UFPA reúne especialistas para debater redes de sociobiodiversidade e bioeconomia na Amazônia

A Universidade Federal do Pará (UFPA) realizou, na última terça-feira, 18, no auditório do Programa de Pós-Graduação do Itec – PPGITEC – UFPA, dois painéis dedicados à pesquisa colaborativa em sociobiodiversidade e às oportunidades de inovação em bioeconomia. 

O primeiro painel, “Pesquisa de Sociobiodiversidade em Rede”, contou com pesquisadores da UFPA e das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e do Mato Grosso (UFMT) para discutir o avanço e o papel estratégico das redes científicas na Amazônia. O destaque ficou para o fortalecimento da produção de conhecimento e da formação de especialistas, principalmente das comunidades tradicionais e dos povos originários. 

O professor Domingos Rodrigues (UFMT) apresentou o policy briefUnidades de Conservação na Amazônia Legal: vulnerabilidades e oportunidades de ação”, que apresenta um diagnóstico atualizado do sistema de áreas protegidas da região. Segundo o estudo, grande parte das Unidades de Conservação (UCs) sofre com gestão limitada, reduzido efetivo de pessoal e infraestrutura insuficiente para a fiscalização e a atração de pesquisadores. Um dos resultados centrais indica que mais da metade das UCs estaduais ainda não possui um plano de manejo plenamente implementado, o que compromete as ações estratégicas de governança voltadas à conservação. 

O documento também evidencia a expansão de atividades ilegais, como grilagem, garimpo e desmatamento, associadas ao narcotráfico, mesmo em áreas legalmente protegidas, especialmente em regiões próximas a estradas formais e informais e nos grandes rios que também são vias importantes de acesso. Além disso, o relatório aponta que pressões políticas recentes fragilizam a criação de novas UCs e afetam a continuidade das políticas públicas de combate ao desmatamento. 

Em seguida, Geraldo W. Fernandes (UFMG) apresentou uma síntese sobre sociobiodiversidade e mudanças climáticas, afirmando que “as UCs são importantes para a proteção da floresta e funcionam. Onde há mais proteção, há menos desmatamento. O desafio é garantir uma gestão eficaz, formação de pessoal qualificado e políticas de longo prazo”. 

Fortalecimento da ciência – Os pesquisadores da UFPA destacaram o potencial das pós-graduações e das redes para ampliar a formação e a interiorização da ciência. “As redes ampliam nossa capacidade de formar especialistas e integrar estudantes em projetos estruturantes para a Amazônia”, pontuou o professor Luciano Montag (Labeco-UFPA).

Thaísa Michelan (PPBIO-Amor/UFPA) reforçou que “a pós-graduação conecta ciência, políticas públicas e inovação, e as redes permitem que essa formação chegue aonde antes não chegava”. Já a pesquisadora Karina Dias (UFPA/Altamira) lembrou que “as redes são essenciais para quem está longe dos grandes centros, pois viabilizam acesso a dados, apoio técnico e oportunidades de capacitação”.

Para a professora Maria Ataíde Malcher (UFPA), “ciência que não chega às pessoas perde força e capacidade de transformação”, acentuou. Finalizando o painel, o professor Leandro Juen afirmou que, “para fazermos diferença na Amazônia, precisamos de todos: universidades, comunidades, setor privado e gestores públicos”.

A importância das parcerias na ciência – O segundo painel do evento discutiu inovação, bioeconomia e circularidade na indústria com a participação da equipe da Cervejaria Paraense (Cerpa), sob mediação de Hervé Rogez (UFPA), que destacou que “a bioeconomia só se consolida quando pesquisa, setor produtivo e território dialogam de forma permanente”.

A coordenadora de Meio Ambiente da empresa, Karina Pantoja, apresentou iniciativas de sustentabilidade e de apoio social. “Os programas buscam reduzir impactos, ampliar o uso eficiente de recursos e garantir transparência em toda a cadeia produtiva”, enfatizou.

O CEO da Cerpa, Jorge Kowalski, ressaltou que a empresa tem buscado processos produtivos alinhados à transição energética e ambiental, enfatizando a importância da parceria com a UFPA para os avanços tecnológicos e operacionais.

Publicação – Durante o evento, também foi apresentada a edição especial da Revista Diversus, que reúne experiências, resultados e impactos das redes do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio). A publicação apresenta, de forma integrada, os núcleos nacionais, incluindo o PPBio Amazônia Oriental (PPBio-AmOr), sediado na UFPA, que coordena inventários biológicos, monitoramento de longo prazo, formação de estudantes e ações de coprodução de conhecimento com comunidades locais em múltiplas regiões do Pará.

Segundo os pesquisadores, o PPBio-AmOr destaca-se pela atuação contínua em campo, pelo fortalecimento de laboratórios regionais e pela produção de dados essenciais para políticas públicas e estratégias de conservação na Amazônia. Além disso, tanto as redes de pesquisa quanto as parcerias com o setor produtivo têm ampliado a capacidade científica da região, enfrentando desafios históricos como logística, infraestrutura e financiamento.

Para acessar a Revista Diversus, clique aqui: Revista Diversus – Biodiversidade em pauta

Para acessar o policy brief, clique aqui: Desafios e soluções para Unidades de Conservação na Amazônia Legal

TEXTO: Ciência e Vozes da Amazônia

FOTOS: Ciência e Vozes da Amazônia

Relação com os ODS da ONU:

ODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

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