A arte, em suas diversas formas, como a dança, a música e o teatro, desempenha um papel crucial na inclusão social de indivíduos e grupos marginalizados. Por meio da expressão artística, estudantes e professores da Universidade Federal do Pará abordaram as possibilidades de implementar Metodologias Assistivas na Educação durante uma roda de conversa realizada na 76º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Marco Antônio, discente de Licenciatura em Dança, veio à SBPC comunicar suas experiências como pessoa com deficiência e bailarino. “O artista já é invisibilizado quando ele tem uma deficiência, a situação piora. A gente tem essa problemática em ocupar espaços, pois pensam nos PCD apenas como plateia, não se pensa na pessoa com deficiência como artista”, destaca o estudante. A invisibilidade dos artistas com deficiência e a falta de oportunidades para que participem de espaços artísticos como protagonistas são obstáculos que precisam ser combatidos.
Entre as atividades desenvolvidas na Faculdade de Dança da UFPA, está a elaboração de uma linguagem de Libras para o ensino de passos de Balé Clássico, realizada pela professora Uisis Paula Gomes. Nela foram traduzidos mais de 60 termos da dança para a linguagem de sinais, com o intuito de promover uma interação entre professores e estudantes surdos. “Como eu sou representante da comunidade surda, sempre me perguntei como seria essa inclusão. No Balé Clássico, também existem pessoas que desejam aprender”, expõe a pesquisadora.
Da mesma forma, o pesquisador e musicista Áureo Júnior, que coordena a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia Inclusiva (OVAi) e leciona para pessoas com Espectro Autista e Síndrome de Down, é necessário o uso de métodos mais assertivos para o ensino das Artes. “Desenvolver uma tecnologia assistiva para reproduzir o aprendizado profissional de pessoas com outras condições, considero uma das coisas mais importantes. Nós precisamos evitar a comunicação tradicional voltada exclusivamente para as pessoas neurotípicas”, diz o professor.
Formação de professores – As Ações Afirmativas de Inclusão de estudantes com deficiência no ensino superior são relativamente recentes. Segundo dados de 2022 da Coordenadoria de Acessibilidade da UFPA, 927 alunos PcD ingressaram na universidade e a Universidade segue buscando maneiras de garantir a permanência dessas pessoas. Entre as ferramentas utilizadas para que a inclusão seja total, a formação docente especializada em Metodologias de Ensino Inclusivo e Tecnologias Assistivas é crucial para garantir um ambiente de aprendizagem acessível e acolhedor para todos os estudantes.
“A gente também, como professores, precisa de muito apoio e formação que são necessários para o cotidiano de desafios com crianças e adolescentes. Parece que a gente é jogado nesse cotidiano junto com esses estudantes, e vamos nos conhecendo e aprendendo a nos virarmos, e não deveria ser assim. Há uma necessidade de busca, de humanização dessas práticas, de humanização da escola e de percepção da inclusão como algo necessário para a educação como um todo”, enfatiza a professora Daniely Meireles de Rosário.