Diversidade de cultura e conhecimento são fatores primordiais para o desenvolvimento de ambientes mais enriquecedores, tolerantes, solidários e globalizados. Por este motivo, a Universidade Federal do Pará (UFPA) tem trabalhado intensamente na internacionalização da Instituição, que, a cada ano, recebe mais estudantes e pesquisadores de diferentes perspectivas e realidades. Assim, na última semana, a Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer) realizou uma cerimônia especial para acolher mais de 30 estudantes estrangeiros que chegam de países da África, da América Latina e da Ásia para desenvolverem atividades acadêmicas em cursos de graduação e pós-graduação da UFPA a partir deste primeiro semestre de 2024.
“Eu gostaria de saudar todos os estudantes que estão vindo para esta que é a maior Instituição de Ensino Superior da Pan-Amazônia. Ao longo de todo o ano de 2024, vamos receber cerca de uma centena de estudantes estrangeiros e, independente de já estarem ou não vinculados à UFPA, hoje vocês todos já são nossos estudantes”, iniciou o pró-reitor de Internacionalização da UFPA, professor Edmar Costa.
A Mobilidade Acadêmica Internacional na UFPA tem o objetivo de promover oportunidades de experiências acadêmicas internacionais para preparar os futuros profissionais que aqui são formados para atuarem em uma sociedade globalizada, multicultural e que respeita as diferenças. Para isso, tanto os estudantes locais quanto aqueles que chegam de países diversos são incentivados a aproveitar o que este encontro pode oferecer: o intercâmbio de culturas, ideias, conhecimentos e experiências.
““Nós valorizamos, na nossa Universidade, a presença de pessoas de nações e culturas diferentes por duas razões principais. A primeira é que vivemos em um mundo onde cresce a intolerância, e uma maneira de enfrentar isso é confrontando as pessoas com visões de mundo diferentes para que elas aprendam que há diferentes compreensões sobre o que deve ser a nossa sociedade e que há muitas contribuições científicas, artísticas e culturais para isso. E a segunda razão é que a presença de vocês pode nos ajudar a transformar a cultura da nossa universidade, contribuindo para que as pessoas que aqui estão aprendam sobre outras culturas, outras visões de mundo e outros modos de pensar e resolver os nossos conflitos e os nossos desafios”, ressaltou o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho.
Natural de Angola, Scoth Cambolo é um dos estudantes que chega à Instituição na expectativa dos frutos que a mobilidade acadêmica internacional pode vir a proporcionar para a sua vida acadêmica e profissional. “Espero que a UFPA seja um local de encontro de cultura e valores que vão produzir outros saberes em prol da inclusão e do desenvolvimento. Vim para a família UFPA para aprender e contribuir para que esta casa cresça, evolua e continue a ser um exemplo de acolhimento, de inclusão e de produção de saberes no Brasil e no mundo”, ressaltou o agora doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPA (PPGL/ILC).
A escolha do angolano pela UFPA ocorreu devido às pesquisas que têm sido desenvolvidas no âmbito do PPGL em prol da preservação de línguas indígenas e naturais da Amazônia. De acordo com o estudante, os conhecimentos que ele espera compartilhar aqui serão importantes para que, no seu retorno à África, ele possa aprimorar o trabalho em relação às línguas indígenas quase apagadas pela colonização do continente africano.
“O PPGL da UFPA tem feito um trabalho muito sério para a preservação e divulgação das línguas indígenas na Amazônia, então esta experiência vai impulsionar alguns dos meus saberes para que, no meu país, possamos trabalhar também com algumas línguas indígenas. Em Angola, nossa língua oficial é o Português, mas também temos várias outras línguas nacionais, nativas, que não têm os mesmos espaços de atuação como tem a língua oficial. Nesse sentido, será importante aprender aqui técnicas de pesquisa, como produzir alguns saberes e como lidar com essa diversidade linguística que temos”, detalhou Scoth Cambolo.
A recepção dos estudantes estrangeiros contou também com a presença do representante do Ministério Público Federal (MPF), o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Sadi Machado; e da representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) de Belém, Tamajara Janaína Luiz da Silva, que falaram sobre o papel das instituições de ensino na promoção da diversidade e do interculturalismo, na proteção de refugiados e migrantes e no fortalecimento das políticas públicas voltadas a esta população, além da presidente da Associação dos Estudantes Estrangeiros (AEE/UFPA), Sakanatou Chabi Yorouba, que falou sobre o espaço ocupado pela associação no Campus Guamá, disponível para receber todas(os), de forma a facilitar que esses estudantes possam se sentir em casa também na UFPA.
O evento teve interpretação consecutiva para a língua francesa da professora Isabel Cristina Lopes, do ILC/UFPA.
Acolhimento institucional – Presente na cerimônia de acolhimento, o superintendente de Assistência Estudantil da UFPA, Ronaldo Araújo, aproveitou a ocasião para apresentar algumas ferramentas que a Superintendência de Assistência Estudantil (Saest/UFPA) oferta para auxiliar na permanência dos estudantes na Universidade, entre as quais, também estão programas específicos para estudantes internacionais e migrantes.
“A vulnerabilidade é considerada por nós não apenas do ponto de vista econômico, mas também do social. Por isso a Saest oferece vários auxílios financeiros, serviços de saúde e apoio pedagógico que podem ser acessados por aqueles que se inscrevem no CadGest”, explicou o superintendente. Atualmente, o CadGest já está aberto para registro de todos que desejarem participar de algum Programa de Assistência Estudantil este ano e seguirá recebendo inscrições até o dia 27 de março de 2024.
Além dos Programas de Assistência Estudantil da Saest, uma ação institucional também voltada para auxiliar estudantes estrangeiros em suas experiências durante o período que estiverem na UFPA é o Programa de Extensão Português Língua Estrangeira (PEPLE), do Instituto de Letras e Comunicação (ILC/UFPA), coordenado pela professora Hellen Pompeu. O Peple foi criado com o intuito de atender a demandas linguístico-culturais, em Português Língua Estrangeira (PLE), incluindo a preparação dos estudantes para desenvolverem competências orais e escritas em português que são obrigatórias em exames como o Celpe-Bras, certificado brasileiro oficial de Proficiência em Português como língua estrangeira.
“O exame é um exame complexo e é necessário um esforço muito grande e dedicação. Nós compreendemos que não é fácil sair do seu país de origem, deixar sua língua e sua cultura de lado para poder adentrar em um país onde a língua pode causar um estranhamento. Por isso o nosso desejo é atender a todos que nos procuram porque nós entendemos que a língua é uma ferramenta primordial para que o aluno possa interagir na sala de aula, seja de graduação, seja de pós-graduação, e se inserir na sociedade com muito sucesso”, afirmou Hellen Pompeu.
Entre outros programas, há, ainda, o Amigo(a) Internacional e o Agente de Internacionalização, criados pela Prointer para sensibilizar e recrutar estudantes, docentes e técnicos para auxiliarem na recepção das(os) estudantes estrangeiras(os) em mobilidade. O objetivo é proporcionar melhor qualidade do tempo de adaptação da(o) estudante ao novo país, além de ser uma oportunidade de estudantes locais e estrangeiros realizarem um intercâmbio de culturas e a prática de competências linguísticas. Quem desejar saber mais detalhes sobre os programas pode acessar a página da Prointer.