A Universidade Federal do Pará (UFPA) é uma das 27 universidades públicas, em todo o país, que está participando da Pesquisa "Alfabetização em Rede: uma investigação sobre o ensino remoto da alfabetização na pandemia da Covid-19 e sobre a recepção da Política Nacional de Alfabetização (PNA)". O objetivo é saber como está sendo realizada a alfabetização das crianças durante a pandemia e conhecer como a Política de Alfabetização do governo federal é recebida pelos professores (saiba mais aqui).
A discussão vem a calhar quando se celebra o Dia Mundial da Alfabetização, instituído em 8 de setembro pela Onu/Unesco, na expectativa de que assuntos e questões ligados à alfabetização fossem tratados no mundo todo, promovendo o amplo debate sobre a importância da alfabetização, principalmente em países que ainda possuem índice de analfabetismo considerável.
Representante da Associação Brasileira de Alfabetização, criadora e coordenadora do Fórum de Alfabetização, Leitura e Escrita Flor do Grão Pará e do Laboratório Sertão das Águas: Alfabetização, Leitura, Escrita, Literatura Infantojuvenil, Cibercultura, Formação e Trabalho Docente (Lasea), a professora Elizabeth Orofino Lucio, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Inovação e Criatividade no Ensino Superior (PPGCIMES/UFPA), é a responsável pela pesquisa na Região Norte.
“O relatório técnico com os dados da pesquisa publicado em dezembro de 2020 ratifica que, longe de uma simples adaptação no formato, essa alteração provocou adequações pedagógicas e curriculares ao modelo de ensino remoto e tem se constituído em grande desafio para os que atuam na linha de frente da educação e, em especial, da alfabetização, em virtude da grande desigualdade social que demarca as condições de acesso às Tecnologias Digitais (TD) e as condições de realização no ambiente doméstico, tanto do exercício profissional, por parte dos professores, quanto de atividades tipicamente escolares, por parte das crianças”, explica Elizabeth Orofino.
Segundo a pesquisadora, na atualidade, é preciso considerar a alfabetização como um bem e um direito humano. “Alfabetizar-se, saber ler e escrever tornou-se hoje condição imprescindível à profissionalização e ao emprego. A escola pública brasileira é um espaço necessário para a inserção na cultura escrita de grande parte da população brasileira para instrumentalizar o sujeito e facilitar seu ingresso no trabalho”, ressalta.
Cenário brasileiro – No Brasil, o cenário não é tão promissor. “Desde o ano de 2017, diante de um contexto histórico delicado, em razão do fim do Pacto Nacional na Alfabetização na Idade Certa e do financiamento do governo federal para formação dos alfabetizadores, as universidades brasileiras tiveram um esvaziamento nas políticas de formação continuada de professores”, observa Elizabeth. “Foi quando passei a idealizar uma proposta de formação docente instituinte”, conta.
“Minha ação foi a fundação e criação do Laboratório Sertão das Águas e a execução de seus subprojetos de ensino, pesquisa e extensão, a saber: o Fórum de Alfabetização, Leitura e Escrita Flor do Grão Pará; o Clube de Leitura Tertúlias do Grão Pará e o Grupo de Trabalho Samaúma de Política de Livro e Leitura e da Farinhada Literária. Essas ações têm mobilizado licenciandos da UFPA, professores alfabetizadores e da educação básica, gestores, coordenadores pedagógicos, escritores e ilustradores de livros de literatura infantojuvenil e integrantes de secretarias de educação de vários municípios do estado do Pará e das redes de bibliotecas comunitárias, os quais formam o Coletivo Encantados”, complementa.
O que gira em torno de todas as atividades do grupo é a máxima de que “alfabetizar é inserir o sujeito no mundo da cultura escrita”. Por isso os subprojetos focalizam e compreendem a alfabetização como a entrada no mundo da escrita, sendo a alfabetização o direito de todos – crianças, jovens e adultos – a se tornarem leitores e pessoas que sabem escrever.
“A alfabetização é um processo cultural, coletivo e sistematizado que garante acesso ao acervo escrito de uma língua, nas suas mais variadas expressões, bem como assegura produção criativa nesta língua e a inserção gradativa em práticas de leitura e escrita”, explica a professora Elizabeth.
Programação – Desde 2017, o Laboratório Sertão das Águas promove o Dia da Alfabetização na UFPA. O Dia da Alfabetização objetiva o diálogo acerca dos desafios que a alfabetização apresenta no contexto brasileiro e amazônico. Este será o quinto ano de programações, que, desta vez, consiste em uma série de lives sobre temas diversos relacionados com a alfabetização.
As sessões iniciaram-se no dia 31 de agosto com o tema “Alfabetização de cegos, antes e depois da pandemia”, ministrado pela professora Rafella Lupetina, do Instituto Benjamim Constant. Para a data de 8 de setembro, a discussão será “Por uma alfabetização antirracista”, com a professora Ana Paula Venâncio, (ISERJ-UFF). Ainda estão programados os temas “Alfabetização de surdos: narrativas, experiências pedagógicas e pandemia”, com o professor Tiago Ribeiro (INES), no dia 22 de setembro; e, “Leitura e escrita na educação infantil: entre as interações e a brincadeira”, com a professora Patricia Carsino (UFRJ), dia 30. A programação completa está disponível aqui.
Serviço:
V Dia de Alfabetização da UFPA
Data: até 30 de setembro de 2021
Programação: circuito de lives sobre o tema
Transmissão via YouTube: canal do Lasea – UFPA.
Programação completa disponível aqui.
Participação livre.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Arte gráfica: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA