A presente dissertação se caracteriza como uma pesquisa descritiva que investigou a influência da colonialidade nas narrativas de memória associadas a três palacetes emblemáticos da cidade de Belém/PA: o palacete Facióla, o palacete Bolonha e o palacete Augusto Montenegro. O estudo se insere no campo das Ciências do Patrimônio Cultural e buscou analisar como as práticas de patrimonialização e musealização dessas edificações históricas perpetuam discursos que exaltam a herança europeia, em detrimento de outras narrativas. Os palacetes selecionados simbolizam os ideais de modernidade difundidos durante a chamada Belle Époque (1870 a 1912) e se tornaram espaços de memória que refletem os ideais de civilidade e poder da elite local no referido período. No entanto, a pesquisa revelou que as narrativas construídas em torno desses casarões tendem a reforçar uma “identidade oficial”, silenciando histórias e vozes marginalizadas. A dissertação utilizou-se da teoria decolonial para analisar criticamente como a colonialidade se manifestou nas práticas de salvaguarda do patrimônio cultural. Essa perspectiva permitiu questionar as narrativas hegemônicas que moldaram a percepção do patrimônio no Brasil, destacando a necessidade de incluir saberes e experiências locais nas interpretações históricas. Os resultados indicam que as ações de patrimonialização muitas vezes privilegiam aspectos estéticos em detrimento da complexidade histórica dos espaços, resultando em um apagamento de memórias significativas. A pesquisa concluiu que é essencial repensar as narrativas de memória associadas ao patrimônio cultural, para que estes promovam uma abordagem mais inclusiva que reconheça e valorize as múltiplas dimensões da história social e cultural da Amazônia paraense.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Decolonialidade; Palacetes, Belém do Pará.