Um evento inteiramente realizado e organizado por estudantes da graduação movimentou o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (ICB-UFPA). Nos dias 7 e 8 de abril, dezenas de estudantes e professoras(es) da UFPA e de outras instituições de ensino reuniram-se para participar do IV Simpósio de Zoologia dos Vertebrados (IV SIVERT). Já na sua quarta edição, é a primeira vez que o simpósio acontece presencialmente. A temática escolhida para este ano foi “Fauna em Risco”.
O simpósio reuniu várias(os) pesquisadoras(es) da área de conservação de vertebrados e, durante as palestras, foram discutidos temas urgentes, sobretudo para a sociobiodiversidade amazônica. As(os) palestrantes destacaram fatores como a perda de habitat, que afetam essa diversidade e são causados pelo agronegócio, por hidrelétricas, pela contaminação de rios, entre outros, culminando no declínio da fauna, dos peixes, aves, mamíferos e anfíbios. Pautou-se também a presença de metais pesados em animais, como peixes, camarões e tracajás, que são a base alimentar de comunidades tradicionais e ribeirinhas. Adicionalmente, foram feitas previsões do que acontecerá com a fauna amazônica nas próximas décadas, avaliando o status de conservação das espécies locais.
Para Francienne Farias, discente do sétimo período do curso de Biologia – Bacharelado, a experiência de realizar o IV SIVERT rendeu muitos aprendizados. A estudante enfatiza as habilidades para trabalhar em equipe e para organizar eventos científicos. “Ainda que houvesse várias pessoas, com ideias diferentes, as discussões sempre foram pacíficas e as proposições eram votadas em conjunto. E, mesmo com a nossa professora nos orientando, nós tínhamos que ir atrás de cada detalhe. Detalhes que, quando o evento está pronto e só participamos, nós não vemos. Então, trabalhar nos bastidores é desafiador, mas extremamente gratificante quando tudo termina e sabemos que fizemos um bom trabalho”, relata.
Segundo a professora Maria Cristina Costa, mais conhecida entre os estudantes como professora Kita, o simpósio recebeu cerca de 100 inscrições e todos os minicursos ofertados lotaram. A professora foi coordenadora geral do evento e a única docente envolvida na organização. Ela destaca a importância da realização de eventos como o SIVERT, não apenas para a comunidade acadêmica, mas também para o público externo à UFPA.
“Esse evento traz essa significância de que nós queremos produzir ciência para todos. O ensino tem que extrapolar a sala de aula. E o ensino em uma universidade pública tem que ir além, tem que abrir as portas da universidade para quem quiser usufruir dos conhecimentos que são produzidos aqui dentro. E é preciso envolver os alunos nesse protagonismo”, acrescenta ela.
Inclusão – A organização do IV SIVERT fez parte das atividades do módulo Diversidade Animal III, disciplina obrigatória do curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. Beatriz Mendes, aluna da disciplina, conta que participar da organização habilitou-a de diversas formas. “Jamais vou esquecer o quanto é complicado organizar um evento! Não é apenas idealizar e começar, são muitas camadas. Além disso tudo, foi essencial ter a professora Kita como coordenadora, pois a todo momento ela nos lembrou da importância de entregar um evento acessível”, conta a estudante.
A acessibilidade mencionada por Beatriz foi prioridade durante a realização do simpósio. As(os) alunas(os) da organização tiveram a oportunidade de participar de um treinamento sobre inclusão e acessibilidade viabilizado pela Coordenadoria de Acessibilidade (CoAcess) e ministrado pelo pedagogo José Monteiro. O objetivo era garantir a integração efetiva de pessoas com deficiência (PcDs) no evento.
Beatriz relata que as(os) alunas(os) lotaram a sala onde o treinamento foi realizado. “Isso foi importante não só para as pessoas que necessitam dessa atenção, mas também para servir de exemplo para os próximos eventos organizados na nossa universidade. Descobrimos durante a organização que a CoAcess dá treinamento para as(os) alunas(os) e professoras(es) que solicitarem. Essa foi uma das melhores partes do simpósio: ter feito o possível para que fosse um evento de todos para todos, como a universidade realmente se propõe a ser”, conclui a estudante.
