O primeiro dia do Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP 30 contou com uma série de debates e apresentações de pesquisadores e cientistas da região, com foco nas estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas, e teve a participação ativa da Universidade Federal do Pará (UFPA), representada pelo reitor, Gilmar Pereira da Silva, e por uma delegação de pesquisadores da instituição.
A programação é realizada no campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) como parte da agenda de preparação para a COP 30, que será realizada em Belém, em novembro, e reúne universidades, Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e institutos federais da Amazônia Legal, a partir de uma promoção do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão.
“Este é um encontro fundamental porque marca um momento importante de articulação entre ciência amazônica, sociedade e governo, em preparação para a COP 30. Penso que seja importante compreender que a ciência amazônica tem papel essencial na resposta global às mudanças climáticas e esta é uma oportunidade para mostrar ao mundo que daqui, com conhecimento, inovação e integração social, temos as bases para um futuro sustentável e caminho de soluções para crise climática”, avaliou o reitor Gilmar Pereira da Silva, que também participa, nesta quarta-feira, 20 de agosto, da solenidade de entrega do documento final elaborado por 40 instituições da Amazônia ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30 no Brasil.
Além de integrar a organização do evento, a UFPA reforça sua atuação por meio do Movimento Ciência Vozes da Amazônia, que, junto a outras instituições acadêmicas, científicas e diferentes grupos sociais da região, tem amplificado a contribuição da comunidade amazônica no debate climático global, consolidando propostas que dialogam com a realidade regional.
Também integra a mobilização uma delegação de pesquisadores: Herve Ghislain Rogez (ICB), Flávio Barros (INEAF), Júlia Cohen (PPGCA), Nádile de Castro (PPGENF), Ândrea Ribeiro dos Santos (ICB), Marcela Vecchione Gonçalves (NAEA), Ana Cláudia Cardoso (FAU), além da professora emérita e membro do Conselhão Violeta Refkalefsky Loureiro. Participam, ainda, os membros da Administração Superior da UFPA, Lise Tupiassu (pró-reitora de Relações Internacionais), Nelson Souza Júnior (pró-reitor de Extensão) e Doriedson Rodrigues (secretário-geral da Reitoria). O diretor executivo da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) da UFPA, Roberto Ferraz, também integrou o grupo.
Programação – Logo na abertura do encontro, o secretário executivo do Conselhão, Olavo Noleto Alves, ressaltou que a agenda climática já está em andamento. “A COP 30 já começou, os debates e negociações estão em andamento, e o Brasil cobra do mundo a efetivação dos compromissos climáticos assumidos”.
O secretário nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Aloisio de Melo, chamou atenção para o papel do Brasil na liderança do processo. “O Brasil assume a presidência da COP num momento crítico, com a responsabilidade de transformar metas em ação e engajar governos, setor privado, sociedade civil e comunidades tradicionais na busca de soluções.”
Já a contribuição da academia nos debates foi ressaltada pelo diretor de Relações Internacionais da Capes, Rui Oppermann, “o sistema nacional de pós-graduação consolidou a formação de pesquisadores que sustentam a produção científica e tecnológica do país.” Ele destacou, ainda, que o novo Plano Nacional de Pós-Graduação busca ampliar a interação com setores produtivos e sociais, com foco na agenda climática.
A reitora da Ufam e anfitriã do evento, Tanara Lauschner, enfatizou a relevância do encontro. “É uma honra para a universidade sediar um evento construído a muitas mãos, reunindo instituições e pesquisadores da Amazônia em diálogo com a presidência da COP.” Ela lembrou que a Ufam abriga um dos maiores fragmentos de floresta urbana do mundo, o que torna simbólica a realização da atividade às vésperas da primeira COP do Clima no Brasil e na Amazônia.
Já o diretor do Inpa, Henrique Pereira, enfatizou o papel da ciência amazônica. “A região tem capacidade de produzir leituras críticas sobre a realidade local e o papel da Amazônia no enfrentamento da mudança climática.” Segundo ele, a academia também tem o desafio de oferecer soluções tecnológicas e científicas para a crise ambiental.
O presidente da Andifes-Norte, professor Francisco Ribeiro da Costa, reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, reforçou a importância das universidades da região. “Nossas instituições têm a missão de formar quadros locais, produzir conhecimento enraizado na realidade amazônica e criar alternativas para superar desigualdades históricas.” Ele lembrou, também, que a agenda climática está diretamente ligada à vida de estudantes, povos indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas, além de trabalhadores rurais ainda expostos ao trabalho escravo.
Já o reitor da Universidade do Estado do Pará, Clay Anderson Chagas, defendeu o reconhecimento internacional da produção científica da Amazônia. “O mundo precisa reconhecer que a região gera ciência fundamental para o equilíbrio climático do planeta. Parte da solução está aqui.”
Para a quarta-feira (20), estão confirmadas as presenças da primeira-dama da Presidência da República, Janja Lula da Silva, acompanhada de outras autoridades regionais e nacionais. Em Manaus, a iniciativa é coordenada pela Ufam, UFPA, UEPA, Andifes (Norte), Conif (Norte), Embrapa, Fiocruz/MS, Instituto Evandro Chagas (IEC/MS), Inpa, Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e pela Rede de Universidades Estaduais da Amazônia Legal (Abruem).
