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TAMANHO DA FONTE

Tenda Afro e Indígena oferece oficinas que unem sustentabilidade e tradição cultural

Durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Tenda Afro e Indígena foi um espaço dedicado à propagação de cultura e saberes tradicionais, com a realização de oficinas, conferências, mesas-redondas, minicursos e painéis. 

Entre as oficinas ofertadas, a “Confecção de alguidar de papel reciclado e folhas”, realizada por Mametu Nangetu, teve base em um vídeo no qual a sacerdotisa ensina como realizar a confecção do “alguidar ecológico”, com recorte de páginas de jornais ou revistas, coladas com goma de mandioca fervida com água.  O alguidar é um recipiente redondo, feito de barro ou madeira, usado para depositar os Ebós: oferendas dedicadas aos orixás ou às entidades espirituais das religiões afro-brasileiras. 

Fotografia de Mametu Nangetu. Ela usa um turbante nas cores branco e lilás e segura, com a mão direita, um alguidar produzido em papel. Ao seu lado há uma mesa com várias unidades de alguidar.

“Esta oficina é uma forma de conscientização do nosso povo de terreiro sobre o respeito pelo meio ambiente. Eu fui à mata do Ceasa e percebi a presença de muita umidade nas oferendas, e isso me fez começar a trabalhar na produção deste alguidar com materiais reciclados e folhas de replantio”, explicou Mametu Nangetu.

E acrescentou: “Eu vi que precisava ensinar para o meu povo a trabalhar com respeito pela natureza. Fazer uma oferenda com alguidar sustentável é muito importante, porque não suja nem a água nem a mata. E nós, o povo de terreiro, cultuamos uma grande mãe, que é a natureza”.

A estudante de Terapia Ocupacional da UFPA Joana Costa foi uma das pessoas presentes para o bate-papo e pontuou que a utilização do “alguidar ecológico” é algo que também beneficia a saúde da população. “O alguidar de barro acumula água quando é deixado muito tempo na encruzilhada e esse acúmulo favorece a proliferação do mosquito transmissor da dengue”, lembrou Joana.

Pintura indígena – A estudante indígena de Biomedicina da UFPA Maira Arapiun, da aldeia São Pedro do Muricy, levou para a tenda uma oportunidade de aprender sobre os grafismos das pinturas indígenas e o significado delas para os povos tradicionais, com a Oficina “Pintura corporal indígena”. “A gente pode se identificar por uma pintura. Por exemplo, tem povos que as mulheres casadas usam um determinado grafismo, já o homem solteiro ou a mulher solteira usa outro tipo. Então, eles se reconhecem dessa forma”, explicou Maira Arapiun sobre a importância da pintora como uma forma forma de demarcação do território e da identificação. 

A técnica da pintura corporal consiste na utilização da tinta extraída da semente do jenipapo que, ao ser misturada com o pó do carvão, deixa a tinta mais homogênea e pigmentada para permitir que a pintura fique mais tempo no corpo. Existem diferentes tipos de desenhos corporais, com importantes significados, mas, segundo Maira, o “símbolo da jiboia” é o mais utilizado pelo povo da Aldeia Muricy, pois a cobra é um animal, que, conforme a crença indígena, pode transitar entre dois mundos, o espiritual e o real.

Durante a oficina, os participantes ainda puderam reproduzir os grafismos em si ou em outra pessoa. Laís Atanásio, estudante de Administração que veio da Bahia, ficou interessada pela história por trás de cada símbolo. “O conhecimento adquirido é muito grande, inclusive, a energia mesmo, porque a arte traz essa energia para dentro da nossa alma, do nosso coração”, compartilhou a visitante.

TEXTO: Deivid Martins - Comissão Local de Comunicação da 76ª da Reunião Anual da SBPC

FOTOS: Elza Lima

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 11 - Cidades e Comunidades SustentáveisODS 12 - Consumo e Produção Responsáveis

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