A Universidade Federal do Pará aprovou dois projetos no Edital Nº 46/2024 do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os INCTs são estratégias que usam a lógica multi-institucional e interdisciplinar, permitindo uma intersecção de vários tipos de conhecimentos. Os dois projetos da UFPA estão vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), e são coordenados, respectivamente, pelos professores Renato Francês e Aldebaro Klautau.
O Programa INCTs é formado por grandes projetos de pesquisa de longa duração, nacionais ou internacionais, que formam uma rede de colaboração científica envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas do conhecimento. Cada INCT é um centro de referência em pesquisa formado por um conjunto de laboratórios ou grupos associados a diferentes instituições, articulados para criar uma rede científico-tecnológica. Todos possuem temas presentes na fronteira da ciência e/ou da tecnologia ou em áreas estratégicas do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia & Informação – CT&I. Com a Chamada Nº 46/2024, o Brasil passará a ter 243 INCTs.
Segundo o divulgado pelo CNPq, o orçamento para esta chamada INCT foi o maior da história, com um aporte de R$ 1,63 bilhão, e a Região Norte recebeu aproximadamente R$ 106 milhões deste valor, distribuídos entre nove projetos, sendo cinco do Amazonas, três do Pará e um de Rondônia.
Projeto IAmazônia – A proposta coordenada pelo professor Renato Francês é o “IAmazônia”: o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Inteligência Artificial Aplicada às Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Amazônia Brasileira”. O projeto visa construir uma rede interdisciplinar entre pesquisadores brasileiros e de outros países para o uso da Inteligência Artificial em diversas aplicações como o diagnóstico do câncer cervical, popularmente conhecido como câncer de colo de útero; monitoramento genético de patógenos presentes nas águas dos rios; aplicabilidade de deep learning, um tipo de rede neural artificial inspirada no funcionamento do cérebro humano; modelagem estocástica, uma técnica matemática de previsão de sistemas aleatórios ou influenciados por diferentes variáveis; e visão computacional, um artifício que visa capacitar as IAs na leitura e reconhecimento de imagens ou vídeos, dentre outras áreas.
“Dos nove projetos de INCT aprovados na Amazônia, somente o nosso é totalmente dedicado à IA, isso é um ponto importante a se destacar, tendo em vista a massa crítica que o Centro de Computação e Alto Desempenho e Inteligência Artificial (CCAD-IA) abriga atualmente”, explica o professor Renato Francês.
Projeto Stream – A segunda proposta aprovada é coordenada pelo professor Aldebaro Klautau, o “Stream”, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Processamento e Transmissão de Sinais para Análise e Monitoramento Ambiental. O novo INCT cuidará de captar, transmitir e processar sinais para o monitoramento e preservação dos biomas brasileiros, auxiliando em um importante critério para o uso da inteligência artificial e automação: a geração dos dados. O objetivo é avançar nas pesquisas da área e desenvolver tecnologias digitais que integrem a coleta, a transmissão e o processamento de dados.
“O novo INCT, coordenado pela UFPA, irá contribuir com a preservação dos biomas brasileiros e da agricultura sustentável, por meio de tecnologias digitais avançadas. O país precisa inovar nessas áreas para melhor promover a bioeconomia e para combater a pobreza e outros problemas urgentes relacionados a eventos climáticos extremos que acarretam, por exemplo, em queimadas e escassez hídrica. Um dos problemas que o INCT Stream se posiciona a resolver é da lacuna em ciência e soluções tecnológicas para problemas em aberto, porque o país não contava com um centro de excelência gerando dados críticos para que as soluções de IA brasileiras possam ter vantagens competitivas”, explica o coordenador Aldebaro Klautau.
Com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores experientes em processamento de sinais, aprendizado de máquina e telecomunicações, o “Stream” vai habilitar novas ações em prol do uso de tecnologia nacional e inovadora na Amazônia e outros biomas, se alinhando aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, mas precisamente os ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável) e 15 (Vida Terrestre). Um exemplo é a criação de biossensores e robôs adaptáveis com capacidade de operar em diferentes biomas e condições climáticas extremas. Essa tecnologia possibilitará desde a fenotipagem de plantas com alta precisão até planejar ações de conservação e recuperação de áreas degradadas.