Rouquidão e dor na garganta são sintomas muito comuns para os paraenses durante o período do inverno amazônico. Mas é preciso ficar atento, pois esses sintomas também estão associados a doenças mais graves, como o câncer de laringe, que em 2018 acometeu mais de 7 mil pessoas no País. Com o objetivo de alertar a população para a prevenção de doenças relacionadas com a voz, o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS) participa da 21ª edição da Campanha Nacional da Voz, fazendo a triagem de pacientes com queixas vocais, a fim de investigar os sintomas e encaminhá-los para tratamento. O atendimento é gratuito e ocorre no dia 17 de abril, das 8h às 11h30 e das 13h às 17h. Para participar, o paciente deve estar munido de RG, CPF, comprovante de residência e cartão do SUS.
Incidência – "O Brasil é o segundo país com maior incidência de câncer de laringe, e cerca de 56% dos pacientes acometidos pela doença apresentam como primeiro sintoma a disfonia (rouquidão)", explica Gisele Koury, médica da Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Bettina Ferro. Segundo ela, cerca de 90% dos casos diagnosticados precocemente são curados, mas a realidade é que os pacientes já chegam para atendimento em estágio avançado, por isso foi criado no Brasil o Dia Nacional da Voz, realizado no dia 16 de abril, com o objetivo de chamar atenção da população para a importância dos cuidados com a voz.
No dia 17, a equipe do HUBFS receberá os pacientes com queixas de problemas vocais e realizará uma triagem, composta por um questionário de avaliação e exames de laringoscopia para os que necessitarem de investigação médica. Após o resultado dos exames, os pacientes que demandarem atendimento serão orientados a buscar o tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o qual necessita de encaminhamento da atenção básica para a alta complexidade.
Sintomas – Para se saber quando se preocupar com a rouquidão, a médica explica: "Necessita atenção aquela rouquidão que durar pelo menos 15 dias sem melhora, principalmente quando associada à dor de garganta persistente, dificuldade para comer ou respirar, sensação de 'caroço' na garganta e pigarro". Outros fatores de risco são o fumo e o consumo de álcool. Ela também salienta que, além da prevenção do câncer, a campanha também tem como objetivo alertar os profissionais sobre a importância da avaliação da voz, pois, de todas as profissões, 70% delas necessitam que a pessoa faça uso prolongado da voz, e nos outros 30%, o uso da voz é imprescindível. Por isso é necessário dar mais atenção se a rouquidão for persistente.
A rouquidão prolongada levou a estudante Joanice Ferreira, de 23 anos, a procurar atendimento. "Há um bom tempo, eu estava percebendo que minha voz estava ficando rouca, algumas palavras já não saíam, então procurei o otorrinolaringologista", diz Joanice, que foi diagnosticada com disfonia crônica e agora precisa tomar uma série de cuidados para não prejudicar a qualidade da voz. Não falar muito ou em tom muito alto, não se expor muito ao sol, à chuva e à poeira são algumas das recomendações que a estudante precisa seguir à risca.
Referência estadual na área de Otorrinolaringologia, o Bettina Ferro é o único hospital público do Pará a realizar o exame de laringoscopia para diagnóstico de lesão na laringe pelo SUS. Desde 2005, a instituição hospitalar participa da Campanha Nacional da Voz, que é promovida, há 21 anos, pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) e pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
Texto: Paola Caracciolo – Ascom do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh
Foto: Reprodução|Google