Apesar da associação mais frequente aos rios de água doce e às florestas, a Amazônia também possui relação com o mar. Isto porque as divisas do Pará, do Amapá e do Maranhão localizam-se às margens do oceano Atlântico. Além disso, esses estados concentram a maior parte dos manguezais brasileiros – que são ecossistemas de transição entre a terra e o mar, o que faz com que a região tenha uma grande importância estratégica para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), instituída pelas Nações Unidas. Esse foi o tema debatido pelo professor Ronaldo Adriano Christofoletti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na Conferência “A ciência que precisamos para o oceano que queremos: a importância da Amazônia para a Década do Oceano”.
De maneira ampla, foram lançados dez desafios para a Década do Oceano: Compreender e vencer a poluição marinha; Proteger e restaurar ecossistemas e biodiversidade; Alimentar de forma sustentável a população global; Desenvolver uma economia oceânica sustentável e equitativa; Desbloquear soluções baseadas no oceano para as alterações climáticas; Aumentar a resiliência da comunidade aos riscos oceânicos; Expandir o Sistema Global de Observação do Oceano; Criar uma representação digital do oceano; Competências, conhecimentos e tecnologia para todos e Mudar a relação da humanidade com o oceano.
Christofoletti explica que, ao final da década, se espera que os desafios propostos sejam mensurados em sete grandes resultados: oceanos limpos, saudáveis, resilientes, produtivos, seguros/previsíveis, acessíveis e promovedores de engajamento social. Neste sentido, é fundamental estreitar os conhecimentos sobre a Amazônia e o oceano.
“Não existe o Verde sem o Azul. Maior parte do planeta, o oceano controla a temperatura do ar, os ciclos da chuva e produz a maioria do oxigênio da Terra. No entanto a Amazônia, com seus ecossistemas terrestres, tem maior importância planetária, em especial pela biodiversidade. Compreender como esses dois mundos dialogam, aprendendo, sobretudo, com os povos originários, pode ampliar o olhar para a Década do Oceano”, afirma.