A Universidade Federal do Pará, por meio da Pró-Reitoria de Extensão, lançou o terceiro edital do Programa de Extensão Inclusiva Avançada – Proexia Emaús 2022. O Programa é fruto do Acordo de Cooperação celebrado entre a Universidade e o Movimento República de Emaús. A divulgação do edital ocorreu em evento presencial que contou com a presença das crianças e adolescentes atendidos pelo Emaús, que lotaram o Auditório Setorial Básico, no Campus Guamá, nesta quarta-feira, 17 de agosto.
Compuseram a mesa de lançamento, o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho; o vice-reitor Gilmar Pereira da Silva; o pró-reitor de Extensão, Nelson Souza Jr.; a professora da UFPA, Georgina Negrão Cordeiro, também coordenadora do Movimento República de Emaús; e a jovem aprendiz do Movimento, Geane Gonçalves.
Sobre o edital – O edital vai contemplar com recursos de custeio e bolsas dez programas de extensão desenvolvidos em parceria com o Emaús nas áreas de Educação, Cultura e Comunicação, Direitos Humanos e Justiça, Saúde Coletiva, Meio Ambiente, Tecnologia e Produção. Por meio do Proexia, serão concedidas 20 bolsas no valor de R$ 400,00, que deverão ser alocadas para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica (ação afirmativa), pelo período de 24 meses, sendo a vigência de novembro de 2022 a outubro de 2024.
No total, será concedido aos Programas selecionados o valor de R$ 392.000,00, sendo R$ 200.000,00 para custeio e R$ 192.000,00 em bolsas. Cada Programa classificado fará jus à importância de R$ 20.000,00 de custeio para a realização das ações de extensão previstas a serem executadas no período de 24 meses, de novembro de 2022 a outubro de 2024.
A inscrição dos Programas ocorrerá por meio de preenchimento de formulário eletrônico e anexação de documentos via o Sistema de Gerenciamento das Ações Extensionistas (SISAE) no período de 19 de agosto a 19 de setembro de 2022. O edital na íntegra está disponível aqui.
Referência – A apresentação do edital foi feita pelo pró-reitor Nelson de Souza Jr., durante o evento de lançamento. Segundo o pró-reitor, a UFPA já é uma referência multicampi de ação extensionista na Amazônia, de modo que o próprio edital Proexia já demonstra o quanto a instituição se interessa e se preocupa com as questões sociais. “A Universidade não pode ser apenas produtora de Ciência e sim, também, formadora de profissionais e de cidadãos, que nos permitam avançar social e coletivamente com serviços voltados para a comunidade, por meio de conhecimento atravessado por sentimentos, a exemplo de solidariedade, compaixão, amor, esperança e cooperação”, disse. Por isso, a ideia dessa ação conjunta com o Emaús, uma das principais entidades de ação social no Pará, com mais de 50 anos de existência.
A jovem aprendiz do Emaús, Geane Gonçalves, emocionou a todos com palavras sobre sua vivência no Movimento, onde iniciou com aulas de violão e acabou aprendendo muito mais do que tocar um instrumento, vivendo lições que lhe mostraram seu lugar no mundo como pessoa de direitos. “A maioria das crianças e adolescentes que chegam ao Emaús vêm de contextos desconstruídos e saem cidadãs. O Movimento é de grande importância e seu fortalecimento é de extrema necessidade para dar continuidade ao lindo legado deixado pelo padre Bruno Sechi”, observou.
O Movimento República de Emaús foi criado na década de 1970 pelo saudoso padre Bruno Sechi, atuante na Arquidiocese de Belém, já falecido, mas sempre lembrado pelo seu empenho em ações de solidariedade e defesa dos direitos de crianças e adolescente. A entidade tem como missão “lutar pela defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente em situação de risco pessoal e social e de exclusão social na região Amazônica”.
A professora Georgina Cordeiro que agora atua na coordenação do Emaús, também disse que iniciou seu trabalho por meio dos atendimentos oferecidos pelo Movimento, que, à época, mantinha um cursinho pré-vestibular comunitário, o qual lhe oportunizou ser a primeira jovem de uma família com poucos recursos a ingressar no ensino superior. “Hoje, estou aqui com muita emoção em pensar na história do Movimento e relacioná-la à da Universidade, que trabalha a extensão no sentido de levar conhecimento até a comunidade, na certeza de que é o público jovem que pode mudar a realidade em que vivemos”, contou.
O reitor Emmanuel Tourinho recuperou o início da cooperação da UFPA com o Movimento República de Emaús e sua importância para fazer avançar a atividade extensionista na UFPA, culminando com a formatação do atual Proexia. “Essa ação é também uma homenagem ao padre Bruno Sechi, que dedicou a sua vida a ações de transformação social”, destacou.
Segundo o reitor, o edital também vai ao encontro do ideal de Universidade com excelência científica, mas que também faz diferença para a população na busca por uma sociedade melhor e com mais oportunidades. “Por isso, trabalhamos a extensão como um projeto inovador, que ouve as pessoas e que proporciona um aprendizado de mão dupla, já que também aprendemos na interação com a comunidade atendida pelo Emaús”.
Os gestores reafirmaram o compromisso de mais dois anos de parceria com o Movimento, tempo de vigência do edital Proexia, e, nas palavras do vice-reitor Gilmar Silva, com o desenvolvimento de uma extensão que “extrapola os ganhos acadêmicos e encontra a realidade de cada um e cada uma na simples busca pela felicidade, a qual inclui o acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à qualidade de vida digna”.
Programação cultural – O evento teve prosseguimento com apresentações culturais dos grupos de atendimento a crianças e adolescentes do Movimento República de Emaús. O jovem Noé Nicássio foi o apresentador das equipes, dentre as quais os alunos do professor de esportes Wagner Roberto, que expuseram placas de apelo social; o Grupo de Teatro Emaús em Cena, que apresentou a performance “Educação, disso não abro mão”, sob coordenação dos professores da UFPA atuantes no Movimento, Inês Ribeiro e Antônio Rosário, por meio do projeto de extensão “Memória Cultural da Infância na Amazônia”; os alunos do grupo de música e canto, acompanhados pelo professor de violão Wendell Raiol; e o grupo de percussão, do professor Alex João. Após o evento, os(as) meninos(as) acolhidos(as) pelo Movimento almoçaram no Restaurante Universitário da UFPA, fizeram um tour no Campus e visitaram o Centro Interativo de Ciência e Tecnologia da Amazônia (CICTA).
Texto: Jéssica Souza – Ascom UFPA
Fotos: Alexandre Moraes – Ascom UFPA