No próximo dia 27, é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e, durante todo o mês de setembro, a cor verde é utilizada em ações e campanhas de conscientização para incentivar esse ato de solidariedade para quem aguarda uma oportunidade de recuperar a saúde. No serviço de transplante de córnea do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), que realiza o procedimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), em meio à pandemia de covid-19 os procedimentos continuaram sendo realizados, e agora o hospital segue em busca de mais doadores.
Mesmo com as campanhas de conscientização, ainda há pouca iniciativa de familiares de pacientes para a doação de órgãos. Segundo a Central Estadual de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde (SESPA), cerca de 900 pessoas ainda aguardam na fila de transplantes de córnea no Pará, e muitas vezes a ajuda acaba por vir de outros estados. “O recebimento de córneas de outros estados acontece com frequência, pois o tecido tem validade e não pode ficar esperando ser demandado, por isso há a oferta para outros estados que estejam necessitando, principalmente em casos de urgência”, afirma a enfermeira Lucrécia Formigosa, membro da Comissão de Transplante de Córnea do Bettina Ferro.
Desde 2011, quando o serviço começou a atuar no hospital universitário, a equipe coordenada pelo médico oftalmologista José Jesu Sisnando Filho já realizou mais de 300 transplantes de córnea, e de 2017 a 2019, o Bettina Ferro se tornou o maior hospital transplantador de córnea no Pará. Sisnando, inclusive, foi homenageado na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), com a medalha Solidariedade Doador de Órgãos, por conta de sua cooperação na Campanha Nacional de Doação de Órgãos.
Além da falta de doadores, com a pandemia de covid-19 a captação de órgãos na Central Estadual de Transplantes segue suspensa, o que dificultou ainda mais para quem aguardava na fila. Apesar disso, o serviço do HUBFS ainda realizou 34 transplantes em 2020, atendendo aos casos mais urgentes de pessoas que já tinham cirurgias agendadas. Esses pacientes chegam ao Bettina regulados pelo município e aguardam na fila da Central de Transplantes do Estado. “As consultas pré-transplante, as consultas e exames especializados são agendados através do Setor de Regulação e Avaliação em Saúde (SRAS), uma vez que o paciente precisa fazer o acompanhamento regular até a realização do procedimento”, explica a enfermeira Lucrécia Formigosa.
Formação – O Serviço de Transplante de Córnea do Hospital Bettina Ferro de Souza conta com quatro médicos oftalmologistas, sendo 1 residente na modalidade fellow, uma enfermeira e dois técnicos de enfermagem, e contribui para a formação de médicos do Programa de Residência Médica em Oftalmologia do Bettina Ferro, bem como para a produção de conhecimento científico no país.
Histórico – Fundado em 1993, o Hospital Bettina Ferro de Souza faz parte do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará, que, desde 2015, está integrado à rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Possui especialidades em oftalmologia, otorrinolaringologia e doenças raras. O serviço de transplante de córnea foi credenciado pelo Ministério da Saúde pela Portaria nº 474/2011. Para ser um doador de órgãos, basta avisar a família.
Texto: Paola Caracciolo – Ascom do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh
Foto: Edna Nunes