UFPA e IBGE divulgam censo que revela o crescimento populacional e uma maior diversidade linguística entre os povos indígenas do Brasil

O Brasil tem 391 povos e 295 línguas indígenas, de acordo com os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento, realizado em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), destaca a importância de dar visibilidade aos povos originários e subsidiar a criação de políticas públicas e educacionais voltadas a essas populações.

Divulgada na última semana, a pesquisa atualiza os números do Censo de 2010, que contabilizou 305 povos e 274 línguas indígenas. O aumento vai ao encontro do crescimento de cerca de 89% da população indígena no período entre as duas pesquisas, passando de aproximadamente 897 mil para quase 1,7 milhão de pessoas, das quais 74,51% declararam seu pertencimento étnico em 2022. 

O trabalho de campo contou com a participação de intérpretes e guias indígenas que acompanharam as equipes do IBGE durante a coleta de dados em setores localizados dentro e fora de terras indígenas. Em municípios onde havia recenseadores indígenas, o treinamento foi realizado com tradução para as línguas locais, o que favoreceu a precisão e o respeito aos contextos culturais.

“Nós conseguimos avançar consideravelmente no acesso a essas áreas. Tivemos o cuidado de incluir guias indígenas para acompanhar os recenseadores, muitos deles também indígenas, que participaram do processo seletivo específico para atuar no Censo”, explicou Rony Cordeiro, o superintendente estadual do IBGE no Pará, durante o evento de divulgação dos dados do novo censo.

Ainda de acordo com o superintendente estadual do IBGE no Pará, essa edição representou um avanço metodológico importante para o desenvolvimento de novas políticas públicas voltadas à preservação e valorização das línguas e culturas indígenas. “Esses dados possibilitam estudos e análises críticas que podem se transformar em subsídios para políticas públicas necessárias à preservação desse patrimônio linguístico e à valorização das etnias e dos povos indígenas do nosso país”, destacou o superintendente.

Fotografia da vice-reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro falando ao microfone.

Parceria institucional – Presente na mesa de abertura do evento de divulgação dos novos dados, a vice-reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro, destacou a importância da atuação conjunta, do IBGE com a Universidade, para o avanço do compartilhamento do conhecimento em favor do desenvolvimento de novas políticas públicas que contemplem a diversidade brasileira. “Precisamos trabalhar em parceria, com a multiplicidade de expertises e experiências de saberes, para avançar e construir conhecimentos importantes para o desenvolvimento da nossa região”, comentou Loiane Prado Verbicaro.

Para o professor Sidney da Silva Facundes, do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/ILC/UFPA) e coordenador do Grupo de Estudos sobre Línguas e Culturas Indígenas (Gelcia/UFPA), esses novos números também abrem caminho para uma análise mais profunda.

“O nosso papel agora é exatamente tentar entender o que esses números significam. O número de povos e de línguas indígenas é bem maior em relação ao censo anterior, o que nos deixa algumas questões: será que a população realmente cresceu? Será que a nova metodologia permitiu captar informações que antes não eram registradas? Será que as comunidades já existiam, mas não se reconheciam como povos indígenas ou falantes de línguas indígenas? São vários fatores que precisam ser analisados com bastante atenção”, explicou o professor.

Os dados completos podem ser acessados neste link.

TEXTO: Evelyn Ludovina - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Vinicius Gonçalves - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação

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