menu de acessibilidade
TAMANHO DA FONTE

Seminário discute os impactos de grandes empreendimentos na região do Xingu

"11.12.2018

Estudos realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontam graves problemas sociais, ambientais e políticos provocados pela instalação de dois grandes empreendimentos na Região do Xingu, no sudeste do Pará. O relatório das pesquisas sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte e o Projeto Volta Grande da Mineração, empreendimento da mineradora canadense Belo Sun, foram apresentados nesta quinta-feria, dia 11 de janeiro, durante o Seminário “As Veias Abertas da Volta Grande do Xingu”.

"11.12.2018A programação, realizada no auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes, no Campus da UFPA em Belém, reuniu pesquisadores, representantes do Ministério Público Federal, de Movimentos Sociais e estudantes, para discutir os impactos causados por esses grandes projetos instalados na Região do Xingu.

De acordo com a pesquisadora Rosa Acevedo, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA), o relatório levanta vários questionamentos referentes à instalação da mineradora canadense, que se propõe a explorar ouro na região. “A Belo Sun se instala numa área de projeto de assentamento que é de 1996 e observamos que ocorre um processo pouco claro sobre a  chamada desafetação administrativa que é realizada pelo Incra. Tem, ainda, a questão dos indígenas da terra Paquiçamba que não foram consultados, e outro ponto grave está relacionado ao licenciamento ambiental, que implica numa série de problemas que não foram resolvidos, como por exemplo, o que vai ocorrer com o uso do cianeto, porque se trata de um projeto de mineração a céu aberto, que tem uma série de implicações ambientais que não são totalmente identificadas”, aponta a pesquiadora.

"11.12.2018Rosa Acevedo explica que o levantamento sistemático dos dados foi realizado a partir de fontes como o Ministério Público e através de consultas a fontes secundárias, como jornais. “O que vai ser discutido aqui terá muita relevância para a questão de como podemos controlar o que as mineradoras trazem como proposta e o risco que se implica para uma grande área que vai ser afetada. Como se pode instalar a 13 km de distância da hidrelétrica de Belo Monte um empreendimento (Belo Sun) que vai produzir detonações que vão ter impactos sobre a própria estrutura da barragem?, questiona.

Para a coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antônia Melo da Silva, a instalação desses empreendimentos é preocupante porque atinge não só a Volta Grande do Xingu, mas todo o curso da bacia do rio e a todos os povos da região. “Vivemos impactos monstruosos, crimes ambientais sem limites. O apoio de pesquisadores da UFPA tem sido fundamental para fortalecer a luta em defesa da vida do rio e dos seus povos”.

"11.12.2018Desagravo – Além de abrir um espaço para debates sobre a intervenção socioambiental e política de grandes empreendimentos na Região do Xingu, o Seminário representou uma sessão de desagravo aos pesquisadores, aos grupos de investigação e à própria UFPA, pela violência que ocorreu no dia 29 de novembro de 2017, quando a realização do seminário foi interrompida. Naquela ocasião, o prefeito do município de Senador José Porfírio (PA), Dirceu Biancardi, coordenou a invasão ao auditório onde ocorria o seminário de pesquisa acadêmica na UFPA. Um grupo de pesquisadores, professores, estudantes e integrantes de movimentos sociais foi duramente hostilizado e impedido, por mais de 30 minutos, de sair do local.

O reitor Emmanuel Tourinho reiterou o papel da Universidade como instituição acadêmica e científica para investigar, difundir o conhecimento que produz e analisar criticamente todos os dados que são levantados. “A universidade em qualquer nação do mundo, só existe com autonomia. Ou há autonomia ou não há universidade, e nenhuma sociedade pode prescindir de uma instituição como a universidade, que produz conhecimento e pensa criticamente os problemas da sociedade, sem estar submetida a ingerências políticas ou interesses econômicos privados”.

"11.12.2018O Seminário “Veias abertas da Volta Grande do Xingu” é resultado da parceria entre a Universidade Federal do Pará, a Faculdade de Etnodiversidade/ Campus Altamira (UFPA), a Universidade do Estado do Amazonas, os Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia e Cartografia da Cartografia, o Grupo de Pesquisa Lab Ampe (UFPA), a Fundação Rosa Luxemburgo, Cooperativa Mista dos Garimpeiros da Ressaca, Gallo, Ouro Verde e Ilha da Fazenda (COOMGRIF), o Movimento Xingu Vivo Para Sempre, com o apoio da Fundação Ford.

Texto: Ericka Pinto – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes

Leia também

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Email
Print
Pular para o conteúdo