O Complexo dos Mercedários, no coração do centro histórico de Belém, abriu oficialmente suas portas como sede da Casa BNDES na COP 30. O conjunto histórico, que integra a estrutura da Universidade Federal do Pará (UFPA), tornou-se o novo ponto de encontro para arte, ciência e sustentabilidade durante a conferência climática.

A cerimônia de inauguração reuniu autoridades do Pará, lideranças nacionais e representantes de instituições internacionais. O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, ressaltou o papel da Universidade na preservação do patrimônio cultural amazônico e na articulação entre conhecimento e sociedade. “Os Mercedários são parte da própria identidade de Belém. Para a UFPA, ver esse espaço restaurado e ativado durante a COP 30 é um orgulho enorme. Esse lugar é uma prova do nosso compromisso com a produção científica, com a cultura e com a construção de um futuro que não vira as costas à memória”, afirmou.
Em seu discurso, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou o valor histórico e simbólico do Conjunto dos Mercedários na reabertura do espaço durante a COP 30. “O Conjunto dos Mercedários é uma referência única da arquitetura de origem espanhola no Brasil. Ele está ligado à Expedição de Pedro Teixeira, que registrou a presença portuguesa e permitiu que, no Tratado de Madri, a Amazônia fosse reconhecida como parte do Brasil. Recuperar este edifício é devolver à cidade uma memória fundamental da história nacional. O BNDES tem muito orgulho desse trabalho e agradece à Universidade Federal do Pará e a todos os que contribuíram para tornar este restauro possível.”

A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, disse que “a Amazônia não pode ser discutida sem os povos que a habitam e protegem. Um evento como este, que valoriza culturas, territórios e histórias indígenas, é fundamental para que a COP 30 reflita as verdadeiras vozes da floresta”.
Representando o governo do estado, a vice-governadora, Hana Ghassan, se disse emocionada com o que viu. Frequentadora da região central de Belém, ela avaliou a devolução do espaço à população como uma grande conquista. “É muito bom ver esse espaço histórico, cultural, restaurado sendo devolvido à população. Por muitos anos, esse espaço não pôde ser visitado. Hoje, ele volta a contar a nossa história, a história do Pará, da Amazônia e do Brasil. É motivo de alegria ver esse patrimônio sendo resgatado, valorizando nossa cultura e fortalecendo o legado do nosso estado”, afirmou.
A cerimônia contou ainda com a presença da diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, além de delegações dos países parceiros do Fundo Amazônia: Noruega, Alemanha, Suíça, Irlanda, Dinamarca e União Europeia. Para os representantes internacionais, a inauguração marca um gesto concreto de cooperação.





Cinema, exposições e experiências imersivas – Com entrada gratuita, a Casa BNDES abre uma programação cultural intensa, marcada pelo CineCOP BNDES, festival que dialoga com temas centrais da conferência. A atração principal é a pré-estreia nacional de Tainá e os Guardiões da Amazônia – Em Busca da Flecha Azul, que contará com a presença do elenco e da cantora Fafá de Belém, voz de um dos personagens. Ao longo de 13 dias, o festival exibirá mais de 30 filmes, sempre a partir das 15h.
O público poderá vivenciar também projeções mapeadas na fachada histórica, experiências em realidade virtual e a Exposição inédita “Afluentes: caminhos e histórias do Fundo Amazônia”, com vídeos e fotografias de projetos apoiados ao longo de 17 anos. A Exposição Amazônia Violada, de Jó Sales, e a Mostra Lendas da Amazônia: Arte e Ancestralidade, de Nelson Nabiça, que apresenta esculturas de personagens como Curupira, Mapinguari e Iara, em um circuito de lendas e guardiões, também compõem a programação.




Mercedários UFPA – No espaço, também é possível conhecer a recém-instalada Galeria de Artes da UFPA (GAU), com a Exposição Terra Incógnita. O trabalho reúne acervo da Coleção Amazoniana de Arte da UFPA, que é constituída de editais públicos e da parceria de artistas, estudantes, servidores(as), professoras(es) e pessoas que pesquisam e curam arte aqui e em outras regiões. A Exposição Terra Incógnita tem curadoria de Orlando Maneschy e Keyla Sobral e assistência curatorial de Paola Maués.
Ainda no local, os visitantes terão oportunidade de conhecer a livraria da Editora da UFPA (ed.ufpa), com foco em literatura sobre patrimônio cultural, conservação e restauro, arquitetura, design, música, fotografia, cinema e artes visuais.

Restauro e legado – A restauração do Complexo dos Mercedários integra o conjunto de obras apoiadas pelo BNDES em preparação para a COP 30, em Belém. O investimento soma R$ 49,4 milhões, dos quais, R$ 36,3 milhões são recursos não reembolsáveis do BNDES Fundo Cultural, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. A obra tem como intervenientes a Universidade Federal do Pará e a Arquidiocese de Belém, sendo executada pelo Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (Lacore/UFPA), pela Fadesp e pela GM Engenharia, com realização do IPHAN e do governo federal, e participação do Ministério da Cultura. Conta ainda com recursos viabilizados pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). A conclusão total do conjunto está prevista para 2027.

