A Universidade Federal do Pará (UFPA) ganhou, na quinta-feira, 8 de setembro, mais um elemento amazônico para compor o cenário de seu campus em Belém. Em ato simbólico, o reitor Emmanuel Tourinho, gestores da instituição e membros do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais sem Terra (MST) realizaram o plantio de uma samaumeira no Setor Básico do campus do Guamá. A muda da samaumeira havia sido doada pelo MST à UFPA no ato de encerramento do X Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), em julho de 2022. A samaumeira é tipicamente amazônica e conhecida como a “árvore da vida” ou “escada do céu”, em razão do tamanho que alcança, vivendo por séculos e podendo crescer entre 60 e 70 metros de altura.
O lugar escolhido para o plantio foi o gramado localizado próximo ao prédio da Reitoria, no Campus Básico da UFPA, em Belém – bairro Guamá. Além da equipe de gestão superior, participaram do ato representantes do MST, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – Ideflor-Bio/Pará e do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável do Pará – Emater/Pará.
Jalva Braga, representando a SDDH e o Ideflor-Bio, foi quem inicialmente plantou a semente da espécie agora doada à Universidade. A muda, atualmente, possui pouco mais de dois metros. A expectativa é de poder vê-la crescer ao longo dos anos, uma vez que se trata de uma árvore milenar. “Nossos descendentes é que vão ver e conviver, dentro da Universidade, com essa árvore que é símbolo da Amazônia. Espero que ela possa frutificar, como a Universidade faz na vida de tanta gente por meio do conhecimento, da amizade e da construção política”, afirmou a militante.
A dirigente nacional do MST no Pará, Jane Cabral, ressaltou o quão simbólico é o plantio dessa muda enquanto acontece, em simultâneo, tanta destruição na Amazônia. “Nesse sentido, plantar essa árvore, por si só, já é um ato revolucionário”, pontuou. Para Jane, a árvore da vida plantada na UFPA com a participação do MST também poderá remeter “ao povo trabalhador, que é quem torna a Universidade uma realidade e que, em virtude das políticas sociais, está cada vez mais próxima dos movimentos. Que ela [a árvore] cresça como esse símbolo importante e imenso, com toda a força da nossa ancestralidade”.
Grandiosidade – Para os povos indígenas, a samaumeira é considerada “a mãe” de todas as árvores. Pertence à família das bombacáceas (Ceiba pentandra Gaertn). Pode ser chamada Samaúma ou ainda Sumaúma (Ceiba pentranda). Quando adulta, seu tronco torna-se muito volumoso, podendo alcançar até três metros de diâmetro. Alguns exemplares chegam a atingir os 90 metros de altura, sendo, por isso, uma das maiores árvores da flora mundial.
O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, disse que o presente do MST à UFPA no encerramento do Fospa foi motivo de honra e alegria, uma vez que simboliza a confiança na Universidade como instituição comprometida com o futuro da Amazônia e dos povos da Amazônia. “Agradeço a doação na certeza de que este é um registro para as próximas gerações, uma referência para o trabalho vindouro em favor da população amazônida. Os movimentos sociais e os povos da Amazônia podem contar com a UFPA na sua luta por direitos e pela preservação das nossas florestas. Nosso dever é trabalhar sempre sintonizados com os povos da região e com os anseios da sociedade”.
Floresta em pé – Também elogiaram a iniciativa do plantio a coordenadora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social, ADIS, Zélia Amador de Deus, a professora da Faculdade de Geografia da UFPA, Alcidema Magalhães, e membros do Comitê Dorothy Stang e do Nuara – Núcleo Universitário de Apoio à Reforma Agrária, sediado no Campus UFPA em Abaetetuba. O plantio foi concluído com o brado “Amazônia, povo vivo, floresta em pé”.
Texto: Jéssica Souza – Ascom UFPA
Fotos: Alexandre Moraes