A saúde da mente e do corpo tem sido um dos ideais mais almejados por pessoas do mundo inteiro, as quais buscam satisfação e bem-estar ante uma rotina de vida corrida, com implicações de diversas ordens, tanto no campo pessoal quanto no das relações sociais. A temática ganha maior visibilidade com a Campanha do Setembro Amarelo, que busca trabalhar práticas de combate ao estigma do adoecimento mental.
Sob o lema “Se precisar, peça ajuda!”, a Campanha internacional Setembro Amarelo é referenciada na data de 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, sendo atualmente a maior campanha antiestigma do mundo. Trata-se de um esforço coletivo que chama a atenção da sociedade para a importância de se quebrar tabus, combater os preconceitos, reduzir estigmas e estimular que pessoas peçam e ofereçam ajuda.
A psicóloga Márcia Elena Botelho Soares, professora na Faculdade de Psicologia da UFPA (FAPSI/IFCH), explica que são vários os fatores que levam pessoas ao adoecimento psicológico, a quadros de ansiedade, à depressão, ao sofrimento cultural com racismo, a violências físicas e sexuais, entre outros.
“Infelizmente, nós estamos muito adoecidos, as pessoas trabalham muito e não têm tempo. Isso gera ansiedades, gera muitas questões, como as com os filhos, que também têm adoecimentos, por exemplo, ansiedade e depressão. Tem pessoas na universidade que adoecem porque são do interior e não têm contato aqui, só a aula. Então há muitas coisas que adoecem no estilo de vida atual”, pontua.
Em pesquisa realizada no ano de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atribuiu ao adoecimento mental a morte por suicídio de mais de um milhão de pessoas no mundo todo, incluindo os casos subnotificados. No Brasil, esse número supera os 14 mil ao ano. Segundo o organismo, 100% dos casos estão relacionados a doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente, casos que poderiam ter sido evitados se esses pacientes tivessem acesso a tratamento especializado e informações de qualidade. Portanto é importante que a pessoa em situação de adoecimento mental tente falar sobre os seus sentimentos para alguém que possa lhe oferecer uma escuta sensível.
“Infelizmente, a gente coloca o adoecimento como um tabu, mas, cada vez mais, a gente pode observar a importância da psicologia. É muito importante as pessoas falarem de si, desabafarem com alguém, mesmo que não seja psicólogo. Pode ser numa escuta sensível feita por psicólogo, grupos de escuta ou qualquer meio social com que a pessoa se identifique, mas é muito importante a gente falar ou ler a respeito do adoecimento, olhar de forma natural, humanizada”, orienta a psicóloga que desenvolve projetos na área da psicoterapia infantil e psicoterapia de grupo.
Situações críticas e procedimentos – Uma iniciativa recente da UFPA para ajudar a sua comunidade acadêmica nesse sentido foi o desenvolvimento da cartilha O que fazer em situações críticas de saúde mental e outros agravos na universidade, elaborada pela Coordenadoria de Integração Estudantil (CIE/Saest). A produção traz uma sistematização dos serviços prestados por diferentes unidades da UFPA e também por instituições externas.
A ideia, segundo a coordenadora de Integração Estudantil, professora Daniele Dorotéia, responsável pela produção da cartilha, é sensibilizar a comunidade acadêmica quanto ao cuidado coletivo tão necessário nos espaços formativos, dialogando sobre estratégias para o manejo diante de situações críticas em saúde mental e outros possíveis agravos que podem ocorrer no espaço universitário.
A cartilha oferece um protocolo de intervenção em casos de acidentes graves, violência racial, violência de gênero, entre outras situações. A coordenadora ressalta que o documento foi elaborado numa ação articulada por diversos profissionais das áreas de conhecimento não somente da Psicologia mas também da Pedagogia e do Serviço Social, o que “permite uma visão qualificada e ampliada sobre as possibilidades de melhor humanizarmos as relações institucionais diante da vulnerabilidade estudantil e do sofrimento humano”, observa.
Dentro da UFPA, no âmbito da Rede Institucional de Políticas de Permanência, um serviço ofertado é o Plantão Psicológico, que proporciona uma escuta terapêutica a estudantes da graduação e da pós-graduação que desejam ajuda profissional para lidar com os problemas pessoais e/ou acadêmicos. “Com um atendimento psicológico acolhedor, seguro e empático, oportunizamos um trabalho psicoterapêutico que possa ajudar os estudantes da UFPA a construírem processos e alternativas de crescimento perante os desafios, as dificuldades e as precariedades da sociedade contemporânea”, explica o coordenador José Alves Filho.O Plantão Psicológico funciona na Clínica-Escola de Psicologia da UFPA, ao lado do portão 2. Os dias e horários de funcionamento são pela manhã, segunda e quinta-feira (9h às 12h); e pela tarde, segunda, terça e quinta-feira (14h às 17h). Não é necessário inscrição prévia, basta se dirigir ao local de funcionamento para formação da fila de espera para o número de ofertas. Necessário levar o documento de identidade com foto e comprovante de vínculo (ativo) com a UFPA. O serviço atende apenas a estudantes da graduação e pós-graduação da UFPA-Belém. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail de contato plantaopsicologicoufpa@gmail.com ou pelo perfil no Instagram (@plantaopsiufpa).