Além das diversas programações paralelas da COP 30, a Universidade Federal do Pará (UFPA) garantiu seu espaço nas áreas oficiais do evento (Blue e Green Zone). Um dos painéis, realizado no Pavilhão Brasil, na Green Zone, abordou a temática “Universidades Amazônicas e a Transição Climática Justa: ciência, saberes tradicionais e inovação para um futuro sustentável”, focando na pluralidade amazônica, na infraestrutura das universidades e na ação conjunta entre a pesquisa científica e o conhecimento ancestral.
Com o foco na Transição Justa, necessária para aliar neutralidade de carbono e proteção de populações vulneráveis, o debate reuniu representantes da UFPA, Ufopa, Unifesspa e Andifes para discutirem o papel estratégico das universidades amazônicas na geração de conhecimento e desenvolvimento de soluções para a região.

O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, aproveitou o tempo garantido a ele para destacar a importância da multicampia. Para ele, a descentralização dos campi é necessária para que a Universidade chegue às diversas comunidades, sobretudo da Amazônia, e garanta a inclusão regional. “Quando se dispõe a dialogar com os povos tradicionais e os saberes, é possível horizontalizar os saberes científicos e reconhecer o conhecimento dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas”, enfatizou.
A Carta de Belém, uma produção coletiva assinada pelas principais redes de pesquisa em sociobiodiversidade e clima da Amazônia com condução da Andifes, também esteve em pauta, sendo evidenciada pela vice-presidente da Andifes. Com o objetivo de apresentar propostas para a crise climática e para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, o documento estabelece encaminhamentos estratégicos para uma transição climática justa. A carta não apenas reconhece o protagonismo da região, mas também propõe o fortalecimento dos saberes tradicionais como chave para a solução dos problemas. Essa visão descentralizada foi reforçada pela vice-presidente da Andifes, Ana Beatriz de Oliveira (UFSCar): “Na Andifes nós entendemos que cada território conhece seus problemas e pode desenvolver soluções que dialoguem com saberes ancestrais”.

Reforçando o argumento da Carta de Belém e o protagonismo das Instituições de Ensino Superior no contexto amazônico, o reitor Gilmar Pereira da Silva destacou a responsabilidade da COP 30. Para ele, o encontro internacional deve ser um marco para revelar a complexidade social, cultural e científica da região: “Esta COP tem o papel de jogar luz sobre a Amazônia para que as pessoas nunca mais imaginem que ela é só florestas, porque aqui também existem pessoas, universidades, cientistas, quilombolas, indígenas e extrativistas”.
Outro tema presente na mesa foi a necessidade de acesso a recursos internacionais de financiamento. A vice-presidente da Andifes citou o Fundo Verde para o Clima, um mecanismo estabelecido para apoiar países em desenvolvimento em projetos de mitigação e adaptação climática.
“É imprescindível que as universidades também possam acessar esses recursos, pois as universidades são responsáveis pela produção de 90% da ciência brasileira, e elas precisam acessar esses recursos para a produção de uma tecnologia local que vai ajudar o país a superar os desafios”, argumentou Ana Beatriz de Oliveira.


