O Projeto Tecnologia Social: Formação de Agentes de Inovação Socioambiental (TS-AGIS) do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA) obteve certificação na décima edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. A iniciativa promove a troca de experiências entre agricultores, pesquisadores, estudantes e extensionistas, baseada na prática agroecológica em torno da produção orgânica e da segurança alimentar. O projeto é um dos sete da Região Norte do Brasil a ser certificado na premiação, em 2019.
O objetivo do projeto é formar agentes de inovação socioambiental para o fortalecimento das populações nos locais de atuação. Além disso, busca reafirmar o conhecimento agroecológico e as inovações sociotécnicas, de forma a estimular a participação de todos na construção de sistemas de agricultura sustentável. Assim, trata-se de um processo de aprendizagem mútua, no qual não há “ciência feita", e sim ciência em "ação-construção".
“Podemos dizer que a TS-AGIS, ao mesmo tempo em que proporciona ‘reflexão-na-ação’, caminha pari passu (no mesmo ritmo) com a experiência social das famílias camponesas, se constituindo em um instrumento metodológico de reforço das capacidades de ação local e de empoderamento dessas populações,” afirma o professor Aquiles Simões, coordenador do projeto. Ele conta que o projeto é a primeira experiência da UFPA de formação de quadros com características de intervenção socioambiental certificada como Tecnologia Social.
A TS-AGIS é um curso de especialização. Os profissionais que participam passam por um processo de seleção em que o principal critério é a motivação e a capacidade de engajamento na construção do conhecimento interdisciplinar voltado para o fortalecimento da população rural. Esses profissionais são provenientes de qualquer área do conhecimento e devem possuir diploma de graduação reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) .
Entre as cidades paraenses onde a tecnologia social já foi implementada, estão Abaetetuba, Acará, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri, Mocajuba e Tailândia. Em muitas destas, várias comunidades já foram impactadas pelas ações do projeto. O público-alvo da TS é composto por agricultores familiares, alunos do Ensino Superior, crianças, jovens, lideranças comunitárias, pescadores, povos tradicionais etc.
Resultados – A TS formou 70 profissionais em nível de pós-graduação lato sensu para atuar como Agente de Inovação-Intervenção Socioambiental (AGIS). Cada profissional produziu uma monografia com os saberes constituídos na interface entre o saber popular e o saber científico. Além disso, o projeto também desenvolveu pesquisas e soluções ecológicas para ajudar a solucionar o problema da falta de água potável, formulou planos de ações de desenvolvimento sustentável, elaborou cartilhas sobre segurança alimentar e nutricional para divulgação em escolas, promoveu a visibilidade do trabalho de artesãs e pequenas produtoras, trabalhou para a valorização da cultura quilombola, com a produção do CD dos cantos da simbolada, entre diversas outras ações.
Parcerias – O projeto contou com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFPA) para a criação e a consolidação da TS-AGIS no âmbito dos Programas de Extensão Universitária do Ministério da Educação (PROEXTs/MEC) e para o reforço desse tipo de ação nos campi do interior. Além disso, o acolhimento da TS-AGIS no NUMA, no seio do Programa de Formação Interdisciplinar em Meio Ambiente (PROFIMA), em interação com o Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM), serviu como um nicho fértil para a aplicação da iniciativa.
Sobre o Prêmio – Criado em 2001 e realizado bienalmente, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social é o principal instrumento de identificação e certificação de tecnologias sociais que compõe o Banco de Tecnologias Sociais (BTS). É destinado a entidades sem fins lucrativos, como instituições de ensino e de pesquisa, fundações, cooperativas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais de direito público ou privado, legalmente constituídos no Brasil e nos países da América Latina.
O BTS – O Banco de Tecnologias Sociais é uma base de dados on-line que reúne atualmente 1.110 metodologias certificadas por solucionarem problemas comuns às diversas comunidades brasileiras nas áreas de Alimentação, Educação, Energia, Habitação, Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Renda, Saúde. Acesse aqui para conhecer mais.
Para o professor Aquiles Simões, a certificação da TS-AGIS e consequente integração ao BTS “coroa todo o investimento feito pelo Grupo de Estudos Diversidade Socioagroambiental na Amazônia (GEDAF), na formação de quadros e de construção de competências para o desenvolvimento rural que tem sido realizado desde 2012. Abre também maiores possibilidades de continuidade desse tipo de ação diante do cenário atual.”
Mais detalhes sobre o Projeto Tecnologia Social: Formação de Agentes de Inovação Socioambiental (TS-AGIS) podem ser conferidos no site da Fundação BB, aqui.
Texto: Adams Mercês – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Divulgação