Giuseppe Leone Righini foi um pintor nascido em Turim, na Itália, com ano do nascimento impreciso, porém estima-se que foi em meados de 1820, falecendo em Belém, capital do estado do Pará, no Brasil, em 1884. Em grande parte, o trabalho do pintor italiano se apropriou do óleo sobre tela, mas também teve produção com o aporte de outras técnicas como aquarela e litogravura. A obra de Righini é permeada pela tentativa de representar em detalhes a vista de cidades, majoritariamente em território amazônico, e foi um dos poucos a traçar um olhar panorâmico das construções dessas localidades. São elementos recorrentes e centrais nas obras dos espaços urbanos com construções que avançam pelas margens do rio no período oitocentista e o esboço das potencialidades das regiões que viviam um intenso fluxo comercial, político e artístico durante o Ciclo da Borracha – momento marcado por grande riqueza no território amazônico dada a extração e comercialização da borracha no século XIX. Esse “olhar panorâmico” de um conjunto de construções, e que aponta para uma reflexão acerca da documentação dos aspectos arquitetônicos, se estendeu a cidades como São Luís e Belém, mas, ao que se tem conhecimento, é desta última que o pintor produziu mais representações do patrimônio edificado. Desse modo, o presente trabalho teve por objetivo investigar e caracterizar tecnicamente a obra que retrata a cidade de Belém, a pintura a óleo sobre tela “Belém do Pará” (1868), que compõe o acervo do Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), evidenciando a produção pictórica das construções como elementos importantes para uma possível compreensão do centro histórico mais antigo da cidade. Como abordagem metodológica, utilizaram-se diferentes aparatos tecnológicos que auxiliassem na compreensão não apenas formal da tela, mas principalmente físico-química. Além disso, foram realizadas pesquisas em acervos e bases documentais que fornecessem o amparo necessário para se compreender a produção artística do período oitocentista e, mais precisamente, o trabalho de Righini, e uma discussão teórica acerca do trabalho iconográfico e da importância para a conservação do patrimônio edificado e seu caráter documental, enquanto testemunho e produção genuína, podendo ser atravessada pela criação artística, mas capaz de propiciar reflexões sobre um determinado contexto, neste caso, as representações das construções do período oitocentista. Palavras-chave: Giuseppe Righini; Pintura a Óleo Oitocentista; Conservação; Pinturas de Cavalete.