Frente aos atos de terrorismo ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília, a Universidade Federal do Pará (UFPA) organizou um ato em defesa da democracia na última terça-feira, 10 de janeiro, às 10h. O evento reuniu grande público no Centro de Eventos Benedito Nunes, em Belém, e mobilizou representantes de vários setores acadêmicos, políticos e da sociedade civil. Em pauta, a necessidade de união de todas as forças democráticas em defesa das instituições republicanas.
Na condução do ato, o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, iniciou falando do caráter golpista dos acontecimentos em Brasília: “O Brasil viveu no último domingo o maior ataque à sua democracia e ao estado democrático de direito, desde a redemocratização do país na década de 80 do século passado. Assistimos, perplexos, uma horda de golpistas praticando atos terroristas, invadindo e depredando as sedes dos Poderes da República”, pontuou.
Em seu discurso, o reitor ressaltou a gravidade do momento e a importância de uma posição coesa da sociedade brasileira, incluindo uma atuação firme das Universidades: “Os que atacam a democracia devem ser lembrados de que as Universidades Públicas estão vivas, seguem pulsantes, comprometidas com o país. Não tolerarão o desrespeito para com a democracia e não silenciarão diante de ameaças. Também não deixarão de denunciar que os ataques terroristas são expressão do avanço de uma cultura fascista no nosso país, construída em pilares como a desqualificação da democracia como regime político e a recusa da igualdade como princípio civilizatório”.
E complementou: “As Universidades Públicas têm um papel fundamental a desempenhar nesse momento, de defesa da democracia e de produção de conhecimento sobre esse processo, para que a nossa sociedade possa enfrentá-lo de modo efetivo. A gravidade dos atos observados no último domingo também torna necessárias medidas duras de apuração e punição rigorosa de todos os envolvidos; não apenas dos que praticaram os atos, mas dos seus financiadores e promotores. Anistia jamais! Reafirmo, então, o compromisso da Universidade Federal do Pará com a democracia no País. O Brasil tem um novo Congresso eleito. O Brasil tem um sistema judiciário constituído em observância com o que prescreve a Constituição Federal. E o Brasil tem um novo presidente eleito democraticamente. O nome dele é Luiz Inácio Lula da Silva. E terá todo o apoio das Universidades Públicas brasileiras no enfrentamento dos golpistas. Viva a Universidade! Viva a democracia! Viva o Brasil!”.
Múltiplas vozes – Da gestão da UFPA, discursaram, além do reitor, o vice-reitor Gilmar Pereira da Silva; a professora Zélia Amador de Deus, coordenadora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social e liderança do Movimento Negro no Pará; Fernanda Ribeiro Monte Santo, Procuradora Geral na UFPA, membro da Advocacia Geral da União; o professor Marcos Diniz, presidente do Fórum dos Dirigentes das Unidades Acadêmicas de Belém; e a professora Valena Chaves, diretora do Instituto de Ciências Jurídicas.
Todos os pró-reitores marcaram presença: Marília Ferreira, pró-reitora de Ensino de Graduação; Iracilda Sampaio, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação; Nelson Souza, pró-reitor de Extensão; Edmar Costa, pró-reitor de Relações Internacionais; Raimundo Almeida, pró-reitor de Administração; Cristina Yoshino, pró-reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional; e Ícaro Pastana, pró-reitor de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal. Compareceram também a professora Eliana Felipe, diretora do Instituto de Ciências da Educação; o professor Eduardo Vieira, diretor do Instituto de Educação Matemática e Científica; a professora Aline Menezes, diretora-adjunta do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas; a professora Marianne Eliasquevici, diretora-adjunta do Núcleo de Inovação e Tecnologias Aplicadas a Ensino e Extensão; o professor Ronaldo Araujo, superintendente de Assistência Estudantil; o professor Doriedson Rodrigues, diretor do Centro de Processos Seletivos; Julieta Jatahy, diretora do Centro de Registros e Indicadores Acadêmicos; a professora Regina Feio Barroso, superintendente do Complexo Hospitalar da UFPA; o professor Márcio Nascimento, coordenador do Parfor na UFPA; Cristian Mayko, diretor do Arquivo Central da UFPA; a professora Jane Beltrão; entre outros dirigentes de unidades acadêmicas e administrativas.
Todos repudiaram os atos criminosos em Brasília como manifestações contrárias a um projeto de democracia que propõe a construção de uma sociedade justa e igualitária, sem discriminações e com dignidade para todas as pessoas. “Não podemos deixar que o terrorismo golpista avance. Vigilância à nossa democracia!”, conclamou a professora Zélia Amador de Deus.
