Seminário franco-brasileiro debate alternativas jurídicas e conhecimentos amazônicos para o enfrentamento da crise climática

Com o tema “Amazônia, fonte de respostas jurídicas às questões climáticas e aos limites planetários”, o Seminário Franco-Brasileiro na COP 30, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), promoveu uma série de debates entre pesquisadores brasileiros e francófonos sobre as respostas éticas, jurídicas e epistemológicas necessárias para mitigar os efeitos da crise climática global. O encontro reforçou a centralidade da região amazônica na construção de soluções sustentáveis e na formulação de políticas baseadas em saberes tradicionais e contemporâneos.

A iniciativa integra o conjunto de ações de cooperação científica e diplomática trazidas pela Caravana Científica Intercultural Iaraçu, que percorre a Amazônia em defesa da biodiversidade, fortalecendo intercâmbios entre Brasil e França. Durante o seminário, as discussões enfatizaram que a Amazônia deve ser compreendida como um território produtor de conhecimento, capaz de orientar princípios éticos e jurídicos para o enfrentamento da crise climática. Os pesquisadores reforçaram a necessidade de desfragmentar os regimes jurídicos ambientais, articular o direito internacional às realidades locais e reconhecer a floresta como sujeito de direitos.

Fotografia de um sala de aula com várias pessoas sentadas em cadeiras azuis, atentas ao fundo da imagem, onde um pessoa está em pé.

Também foram apresentadas reflexões sobre ações conjuntas entre instituições de pesquisa, povos tradicionais, comunidades indígenas e populações da Guiana Francesa, o que evidencia a importância de um diálogo transfronteiriço e intercultural para a proteção da biodiversidade amazônica.

A professora da UFPA Eliane Moreira destacou, em sua fala, que o seminário proporcionou uma troca significativa entre pesquisadores que investigam a Amazônia sob diferentes perspectivas, ainda que complementares. “Falei sobre o direito de povos e comunidades tradicionais, destacando os desafios do Brasil e da França. No Brasil, apesar de termos várias normas, ainda temos dificuldades de implementação; e na França, há a falta de reconhecimento de direitos, como a Convenção 169 da OIT”, ressaltou.

As contribuições dos especialistas franceses reforçaram a preocupação com a proteção da floresta no cenário internacional. Regimes jurídicos do clima, princípios de conservação e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) foram apresentados como instrumentos capazes de responsabilizar países historicamente emissores de gases do efeito estufa, o que oferece caminhos concretos para financiamento e preservação. 

O secretário-geral do Movimento pela Decolonização e Emancipação Social (MDES) da Guiana Francesa, Fabien Canavy, destacou que a troca proporcionada pelo evento reforça as semelhanças entre Brasil e Guiana Francesa e a necessidade de reconhecer os saberes locais. “Para mim, é muito importante, porque faz parte do nosso território e temos muitas similaridades, como comunidades tradicionais e etnias indígenas. Foi muito bom assistir à apresentação da professora Moreira, porque ela coloca o ser humano no centro da questão da biodiversidade e reconhece os saberes das comunidades tradicionais como comunidades de ciência”, afirmou.

TEXTO: Luan Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Luan Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do ClimaODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação

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