cametá, participou da Digital Learning Week, evento realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre os dias 2 e 5 de setembro. Realizado na Sede da Unesco, em Paris, o evento reuniu pesquisadores, gestores e educadores do mundo todo para debater sobre o uso responsável da Inteligência Artificial na educação. O encontro teve como tema “IA e o futuro da educação: disrupções, dilemas e direções”.

O tema teve o intuito de debater a crescente integração da IA na educação, apresentando oportunidades transformadoras e desafios complexos, que envolvem a remodelação da pedagogia, currículos e governança educacional, ao mesmo tempo que levanta questões de equidade, ética e agência humana. O debate buscou traçar caminhos para a integração equitativa, ética e orientada para o ser humano na educação, garantindo que a tecnologia sirva como uma força de inclusão e para o progresso. 

No encontro, Carlos Portela compartilhou um trabalho desenvolvido em escolas ribeirinhas de Cametá (PA), município a quase 5 horas de Belém, demonstrando o potencial das soluções de IA Unplugged para reduzir desigualdades educacionais em regiões com baixa conectividade. A experiência foi significativa por expressar a contribuição da UFPA em debates internacionais de alto impacto e por conectar o contexto amazônico com as discussões globais sobre inovação, inclusão e justiça social. 

“Levar esse debate para a Unesco Digital Learning Week, em Paris, é dar visibilidade global aos desafios e soluções que estamos aplicando na Amazônia Tocantina. Mostra que a UFPA está engajada em questões internacionais e contribui para pautar políticas públicas globais sobre inclusão digital e uso ético da IA na educação. Também abre portas para a cooperação internacional e traz novas ideias que podemos adaptar para nossas escolas”, comenta o professor Carlos Portela.

AIED Unplugged – O Projeto AIED Unplugged, iniciativa de uso de Inteligência Artificial na Educação, funciona em locais sem acesso à internet, sem necessidade de dispositivos pessoais e com baixa exigência de habilidades digitais. Ele tem sido implementado em grande escala no Brasil desde 2022, apresentando resultados significativos em três aplicações: na Alfabetização, solução utilizada em mais de 8.000 escolas públicas no Brasil, atendendo a mais de 164 mil alunos, com melhoria significativa na escrita de textos; na Matemática, em que foi um projeto-piloto que analisou mais de 5.200 exercícios de Matemática manuscritos de 350 alunos para apoiar decisões pedagógicas; e na Predição de Evasão, tecnologia usada em 386 escolas, beneficiando mais de 16.000 estudantes e ajudando na construção de políticas de prevenção de evasão.

O projeto, que é desenvolvido pela Universidade Federal do Alagoas (Ufal) e  tem parceiros institucionais, como a UFPA, também conta com parcerias com redes públicas de ensino de maneira colaborativa, sempre levando em consideração o contexto social em que essas escolas se enquadram. Entre os benefícios que o projeto traz, está a melhoria da aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática, redução da evasão escolar e apoio às redes de ensino. 

“Acredito que a universidade tem um papel fundamental em transformar conhecimento científico em soluções que impactem a vida das pessoas. Levar pesquisas de ponta, como IA na Educação, para a realidade de escolas ribeirinhas do Baixo Tocantins significa poder reduzir desigualdades, melhorar oportunidades para os alunos e valorizar os professores”, finaliza Portela.