UFPA coloca em debate os “Diálogos do Fazer Ciência na Amazônia”

A Universidade Federal do Pará estimulou a sociedade a entrar nos “Diálogos do Fazer Ciência na Amazônia”. A ênfase sobre a importância dessas discussões aconteceu na capital paraense, reunindo pesquisadores, docentes, estudantes, além de representantes de diversos movimentos sociais e comunidades tradicionais e povos indígenas.

Esse foi o tema do último painel realizado no lançamento do Movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30”, no último dia 5 de fevereiro. A mesa foi presidida pelo reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira da Silva, com a moderação do professor Leandro Juen, do Instituto de Ciências Biológicas e da Comissão Executiva da COP 30 na Universidade Federal do Pará.

“Queremos discutir os desafios e oportunidades para o desenvolvimento da ciência na Amazônia, considerando questões como financiamento, políticas públicas, inovação, impacto social e ambiental, além das estratégias de universidades e institutos para fortalecer a pesquisa na região”, destacou Juen.

Integraram o debate os reitores das Universidades Federais de Rondônia, Marília Lima Pimentel Cotinguiba (coordenadora na Região Norte  da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); de Roraima, José Geraldo Ticianeli; de Goiás, Angelita Pereira de Lima; do Oeste do Pará, Aldenize Ruela Xavier; do Sul e Sudeste do Pará, Francisco Ribeiro da Costa; Rural da Amazônia, Herdjania Veras de Lima; além do vice-reitor da Universidade Federal Norte do Tocantins, Natanael da Vera Cruz Gonçalves Araújo, e do coordenador da COP 30 da Universidade da Amazônia, João Cláudio Arroyo.

Marília Cotinguiba, da Universidade Federal de Rondônia, coordenadora na Região Norte da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), ressaltou os problemas logísticos, econômicos e sociais da produção de ciência na Amazônia. “Um dos grandes desafios é com relação ao financiamento da pesquisa nas universidades. Eu sei que nós temos dificuldades de Norte a Sul do país, com instituições que sofrem com poucos recursos, mas aqui, na Amazônia, isso se torna muito mais potente, por ser essa região diversa pela sua biodiversidade, mas também por ter uma sociedade diversa”, pontuou Cotinguiba, lembrando a importância de buscar alternativas para aumentar o volume de financiamento nacional e internacional nessas instituições de ensino e pesquisa.

Também participaram o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), José Daniel Diniz Melo; o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior; além do reitor da Universidade do Estado do Pará e membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais-Abruem, Clay Anderson Nunes Chagas.

“Se nós, membros da comunidade acadêmica e de pesquisa da Amazônia, não formos ouvidos na COP, é pouco provável que os recursos de financiamento cheguem até as universidades. E para que possamos exercer um papel de protagonismo nesse cenário, se faz necessário que o governo federal nos escute e, principalmente, que seja considerado o que é produzido agora e também tudo aquilo que foi construído pelo fazer científico ao longo da história. Caso contrário, o evento irá apenas passar por aqui e de legado para a ciência ficará muito pouco”, aponta Clay Chagas, reitor da Universidade do Estado do Pará e membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais-Abruem.

O diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior, mencionou a relevância dos investimentos federais, como o Programa “Mais Ciência na Amazônia”, que previu, em 2023, a destinação de R$ 3,4 bilhões, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Ele também citou os recursos anunciados em 2024, no Centro de Eventos Benedito Nunes, durante a SBPC, na Universidade Federal do Pará (UFPA), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), na ordem de R$500 milhões para a Amazônia Legal, incluindo o Programa Pró-Amazônia.

Segundo ele, é importante buscar novos aportes financeiros, mas, sobretudo, é necessário que os financiamentos já existentes tenham continuidade. “A gente não tem que ficar correndo atrás de fontes de financiamento para programas que já existem. Esse é o grande nó, a gente precisa de recursos e que eles continuem chegando, mas que a gente também consiga manter a nossa programação de acordo com o que já foi anunciado”. Gabas acentua, também, que “o orçamento federal ainda não foi votado, mas assim que isso aconteça, é necessário continuar o que foi previsto e, principalmente, manter o fundo FNDCT, sobretudo referente às questões da Amazônia”.

Encerrando a programação, o reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira da Silva, ressaltou que os amazônidas estão bastante entusiasmados para colocar suas questões em debate. “A responsabilidade das universidades dos estados da Amazônia é muito grande. É na nossa casa que receberemos todos vocês. Queremos colocar à disposição todas as nossas instituições do nosso estado para fazer esse debate”, concluiu Gilmar.

Se você perdeu o evento, não deixe de assistir à apresentação de todos os participantes desse painel e também das demais falas expositivas, que tiveram transmissão ao vivo no canal do YouTube da UFPA, no qual a gravação está disponível na íntegra

TEXTO: Ana Teresa Brasil - Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

FOTOS: Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

Relação com os ODS da ONU:

ODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

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