O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, e a pró-reitora de Internacionalização (Prointer/UFPA), Lise Tupiassu, participaram da segunda edição do Fórum de Reitores das Universidades do Brics+ realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nos dias 6 e 7 de junho. O encontro reuniu lideranças acadêmicas, autoridades governamentais e representantes da comunidade científica dos países que integram o Brics. Desde a sua formação, o bloco, composto por países considerados emergentes, busca promover o desenvolvimento socioeconômico, de modo a garantir maior inserção dessas nações no cenário mundial. No âmbito acadêmico, essas iniciativas ganharam relevância e resultaram na assinatura de diversos acordos entre universidades brasileiras e estrangeiras.
Em apresentação realizada no segundo dia do evento, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, debateu sobre a temática de combate à pobreza, destacando a importância da Amazônia e seus potenciais para a solução dos problemas socioambientais no país, bem como a relevância da presença dos povos originários e populações tradicionais em um espaço de escuta e integração.

“A Amazônia é um bioma de complexidade única, cuja imensa diversidade biológica, com milhares de espécies vegetais e animais, sustenta ecossistemas e modos de vida ancestrais. O sistema hídrico amazônico, com seus rios e afluentes, é essencial para o abastecimento da agricultura, da pesca, do transporte, da cultura e da própria existência de seus povos. Mas, para além dos animais, das águas, dos rios e das florestas, que são muito importantes, na Amazônia existem seres humanos, cidades e populações, e a gente precisa registrar e chamar a atenção para que possa ser feito esse diálogo com todos”, destacou o reitor da UFPA para, então, lembrar a contradição que existe entre a abundância natural e os baixos indicadores socioeconômicos que afetam as pessoas que vivem nesse território.
“A nossa região é marcada por um paradoxo radical: de um lado, um território de abundância; e do outro, uma história marcada pela negação de direitos, insegurança alimentar, ausência de serviços básicos e persistente exclusão social. As cidades amazônicas estão entre aquelas com menor IDH do Brasil. O município de Melgaço, no Pará, por exemplo, apresenta um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do país. Se você for ao Marajó e observar as condições climáticas, os rios, as florestas e os animais, você vai ficar surpreendido que a população viva nesse índice de pobreza, em uma região que tem tudo para proporcionar às pessoas dignidade e, infelizmente, não consegue”, exemplificou.
De acordo com Gilmar Pereira da Silva, essa controvérsia é resultado de um ciclo de privações agravado por quatro fatores estruturantes: o isolamento geográfico, que limita o acesso a direitos e oportunidades; a perpetuação de modelos de desenvolvimento incompatíveis com a realidade amazônica; o desmatamento, que compromete os meios de vida das pessoas locais e o abandono histórico por parte de instituições públicas e privadas de uma região que convive com muitos desafios.
“É neste cenário que as universidades públicas brasileiras, em especial as universidades amazônicas, se consolidam e se posicionam como agentes de transformação. Elas desempenham um papel central, como instituição de Estado, como catalisadoras do desenvolvimento humano, científico e social. A nossa missão transcende a formação acadêmica. A universidade assume a tarefa de produzir conhecimento socialmente referenciado, voltado à superação das desigualdades e à promoção da justiça socioambiental”, completou o reitor.


Acordos de cooperação – Ao encerrar a sua apresentação no evento, o reitor da UFPA aproveitou para lembrar a importância de as universidades se unirem nesta missão de transformação social conectada aos territórios, aos saberes tradicionais e à luta em defesa dos direitos humanos.
“Em um mundo atravessado por crises múltiplas – climática, alimentar, democrática e econômica -, as universidades permanecem como faróis de esperança à razão pública. Então, que saibamos construir uma aliança entre saberes e povos, que transforme o conhecimento em justiça e a solidariedade em futuro compartilhado. Nesse sentido, a UFPA se coloca à disposição para integrar esse esforço coletivo, no âmbito dos Brics, com humildade, compromisso e uma profunda convicção de que a cooperação entre universidades pode e deve fazer a diferença”, finalizou Gilmar Pereira da Silva.
Com este objetivo de buscar cada vez mais a união entre produtores de conhecimento científico em prol do desenvolvimento social, ainda durante a agenda do evento, o reitor da UFPA formalizou acordos de cooperação institucional entre a Universidade Federal do Pará e o Moscow Power Engineering Institute (MPEI-Russia), a Lomonosov Moscow University (MSU- Russia), o Pushkin State Russian Language Institute (Russia); o Moscow State Institute of International Relations (MGIMO – Russia), a University of the Western Cape (UWC – South Africa) e a OP Jindal Global University (JGU – Índia).
A segunda edição do Fórum de Reitores das Universidades do Brics+ foi encerrada com a publicação da Declaração do Rio de Janeiro, assinada por todos os reitores presentes.



