Na última semana, a UFPA, por intermédio do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (INEAF), coordenou uma caravana agroecológica internacional. A atividade integrou o Projeto “Intercâmbios de Aprendizagens para a Conservação da Amazônia e Sistemas Participativos de Garantia”, com a participação de pesquisadores, camponeses e povos indígenas do Brasil, Peru e Equador. 

Durante a programação, 35 visitantes puderam vivenciar experiências de cooperativismo, economia solidária e produção agroecológica, em comunidades e associações com as quais os pesquisadores do INEAF mantêm relações consolidadas de pesquisa e ação pública.  A atividade incluiu visitas de campo nos municípios de Irituia, Santa Bárbara, São Domingos do Capim e Belém (Ilha do Combu).

“A UFPA é muito importante para a sociedade amazônica, porque somos uma universidade integrada e preocupada com os problemas da sociedade. Temos recebido o reconhecimento e a aprovação de inúmeros projetos que integram o conhecimento científico com os problemas contemporâneos de nossa sociedade. Durante esse período, os pesquisadores e lideranças comunitárias, camponesas e indígenas, vivenciaram experiências de sistemas agroflorestais e modos de produção de alimentos saudáveis numa relação sustentável com a floresta amazônica”, destacou o professor do INEAF Flávio Barros 

No Campus Guamá, a caravana foi recepcionada, no auditório do Centro de Internacionalização, pelo vice-reitor da UFPA, no exercício da Reitoria, Gilmar Pereira da Silva; pelo pró-reitor de Relações Internacionais, Edmar Costa; e pelo pró-reitor de Extensão, Nelson José Souza Jr.

Aos visitantes, Costa falou do valor da interação entre povos na região. “Procuramos incentivar essa troca de cultura e conhecimento. Temos, hoje, cerca de 150 acordos com outros países. Estamos muito felizes com a visita de vocês, nossos vizinhos, e desejamos estreitar ainda mais esses laços. É objetivo desta administração que as distâncias entre nossos irmãos mais próximos se tornem cada vez menor”, incentivou. Souza Jr. destacou a temática da soberania alimentar nas discussões dentro e fora da academia.

“Queremos a nossa universidade cada vez mais situada em todos os espaços e territórios da Amazônia, e um dos temas que nós elegemos como centrais é a chamada soberania alimentar ou segurança alimentar, por isso ter vocês aqui é muito valioso”, começou. “Ano passado, nós criamos um projeto chamado Multicampi segurança alimentar e, a partir dele, nós reuniremos todas as nossas ações para que possamos ter, juntamente com os governos, os movimentos sociais e as lideranças, programas que sejam consistentes e duradouros e que visem efetivamente ao aprimoramento da alimentação na nossa região”, afirmou. 

O vice-reitor, no exercício da Reitoria, saudou os visitantes com entusiasmo. Ele falou da alegria de receber a visita de vizinhos latino-americanos, explicou parte da organização político-administrativa da Instituição e destacou o caráter inclusivo da Universidade. “Somos uma universidade que tem se proposto a trabalhar a inclusão. Valorizamos a integração prático-teórica e não temos dúvida do quanto temos a ofertar em conhecimento aos nossos irmãos e do quanto temos a aprender nessa mesma relação”, disse Pereira, deixando aberto o convite de intercâmbio também para o ensino de graduação e pós-graduação entre os países. 

Brasil, Peru e Equador – A comitiva era composta por camponeses (as), agricultores(as) e povos indígenas pertencentes à Associação Nacional de Produtores Ecológicos do Peru, à Coordenadoria Equatoriana de Agroecologia, à Associação Terra Nueva e ao Centro Ecológico Ipê.

“Somos camponeses que mantêm valores e costumes, resgatando a riqueza da sociobiodiversidade. Pra gente, esta é uma atividade muito rica, pois nos possibilita discutir e aprender sobre uma temática que a todos nos interessa, que é o intercâmbio de aprendizagens para melhorar a qualidade de vida”, resumiu Antonio Galdos, da Associação Nacional de Produtores Ecológicos do Peru. 

Representando a comitiva equatoriana, Lorena Salcedo agradeceu a recepção e parabenizou a UFPA pelo trabalho científico, político e social desenvolvido na região. “Obrigada por nos receber e por ser uma universidade que une o acadêmico, que investiga com criticidade aquilo que se passa na atualidade, que responde às demandas sociais e que não deixa de defender sua posição política para a justiça social. É animador que nossos filhos e netos possam aqui também ensinar e aprender sobre a sociedade”, frisou sobre forte aplauso. 

Finalizando a atividade fechada, Carla Dornelles, da Organização Não Governamental sediada no Rio Grande do Sul, Centro Ecológico Ipê, falou do poder motivador da programação. “Nos aquece o coração chegar aqui e encontrar esse espaço de acolhimento e que soma com a luta pela soberania alimentar, pela agrofloresta e pela preservação da Amazônia, que a gente sabe que também reflete na preservação dos nossos ecossistemas e biomas lá no Sul. Voltamos para o nosso território mais dispostos e felizes por estarmos somando juntos”, avaliou. 

O Projeto “Intercâmbios de Aprendizagens para a Conservação da Amazônia e Sistemas Participativos de Garantia” conta com apoio financeiro da The David and Lucile Foundation Packard, e as ações são desenvolvidas nos 3 países. No Brasil, o projeto é coordenado pelo diretor-geral do INEAF, William Santos de Assis.

Dentro da programação do projeto, haverá ainda caravanas agroecológicas no Equador e no Peru. Também como atividade do projeto, o INEAF vai liderar um curso virtual de formação na área de Sistemas Participativos de Garantias e Agrobiodiversidade, voltado para agricultores familiares e pesquisadores dos países de nossa “Latinoamérica”. 

Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Alexandre de Moraes – Ascom/UFPA