A Universidade Federal do Pará (UFPA) acaba de celebrar importante parceria com a Universidade de Firenze, na Itália, voltada à análise de microplásticos e POPs, que hoje surge como uma das principais linhas de pesquisa no mundo, uma vez que são considerados a maior ameaça ao meio ambiente em todos os continentes. A colaboração coloca a UFPA na vanguarda da pesquisa nessa área, em toda a Amazônia, uma vez que a parceria já viabilizou a realização de análises químicas específicas para identificação de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) em peixes, nas águas e em sedimentos.
O professor doutor Tommaso Giarrizzo, em missão de trabalho pelo Programa de Apoio à Cooperação Interinstitucional (PACI), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP) e da Pró-Reitoria de Relações Internacionais (PROINTER), instituiu e consolidou cooperação de pesquisa entre o Departamento de Química da Universidade de Firenze e o Programa de Pós-Graduação de Biodiversidade e Conservação, do Campus de Altamira.
Nesta cooperação, de acordo com Tommaso Giarrizzo, vai ser possível ter acesso a análises que também determinam a composição polimérica desses microplásticos encontrados nos ecossistemas aquáticos da Amazônia. O professor informou que já foram analisadas, em menos de um mês de cooperação internacional, amostras de microplásticos encontradas em 14 espécies de peixes da costa Norte do Brasil. Os resultados fazem parte da dissertação de mestrado da aluna Tamyris Pegado e serão publicados na revista Marine Pollution Bulletin, uma das mais importantes revistas científicas na área.
A professora doutora Alessandra Cincinelli, da Universidade de Firenze, descreveu que a parceria já rende bons frutos para ambas as instituições, porque entende que a pesquisa na Itália precisa expandir e ganhar novas fronteiras de conhecimento e colaborar para entender o que está acontecendo no meio ambiente de uma região tão importante para o planeta como a Amazônia. Já Giarrizzo acredita que a união de esforços é positiva porque promove necessário intercâmbio entre alunos e pesquisadores das duas universidades.
Poluentes – Os POPs são compostos altamente estáveis que persistem no ambiente, resistindo à degradação química, fotolítica e biológica. Trata-se de uma grave ameaça ao meio ambiente porque têm a capacidade de bioacumular em organismos vivos, sendo tóxicos para a natureza e, consequentemente, para o homem. A maior preocupação é que, mesmo em pequenas quantidades, afetam a saúde humana e os ecossistemas, daí a importância do estudo.
A gravidade não para por aí. Os POPs produzem uma ampla gama de efeitos tóxicos, tanto em animais quanto em seres humanos. Há estudos indicando que provocam doenças nos sistemas reprodutivos, nervoso e imunológico, além de causarem câncer.
O microplástico, por sua vez, é uma pequena partícula de plástico que vem se tornando o principal poluente dos oceanos e altera a composição de certas partes dos oceanos, prejudicando o ecossistema da região e consequentemente a saúde humana.
O lixo doméstico descartado inadequadamente e os produtos feitos com plástico, como as redes de pesca, chegam à natureza e, em sua decomposição, se transformam nessas micropartículas. Produtos como garrafas PET, embalagens e brinquedos que não foram descartados corretamente passam por um processo de quebra mecânica realizada pela chuva, pelos ventos e pelas ondas do mar, que fazem com que se fragmentem e se tornem um dos principais poluidores de rios, canais, igarapés, mares e oceanos.
Texto: Micheline Ferreira
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