Há 70 anos, com a abertura de rodovias para o interior da Floresta Amazônica, o Brasil  deu início a uma das mais agressivas ocupações de fronteiras do planeta. Com isso, a  Amazônia passou a ter relevância econômica nacional e internacional. Porém esse  avanço trouxe também devastação ambiental, grilagem, violência no campo, invasão de  terras indígenas e reservas ecológicas – além de todo um processo de desfiguração das  culturas locais da região.  Com todas essas transformações ao longo das décadas, fez-se a reflexão: quais são as  utopias necessárias para garantir o futuro da floresta?  

Foi nesse contexto e com esse questionamento que nasceu Utopias Amazônicas  (Ateliê Editorial). Marcos Colón, idealizador e organizador da publicação, convidou 18  autores, pesquisadoras e pesquisadores, que apresentassem um diagnóstico crítico  sobre o modelo vigente de ocupação na Amazônia, para escreverem suas utopias, como  uma forma de pensar a região via seus agentes locais, cultura e tradição. Um dos  objetivos do livro é provocar nos leitores e na sociedade uma reavaliação.  

“É necessária uma orquestração semântica do conceito de utopia para que apareçam  novos modos (e não modelos) para pensar, habitar, conhecer e respeitar a região. Ainda  há floresta para abrigar nossos sonhos, quais são as utopias necessárias para mantê-la  de pé e crescente?”, diz Colón.  

Ninguém melhor que os representantes dos povos originários que habitam a região para  dissertarem sobre suas respectivas utopias para adiar o fim do mundo: Alberto Acosta,  Alberto Chirif, Aurelio Michiles, Bruno Malheiro, Carlos Nobre, Edna Castro, Fernando Michelotti, Flávia Marinho Lisbôa, João de Jesus Paes Loureiro, José Ángel Quintero Weir,  José R. Bessa Freire, Julia Arieira, Lúcio Flávio Pinto, Nathália Nascimento, Philip Martin  Fearnside, Raimunda Monteiro, Renan Freitas Pinto, Saint-Clair Cordeiro da Trindade Jr.  são os autores da publicação. Ivânia dos Santos Neves assina a quarta capa; e José R.  Bessa Freire, a orelha e apresentação dos autores. 

Organização – Professor, jornalista, poeta e documentarista, Marcos Colón leciona  Mídia e Comunidades Indígenas pela iniciativa Southwest Borderlands, na Escola de  Jornalismo e Comunicação de Massa Walter Cronkite, da Universidade Estadual do  Arizona. Especialista em estudos literários e culturais brasileiros, dedica-se às  representações da Amazônia e do meio ambiente na literatura e no cinema brasileiros  dos séculos XX e XXI.

Autor de The Amazon in Times of War (Latin America Bureau, 2024),  Colón é também fundador e editor-chefe da Amazônia Latitude, editora e revista digital  ambiental, além de ter produzido e dirigido dois documentários que exploram as  complexas relações da humanidade com o mundo natural: Beyond Fordlândia (2017) e  Pisar Suavemente na Terra (2022).  

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