O maior encontro de iniciação científica da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi realizado de 6 a 10 de novembro, com conferências, minicursos, apresentações de trabalhos e premiações a bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFPA (Pibic).
A abertura da programação ocorreu no Centro de Eventos Benedito Nunes, com grande presença de estudantes, professores e técnicos da Instituição. Com cerimonial conduzido pelo jornalista João Jadson, egresso da UFPA, as atividades começaram com a mesa de abertura, composta pelo reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho; pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Iracilda Sampaio; pelo representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Flávio Anastácio Camargo; e pela diretora de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), Germana Sales.
Durante os pronunciamentos, a diretora de Pesquisa da Propesp, Germana Sales, emocionou-se ao falar da importância da iniciação científica para a universidade. “Este é um momento muito feliz de culminância do trabalho de pesquisa desenvolvido por pesquisadores em formação”, celebrou. Ao citar vários desafios da convivência global contemporânea, questionou: “Qual é o nosso papel como Academia? Devemos desenvolver como competência o humanismo para a prática do bem viver. Os estudos realizados, que serão apresentados ao longo do Seminário de Iniciação Científica, certamente relacionam a excelência com uma experiência cultural e científica da nossa região”, anunciou.
O professor Flávio Camargo, representando o CNPq, recordou o período em que foi bolsista Pibic: “Foi nesse momento que percebi que podia ser cientista”, revelou. Ele atribui à iniciação científica o percurso acadêmico que seguiu após a graduação, indo para o mestrado e o doutorado. Por fim, desafiou os jovens estudantes: “Vocês estão começando. Olhem com criatividade e coragem para o processo formativo de vocês”.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Iracilda Sampaio, destacou que a iniciação científica tem sido a base para a consolidação da UFPA como polo produtor de conhecimento na e sobre a Amazônia. Citou o avanço extraordinário da pós-graduação da Instituição, figurando hoje entre as seis maiores universidades em número de programas de pós-graduação do Brasil, com excelentes resultados nas avaliações nacionais e internacionais. Assim, fez um convite aos bolsistas Pibic: “Quero vê-los no mestrado, no doutorado e futuramente como docentes da UFPA. Sonhem alto e persigam os sonhos”, propôs.
O reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, reforçou o valor institucional da iniciação científica, lembrando que, mesmo em momentos de maior dificuldade financeira, as bolsas estudantis e de pesquisa não sofreram cortes, pelo contrário, foram ampliadas as oportunidades na Universidade, como a criação do Estágio Pibic Verão. Também louvou o trabalho dos bolsistas e dos orientadores: “Saúdo os professores que orientam trabalhos de iniciação científica. Essa não é uma tarefa impositiva. Quem faz tem compromisso com a formação de novas gerações de cientistas. Saúdo também os alunos bolsistas que se dedicam a essa oportunidade extraordinária de aprendizagem e crescimento profissional e pessoal. Vocês são fundamentais para o sucesso da Universidade e alicerces do sistema de produção e formação científicas”, afirmou o reitor.
Após os pronunciamentos, houve uma apresentação cultural de música, poesia e percussão, performada pela estudante de doutorado da UFPA Márcia Kambeba e pelo percussionista Rafael Barros, com cânticos entoados em Nheengatu e Português.
Conferência – Na sequência da programação, a professora Cláudia Linhares, da Universidade Federal do Ceará e secretária-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), proferiu a conferência intitulada “Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional: Onde Estamos?". Para desenvolver o tema, a pesquisadora rememorou momentos e personagens históricos que fizeram e fazem parte da trajetória da ciência no Brasil, desde a chegada da corte portuguesa e das primeiras expedições naturalistas no século XIX até a institucionalização da ciência ao longo do século XX, movimento este ainda em permanente luta pela garantia de investimento e manutenção/fortalecimento de instituições como a SBPC, o CNPq e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
“A área de Ciência, Tecnologia e Inovação não está numa redoma. Tudo o que acontece no país impacta o nosso trabalho nas universidades, nos institutos de pesquisa e nos laboratórios”, afirmou a pesquisadora. Citou, por exemplo, como o Golpe Militar de 1964 acarretou morte e fuga de cientistas do Brasil, aposentadorias compulsórias e a perseguição a professores com base no Ato Institucional n. 5, que autorizava ampla repressão a qualquer tipo de oposição ou discordância contra o regime.
Por isso destacou como foi importante a luta das instituições científicas e dos pesquisadores pela redemocratização do país, assim como a participação dos cientistas, por meio da SBPC, na proposição de um artigo sobre ciência e tecnologia que compõe o texto da Constituição de 1988.
Para Cláudia Linhares, apesar dos avanços, ainda há muito o que fazer para a consolidação da ciência brasileira. A história do país mostrou que nem sempre o percurso foi de avanços. “Nós, pesquisadores, precisamos continuar lutando por mais financiamento, pelo fortalecimento das instituições científicas e, sobretudo, pela democracia. Não há ciência sem democracia”, defendeu a pesquisadora.
No encerramento da conferência, a professora ainda convidou a comunidade da UFPA a participar da organização e da programação da 76ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada de 7 a 13 de julho de 2024, no Campus Guamá da UFPA, em Belém. “São em espaços como as Reuniões Anuais da SBPC que conseguimos garantir políticas governamentais e de Estado para fortalecer a ciência no Brasil. Todos estão convidados a participar desse grande momento de defesa da ciência e da democracia”, conclamou.
Premiações – No final do primeiro dia de programações, foram entregues os certificados aos bolsistas e respectivos orientadores agraciados nas edições 2023 do Prêmio Horacio Schneider – Destaque na Iniciação Científica e Estágio Pibic Verão. Ao todo, 36 estudantes foram contemplados e receberam os certificados das mãos do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, do vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Iracilda Sampaio, e da diretora de Pesquisa, Germana Sales. Ao longo da semana, todos fizeram a apresentação das suas pesquisas em sessões organizadas por grandes áreas de conhecimento. Confira o nome dos estudantes, seus orientadores e trabalhos na programação do Seminic.
Programação – O Seminic também contou com dois minicursos e quatro conferências. No dia 7 de novembro, pela manhã, o professor Edson Dalmonte, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ministrou o minicurso "Desinformação: modos de produção e sistemas de enfrentamento", no auditório do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM). No final da tarde, houve a conferência do professor Flávio Anastácio Camargo, da UFRGS, sobre “Oportunidades e Desafios para a Cannabis Medicinal no Brasil”, no auditório do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL).
O terceiro dia de programação incluiu o minicurso "A interdisciplinaridade na graduação e na pós-graduação", coordenado pela professora Adelaide Faljone-Alario, da Universidade de São Paulo (USP), no auditório do PPGL; além da conferência “Fake News, Desinformação e Regulação das Plataformas”, proferida pelo professor Edson Dalmonte, da UFBA, no auditório do PPGCOM.
No dia 9 de novembro, a professora Adelaide Faljoni-Alario (USP) apresentou uma conferência com o tema “A Interdisciplinaridade para um Novo Mundo”, no auditório do PPGL. E a programação encerrou, no dia 10 de novembro, com grande conferência do professor e filósofo Vladimir Safatle, da Universidade de São Paulo (USP), sobre “Os Limites do Ressentimento: Problemas da Crítica como Psicologização de Lutas Sociais”. A atividade foi seguida de sessão de autógrafos no estande com as obras do autor, no Auditório José Vicente Miranda Filho, do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ).
Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes – Ascom/UFPA