No último dia 28 de outubro, os professores André Luiz Ferreira e Silva e Marcelo Bentes Diniz, do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará (PPGE-UFPA), ficaram em segundo lugar, na categoria melhor artigo, do Prêmio Werner Baer de Economia Regional. A dupla recebeu a premiação pelo Artigo “Effects of Industrial Agglomeration on the Evolution of Regional Labor Productivity (2010-2017)”, que aborda os impactos regionais da estagnação produtiva observada na indústria brasileira no período de 2010 a 2017. O prêmio é promovido pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia, em parceria com o Banco do Nordeste.
A premiação estimula a pesquisa no campo das Ciências Econômicas pura e aplicada, com base na observação da perspectiva regional. Essa é a segunda vez, nos últimos três anos, que os professores se classificam em segundo lugar na premiação. Esse tipo de reconhecimento proporciona o fortalecimento do PPGE, tanto em avaliações institucionais como em avaliações quadrienais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de contribuir para a publicação de outras pesquisas e oportunidades que os estudos vinculados ao tema criam, incluindo a elaboração de novas políticas públicas.
“Isso mostra não só um crescimento acadêmico em termos de qualidade e excelência, mas também um certo nível de maturidade na discussão de temas tão importantes para a economia e a sociedade para a qual a UFPA vem, há muito tempo, contribuindo. É importante observar que este estudo, dentre outros já elaborados e publicados por nós, com temas afins, assim como por outros professores do PPGE/UFPA, vem se consolidando como uma temática recorrente nas linhas de pesquisa do programa”, destaca os professores premiados, André Luiz Ferreira e Silva e Marcelo Bentes Diniz.
Impactos da estagnação produtiva – O artigo avaliou a dimensão dos impactos regionais derivados da estagnação produtiva que tem afetado a indústria brasileira nas últimas décadas. Para tanto, os autores propuseram uma taxonomia, em que a produtividade industrial do trabalho é decomposta em quatro padrões tecnológicos regionais: Indústria Tradicional; Indústria de Commodities Minerais; Indústria Química, de Energia e de Combustíveis e Indústria de Bens de Capital e Bens de Consumo Duráveis.
Segundo o estudo, a estagnação da indústria nacional se deve, em grande parte, ao fraco dinamismo dos setores intensivos em tecnologia, que não conseguiram exercer as transformações necessárias para manter a sustentação do crescimento a longo prazo. Entre os fatores que contribuíram com a problemática, está a baixa capacidade de difusão tecnológica de firmas especializadas na produção de bens de capital e bens duráveis, bem como a fraca inserção internacional no comércio intraindústria desse padrão.
Paralelamente a isso, “no padrão de commodities minerais, dois resultados chamaram atenção. O primeiro é que o desempenho das firmas exportadoras de produtos básicos e semielaborados, independe do dinamismo dos setores mais intensivos em tecnologia, vinculados a bens de capital e duráveis. O segundo, relacionado mais diretamente com o mercado de trabalho local, mostra que a produtividade é insensível a mudanças na qualificação do trabalhador”, explicam os professores André Luiz Ferreira e Silva e Marcelo Bentes Diniz.
Com isso, os resultados apontam para a necessidade de ajustes na política cambial, tributária e de comércio exterior, além do investimento no fortalecimento de políticas que proporcionam geração e acumulação de conhecimento tecnológico.
“Nessa direção, o fortalecimento dos Sistemas Regionais de Inovação (SRI) seria uma saída factível e sustentável a longo prazo. É inegável que as instituições de pesquisa no Brasil têm avançado em diferentes áreas do conhecimento, inclusive o tecnológico. No entanto o intercâmbio tecnológico com o setor produtivo ainda é algo difuso. Uma política coordenada entre as instituições de pesquisa, setor produtivo e bancos de fomento seria um passo inicial importante para alavancar a produtividade industrial no Brasil”, sugerem os professores.
Texto: Leandra Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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