Representando entidades de servidores(as) da UFPA, estiveram a professora Socorro Coelho, presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal (Sindproifes); a professora Edivânia Alves, presidenta da Associação dos Docentes da UFPA (Adufpa); o técnico-administrativo Marcos Soares, à frente do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Pará (Sindtifes); e a professora Josilene Mota, representante do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). As lideranças enfatizaram a importância do debate da democracia nas universidades e da identificação e punição rigorosa de servidores públicos que forem identificados como executores, mandantes ou financiadores dos atos terroristas.
Participação estudantil – No âmbito do corpo estudantil, discursaram os estudantes Tarsila Amora, Alan Nunes e Carla Carolina como representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE); representantes de associações de estudantes da UFPA: Ailton Borges (Associação de Discentes Quilombolas – ADQ), Camila Sastre (Associação dos Discentes com Deficiência – ADD) e Davi Xakanywa (Associação dos Povos Indígenas Estudantes na UFPA – APYEUFPA); além de representantes de coletivos estudantis: Ellana Silva (União da Juventude Socialista), Renatha Farias Silva (Coletivo de Mães da UFPA), Abel Bernal (Levante Popular da Juventude), Marcos Ferreira (Movimento Popular da Juventude), Artur Ferreira (Juntos), Marcos Jobson (Correnteza) e Tarso (União da Juventude Rebelião).
Participaram do ato ainda a estudante Layza Silva, presidente do Centro Acadêmico de Ciências Sociais Hecilda Veiga; Victor Rocha e André Victor, diretores do Centro Acadêmico de Letras – Língua Portuguesa da UFPA; Madson de Almeida, diretor de Movimentos Sociais da Atlética Muiraquitã; entre outras lideranças e membros de Centros Acadêmicos e organizações estudantis.
Nos pronunciamentos dos estudantes, sobressaiu a relação entre a defesa da democracia e a defesa do Ensino Superior Público, aliado a uma política de inclusão social e valorização da diversidade. Falaram também do orgulho de pertencerem à UFPA como instituição que tem se posicionado de maneira firme frente aos ataques às universidades públicas, lutando junto com os movimentos sociais.
Parlamentares e dirigentes políticos – Entre autoridades legislativas, compareceram a deputada federal Vivi Reis, a suplente do senador Beto Faro, Leni Campelo, as deputadas estaduais Lívia Duarte e Marinor Brito, e as vereadoras de Belém Enfermeira Nazaré e Gisele Freitas. Também participaram os presidentes do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Pará, Adolfo Neto, e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no Pará, Jorge Panzera; além de Jorge Lucas, Secretário da Juventude do PCdoB Pará. Para esses agentes públicos, é urgente a ampla apuração e a severa responsabilização dos envolvidos nos atos terroristas. “Sem anistia para quem financia e quem sonha com golpe e com a queda da democracia!”, sentenciou a deputada estadual Lívia Duarte. Também exaltaram a participação corajosa e altiva da UFPA frente às ameaças à democracia manifestas em vários episódios nos últimos anos.
Da Prefeitura de Belém, estiveram presentes o secretário de Cultura, Michel Pinho; o secretário de Habitação, Rodrigo Moraes; e o agente Distrital de Icoaraci, Gregório Neto, que pontuou: “Se depender da UFPA, não vai ter golpe”.
Movimentos e organizações sociais – Marcaram presença ainda Jane Cabral, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Robert Rodrigues, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Nilma Bentes, do Centro de Estudo e Defesa do Negro (Cedenpa); Inês Ribeiro, do Movimento República de Emaús; Ana Cleide Moreira, da Articulação das Mulheres Brasileiras; Celi Bahia, do Fórum de Educação Infantil do Pará; Andreiza Souza, do Movimento de Mulheres Olga Benari; Matheus Mendes, da Unidade Popular; entre outros membros de entidades e organizações sociais. Os representantes agradeceram a parceria da UFPA e o apoio em lutas históricas pela garantia de direitos fundamentais.
Conselhos Profissionais – Integraram ainda o ato Jureuda Guerra, Presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP-10), e Luiz Carlos Santana, Presidente do Conselho Regional de Biomedicina, que se manifestaram agradecendo o espaço aberto pelo ato na UFPA e reproduziram as notas de repúdio aos atos terroristas publicadas pelos respectivos conselhos. Jureuda Guerra também alertou para a importância de evitar a referência à loucura no discurso sobre o fascismo, sob o risco de possibilitar a desresponsabilização dos culpados: “Essas pessoas devem ser responsabilizadas. Fascismo é fascismo e precisa ser combatido”.
No encerramento, o reitor da UFPA agradeceu e parabenizou todas as pessoas que participaram do ato: “Cada uma das pessoas que está aqui representa ou é uma liderança para muitas outras pessoas. Precisamos lembrar sempre que nós somos muitos, somos corajosos, somos de luta e seremos resistência ao fascismo neste País”.