Com o objetivo de fortalecer conexões entre saberes, ampliar o debate sobre justiça climática e destacar o protagonismo dos territórios amazônicos no enfrentamento da crise ambiental global, o Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (Numa/UFPA) realiza, entre os dias 10 e 13 de novembro, o Seminário “Conexões Amazônicas: Justiça Climática e COP 30”, encontro que integra as discussões da Conferência do Clima. O evento é gratuito e será realizado no auditório do Numa, com transmissão on-line.
A programação reúne pesquisadores, representantes de instituições públicas, organizações internacionais, movimentos sociais e comunidades amazônicas, com foco na análise das dimensões geopolíticas, ambientais, sociais e territoriais envolvidas na COP 30. O subsecretário-geral das Nações Unidas, Jorge Moreira da Silva, participou do evento, apresentando a palestra “Nosso planeta, nosso futuro: por que precisamos da ação climática”. E
Ele ressaltou que a COP 30 tem potencial para ser um marco de renovação de compromissos climáticos, desde que alinhada à ciência e às tecnologias de mitigação. Entre os pontos citados pelo palestrante, estão o alcance da neutralidade de carbono até 2050, a redução de 55% das emissões de gases de efeito estufa até 2035 e o uso de mecanismos de mercado para o cumprimento das metas globais.
Comemorações – O evento, que marca os 35 anos de atuação do Numa, foi oficialmente iniciado pelo diretor do Núcleo, Christian Nunes, e pelos professores André Farias e Daniel Sombra. Em sua fala, o professor Daniel enfatizou a centralidade da vida humana nas discussões ambientais ao afirmar que “não haverá proteção do meio ambiente sem salvar as pessoas”.
O professor do Numa Norbert Fenzl, que participou do primeiro dia de debates, destacou que as Conferências do Clima refletem diretamente os contextos geopolíticos de cada época, abordando temas como a consolidação do capitalismo, as guerras e os processos de independência dos países do Sul Global. Entre os pontos levantados, Fenzl reforçou a urgência de regularizar o mercado de carbono, a necessidade de explorar a biodiversidade de forma soberana e o dever de aproveitar o olhar internacional voltado à Amazônia neste momento histórico. “Ficou bastante claro que as forças geopolíticas globais mudaram, e vamos ver as mudanças daqui pra frente. É uma COP diferente das outras”, afirmou.
Durante o seminário, a UFPA e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) formalizaram a assinatura de um Protocolo de Intenções para ampliar ações conjuntas em pesquisas e projetos ambientais. O documento foi assinado pelo presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto de Oliveira, e pelo reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, que reforçou o compromisso institucional.
“É uma grande satisfação colocar as nossas ações teóricas na prática cotidiana. Estamos fazendo um acordo de cooperação técnica para atuar em uma área estratégica do nosso país, que é o Marajó, um dos maiores arquipélagos de água doce do mundo”, destacou o reitor.
Também foi oficializado o Acordo de Cooperação Tripartite entre a UFPA, a Universidad Regional Amazónica Ikiam e a Université Le Mans. A reitora da Ikiam, María Victoria Reyes, participou de forma remota e evidenciou que a parceria fortalece uma rede de ciência e esperança para o planeta. O professor François Laurent, da Université Le Mans, esteve presencialmente no evento e ressaltou o caráter internacional e interdisciplinar da colaboração.
O evento segue até o dia 13 de novembro, com mesas-redondas, lançamentos de livros e palestras com pesquisadores brasileiros e de outros países latino-americanos. A programação completa está disponível no site do Numa.
